Há cabala contra o FC Porto?
Sinais da luta pelo título e pelo apuramento para a Champions, e ainda «procissão vai no adro»...
AS rivalidades entre os clubes foram sempre naturais e até se exigiam durante os jogos. Mas a excelente relação dos presidentes dos clubes que antes dos jogos almoçavam, preservando boas relações (Fernando Martins/Benfica, Pinto da Costa/FC Porto, João Rocha/Sporting, Fernando Pedrosa/Setúbal, Valentim Loureiro/Boavista, Pimenta Machado/Guimarães, Mesquita Machado/Braga e outros), permitiam diálogos e decisões para melhorar o futebol.
No passado, quando os clubes nacionais faziam digressões pelo estrangeiro ou pelos antigos territórios ultramarinos, pediam aos rivais para cederem as maiores estrelas para integrarem a comitiva e todos jogavam com a camisola do clube que convidou: desportivismo. Os tempos mudaram muito e não para melhor.
Surgiram personagens ambiciosas, sem grandes escrúpulos, sem dimensão e incendiários de polémicas e outras habilidades que deixavam no ar uma atmosfera de eventual esperteza saloia. O futebol tornou-se um entreposto de milhões, de guerras que já causaram vítimas, de multidões desorientadas, de lideranças sem conteúdo, mas apenas de promessas. Empresários e contratações milionárias tornaram-se o centro de um mundo mais reduzido e a corrupção palavra muito usada nas notícias.
Não sei quem controla o jogo, mas acredito que não seja a bola, os jogadores, treinadores e até dirigentes, porque se deixaram cativar por eventuais lóbis que garantem o espetáculo, embora hipotecando futuros.
Por esse facto, as relações entre clubes degradam-se, a luta pela sobrevivência económica adia liberdades de decisão e, por fim, todo o edifício do futebol entrou num beco sem saída, sem união, transparência e vontade. Será que ainda há espaço para diálogos com futuro? Não é provável!
A FPF não dá sinais de capacidade em resolver o grande dilema que o futebol vive a todos os níveis e divisões. Com antigos jogadores prestigiados, com dignidade e valores e com formação, provavelmente o futebol poderia recuperar rumos garantidos, sem permitir a invasão destrutiva do que custou tanto a iniciar.
Chegamos ao momento atual.
A luta pelo título e pelo apuramento para a Champions, ainda a procissão vai no adro, dá sinais de que os exércitos do centralismo já estão em marcha acelerada. Nas redes sociais, na comunicação social, basta estar atento aos sinais e descobrir as lutas pelo poder.
Silêncios, quando o líder federativo deveria aparecer com dimensão oportuna e protestos quando os resultados não satisfazem a capital.
À pergunta inicial do texto, poderemos elencar alguns exemplos:
- a permissividade de entradas muito duras, com riscos de lesão grave, permitida pelos árbitros;
- a amostragem de cartões (amarelos e vermelhos) com coincidências fantásticas;
- a dualidade de critérios no mesmo jogo;
- a nomeação de árbitros que deveriam ser protegidos após jornada mais infeliz;
- a expulsão de Corona em Braga (duplo amarelo, sendo o primeiro um erro enorme, logo deveria ser despenalizado);
- a não proteção dos jogadores mais talentosos, sem mostrar cartões;
- jogadores castigados, antes do jogo com adversário direto;
- no último jogo no Dragão, dois jogadores do SLB distribuíram entradas violentas, sem terem punição;
- os lances no Jamor, com Nanu, felizmente a recuperar mas que poderia ter sido trágico, assim como a não amostragem do segundo amarelo a dois jogadores do B SAD, com entradas muito violentas;
- equipas que defrontaram os clubes da capital e cujos jogadores sofreram cartões injustos, e expulsões curiosas antes desses jogos (como a do jogador do Boavista):
- o caso Palhinha ( há poucos anos atrás, o caso Samaris, ou as sucessivas penalizações suspensas de jogos sem adeptos, quando isso era normal);
- as faltas graves não assinaladas;
- O VAR «com dores de crescimento» e a colocação por ação humana das linhas de fora-de-jogo, que não são precisas;
- a pressão sobre o banco de algumas equipas e a total liberdade para outros.
Não vamos recordar passados que fizeram história pela negativa profunda (Calabote e Paixão, entre outros) mas não seria tempo de parar estas situações?
Errar é humano, mas falhar como todos podem ver, é desumano!
Fica o apelo à «proteção de jogadores mais talentosos», como Corona
Meteorito sem destino
TODOS se queixam do mesmo, as falhas decisivas das arbitragens. Pode haver factos a comprovar, mas não justificam tudo. Porém, numa análise mais profunda e sistemática, poderá confirmar-se que erros da arbitragem decidem títulos e descidas de divisão. Há falhas naturais e há falhas cirúrgicas, inclusivamente com apoios tecnológicos que deveriam impedir o erro; a interpretação e a mão humana podem desvirtuar o que a tecnologia revela.
O futebol é talvez a área mais sujeita e permeável a pressões diárias. E que pressões! Da comunicação social escrita, televisiva e ação dos influenciadores nas redes sociais, nasce uma hidra perigosa de muitas cabeças. Combate-se a tolerância, a discordância, cerram-se fileiras de multidões com ódio, sem saber para onde vão.
No futebol (mais do que na política, que também acabou por se tornar forte companhia) a transparência está interdita. Os jogos e negócios à sua volta mereciam maior acompanhamento jurídico e de investigação. Estamos na UE mas mantemos comportamentos terceiro-mundistas e que perseguem as liberdades. Nem a liberdade de opinião tem segurança garantida.
Quem tem o poder (quem comanda as instituições mais importantes do futebol) não revela capacidade para manter segurança. Por que razão? A arte e os artistas passam dificuldade de sobrevivência (como muitos outros setores, por causa da pandemia) porém, o tratamento dado aos agentes económicos fica muito aquém da aparente subserviência perante agentes desportivos: incompreensível ou dependências?
O mundo do futebol não pode ser de outra galáxia, mas com as mesmas regras que se exigem ao país e aos cidadãos. Há ligações que são comentadas na imprensa como suspeitas de corrupção e fugas de capitais, entre muitas outras ilicitudes. O futebol português perde credibilidade porquanto o poder dá imagem de fraqueza e identidade com uns, e dureza e indiferença para com os outros.
Nunca se ouviu um dirigente reconhecer que o seu clube foi beneficiado por um erro de arbitragem. Estaria condenado a sofrer consequências jogo a jogo? Por outro lado, num campeonato, apesar das diferenças económicas (ainda que com buracos financeiros de milhões), todos merecem a mesma atenção e igualdade de tratamento. Caso contrário, seria fraude.
Reformar regras coerentes e salvaguardar princípios que são o suporte do desporto, evitavam a confusão entre governantes, juízes e dirigentes desportivos. O futebol carece de saúde e de planos para combater as sequelas de uma infeção que dura há muitas décadas.
Crença no título
NAS dificuldades ganham-se forças para atingir o auge. Já foi assim com Sérgio Conceição no passado recente e, portanto, tudo pode acontecer. Depois do empate em Braga, ao soar o gong final, o mais importante foi reforçar confiança e crença na vitória até ao último momento possível.
Em vez de protegerem a genialidade de Corona, foi alvo de decisão infeliz e incorreta. O sintoma da presunção de autoridade é sinal de envelhecimento e consciência de atingir limite para sair. Os campeões são os que lutam até ao fim. Ter estado a vencer em Braga até ao minuto 87 e num ápice empatar, só pode servir de exemplo para potenciar concentração. Há o título, a Taça e os lugares para a Champions.
O FC Porto exemplo de compromisso tem de voltar com mais força, mais luta, porque além dos efeitos da pandemia, do calendário sem descanso, dos erros contra o clube, há a mística que é única. E essa nunca se altera, somente se reforça.
Remate final
Que o bom senso triunfe e o futebol seja bem tratado com verdade e transparência.