Haja tempo no Dragão
Foto: IMAGO

Haja tempo no Dragão

OPINIÃO24.09.202317:30

«Lá, onde a coruja dorme», a opinião de Luís Mateus

Mais uma jogada, mais um livre, mais um remate. É assim que no FC Porto se encara o resultado adverso. Um dia será insuficiente, sobretudo porque não há forma de não comprometer a defesa se existir maior compromisso em números no ataque e, como tal, repetiremos enquanto válido o raciocínio de que perante adversários que capitalizem melhor oportunidades concedidas, o risco será enorme. 

No entanto, enquanto a exigência não dispara, surgem ramificações da lógica: ao resolverem no limite jogo após jogo, os dragões reforçam a crença interna de que é sempre possível recuperar e, ao mesmo tempo, ao não perderem pontos numa fase de maior desacerto dão tempo a Sérgio Conceição para colar todas as peças sem o espectro de uma crise, sob o qual é mais difícil trabalhar. No Dragão, ninguém acredita na Lei de Murphy e é precisamente a identidade never say die que mantém a equipa no topo. Dizê-lo não é, contudo, entender que daí cairá até ao fim do campeonato, bem pelo contrário. 

Neste FC Porto que mais uma vez se reinventa, com o técnico a mostrar que tem todas as fragilidades e não só as decorrentes das saídas importantes (de 4-4-2 para 3-5-2 e agora para 4-2-3-1) identificadas, destaque-se o impacto de Iván Jaime, a devolver parte da criatividade perdida com Otávio, embora a posição no papel esteja mais entregue a Franco. O espanhol, através da ligação com um Taremi também muito inteligente na leitura dos espaços, obriga que o técnico esqueça as etapas que coloca na adaptação da maior parte dos reforços em nome de maior fluidez ofensiva.

Se no que diz respeito à equipa, Conceição parece já estar a pensar em tudo, o técnico fez questão de abrir nova frente interna de batalha, agora com o departamento médico, por Pepe. No Dragão, andarão todos à mesma velocidade?