Identidade
Em situações limite, voto no resultado; volta, ‘special one’; australopitecos
Diz-me como treinas, dir-te-ei como jogas, eis máxima repetida em todos os cursos de treinadores - se o treino é a preparação para o jogo, logo só faz sentido aplicar em competição aquilo que se idealizou em semanas a fio de trabalho. É aquilo a que os técnicos chamam de… identidade. O ideal, pois claro, é ter sucesso com essa bandeira erguida, mas nem sempre os astros se alinham para exibir a jusante aquilo que se trabalhou a montante. É então que surge o dilema: caminhar para o precipício sem mudar de identidade ou tentar evitar a queda no abismo com outra identidade adaptada a dia menos feliz? Não sei se por vaidade ou convicção cega dos treinadores, atualmente a primeira opção parece prevalecer sobre a segunda quando os desafios não correm de feição. Na Luz, num exemplo recente dessa cegueira, Carlos Carvalhal assumiu que o SC Braga não estava em boas condições físicas e nem assim deixou de pressionar alto para júbilo de Jorge Jesus que lançou Darwin e Rafa para explorarem as costas da defesa - o avolumar do marcador era a certeza de que o plano não estava a resultar… «Se jogássemos mais juntos, se calhar perderíamos 2-0 e não estaríamos a corresponder à nossa identidade», desabafou, com 6-1 no placard, o técnico bracarense. Lá está: o que é mais importante numa situação limite? Identidade ou resultado? Voto no resultado.
Custa ver um técnico genial como José Mourinho demasiado preocupado em ganhar discussões a jornalistas - rádio italiana boicotou mesmo as conferências de imprensa da Roma - enquanto os romanos tardam em vingar no campo. Para quando o regresso do verdadeiro special one?
Adeptos do Santos insultaram Bruninho nas redes sociais porque esta criança de nove anos pediu a camisola de Jaílson, guardião do rival Palmeiras. A morada dos energúmenos é algures no bairro das cavernas, onde o tempo parou na era dos australopitecos.