Historiando

OPINIÃO09.07.201901:03

Não sei se alguma vez pensou nisto, mas tem ideia de como surgiram os árbitros no futebol? Para chegarmos a essa resposta, recuemos aos primórdios do jogo.


Apesar dos ingleses serem os donos da  implementação do futebol moderno, há muito que se ouvem histórias sobre a prática de um jogo parecido com o que hoje conhecemos como desporto-rei.

Há relatos fidedignos que nos remetem para os séculos III e II AC. Diz-se que, em plena Dinastia Han (Antiga China), já se disputava uma brincadeira denominada Cuju, cujo objetivo era usar os pés para introduzir uma bola numa espécie de rede.

Já em plena Idade Média e depois de outras experiências semelhantes aqui e ali, a cidade inglesa de Ashbourne (no Derbyshire) viu nascer uma tradição que se mantém até hoje: pela altura do Carnaval, a população - dividida pelas rivalidade das margens do rio Henmore - fazia um desafio (muito físico) que consistia em levar um objeto arredondado até a extremidade oposta. Ganhava quem o fizesse primeiro. Diz-se que nasceu daí a expressão derby.

De então para cá, o jogo evoluiu (jogava-se com mãos e pés), mas a separação do râguebi só viria a desenhar-se em 1848, quando o Código de Cambridge (que depois deu lugar ao de Sheffield) proibiu o uso das mãos nesta atividade desportiva.


A figura do árbitro apareceu mais tarde, quando se percebeu que as decisões consensuais dos capitães de equipa não eram assim tão consensuais. Logo aí, o árbitro surgiu como aquilo que ainda hoje é: um desmancha-prazeres. Aquele que retira ao jogo o prazer puro, a liberdade total, a entrega sem limites.  


Os primeiros juízes viam o jogo de um palanque e só intervinham quando a equipa subia na sua direção (irada) para contestar um lance. Não raras vezes, a coisa ficava feia e o palanque vinha abaixo.


Rapidamente se percebeu que só um jogador podia ser o reclamante (deram-lhe um boné - cap em inglês - para o distinguir dos outros) e aí nasceu a expressão capitão. E percebeu-se também que o árbitro via melhor se estivesse dentro do terreno de jogo. Perto deles.


Com o passar do tempo, apareceu o apito: o jogo tinha cada vez mais adeptos e os gritos do árbitro eram mais e mais inaudíveis; os bandeirinhas surgiram para ajudar o árbitro a tomar decisões; e os cartões - baseados na cor dos semáforos (verdade) - apareceram depois de um célebre Inglaterra-Argentina (Mundial de 1966), em que um jogador sul-americano recusou-se a acatar uma ordem de expulsão, alegando não entender o que lhe tinha dito Rudolph Kreitlin, juiz alemão. Foi uma bronca tão grande que serviu de lição.


Hoje, tudo mudou radicalmente mas a essência mantém-se: há sempre um malandro disposto a arruinar a essência do jogo. Que chatice, estes árbitros...

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