Governança competente
No futebol, o tempo das loucuras nos gastos tem de acabar - assim como as elevadas comissões…
NO final de cada época, os dirigentes dos clubes devem procurar entender e integrar-se numa economia em constante evolução. O tempo do líder que decide tudo, num período curto, já não permite resultados positivos. A gestão mudou (a pandemia é um aviso importante a ter em conta a vários níveis) e a liderança tem de ser cada vez mais específica.
Para isso é preciso manter uma base de dados importante, atualizada, para o modelo e o treinador escolhido. O mister não pode ser fruto de inclinações, amizades, iluminações momentâneas, mas antes em função de um perfil que se ajuste ao clube no presente, aos seus valores e missão no futuro. O conceito de estabilidade tem sido apenas palavra oca. No futebol, o tempo das loucuras nos gastos tem de acabar (assim como as elevadas comissões…) e mesmo os clubes financeiramente poderosos vão ter de estabelecer limites, pois mais tarde ou mais cedo poderão surgir casos de falência. A organização das SAD tem de avançar para patamares de maior partilha de responsabilidades e definição de investimentos seguros. Os clubes têm de criar clima de segurança e atração, conseguindo parcerias para engrandecer património e oferecer mais opções: prática desportiva generalizada, formação de jovens nas diversas modalidades e outras iniciativas. Assim se criam universos com mística. Por isso será útil começar pela criação de um gabinete de direção desportiva que garanta a eficácia das melhores opções. A seleção do treinador tem de cumprir critérios específicos e muito exigentes. A escolha do plantel tem de assentar em bases que permitam impedir fragilidades. A reflexão deve ser uma prioridade da comunicação para o exterior: confronto com adversários ou valorização exclusiva dos resultados e projetos de futuro? Entrar no jogo do conflito é dar importância a quem a não tem. Importa promover uma cultura centrada na procura da vitória e nos títulos, sem perder tempo com adversários rancorosos. Os adeptos são imprescindíveis em todas as circunstâncias. É indispensável dispor de um gabinete jurídico de muita competência para lidar com as tutelas e exigir cumprimento imparcial das regras.
Fábio Vieira foi eleito o melhor jogador do Campeonato da Europa de sub-21
CAMPEONATO EUROPEU DE FUTEBOL SUB-21
AAlemanha conquistou o título europeu de sub-21 no futebol, tirando partido do seu poder físico, da intensidade nos confrontos diretos e marcando o único golo do desafio aos 49’. Portugal com talento, criatividade e qualidade, deu indícios de que poderia vencer o jogo, com melhor circulação, a toda a largura e profundidade, mas alguns dos jogadores mais influentes acusaram bastante o cansaço dos dois jogos anteriores. O nosso corredor esquerdo revelou fragilidade que causou desequilíbrios. Fizemos substituições e construímos dois lances de perigo que poderiam dar a vitória. A final foi um regresso ao estádio Stozice, em Ljubljana, que contou com adeptos portugueses e alemães a assistirem. A nossa seleção, porque se trata de uma geração de grande qualidade e com jogadores que poderão conseguir uma carreira de excelência, poderia ter alcançado o título. Fábio Vieira (jogador do FC Porto) foi eleito o melhor jogador deste Europeu de Sub-21.
AGRESSÃO A ÁRBITRO
OS meios de Comunicação Social podem ser muito importantes para a segurança e desportivismo. Para além da natural concorrência, há aspetos que têm de merecer o devido destaque, porque se podem tornar hábitos sem solução imediata. Num jogo do campeonato distrital sénior da AF da Guarda, o árbitro mostrou o cartão vermelho a um jogador que ultrapassou os limites. O respetivo jogador perseguiu o árbitro pelo campo e agrediu-o. O jogo não tinha policiamento, o que é inaceitável. Se há situações onde a poupança não pode ser total é na segurança. Sem policiamento os árbitros não deveriam dirigir o jogo. O árbitro recebeu assistência hospitalar. Quem assim poupa financeiramente não pode esquecer direitos fundamentais e tem de saber defender a integridade física de quem tem a coragem de servir o futebol sem as condições mínimas garantidas.
MUITO SE REÚNE E TÃO POUCO SE INOVA
AGORA fala-se em acabar com o golo fora como elemento de desempate. Há tempos, antigos ídolos do futebol, ao serviço da FIFA e da UEFA, promoveram campanhas, certamente bem remuneradas, para criar diversas alterações, incluindo o fim do fora-de-jogo. Em Portugal, na década de 1960, fizeram-se testes e chegou-se à conclusão que esse futebol perdia qualidade e se tornava jogo direto, sem criatividade, destruindo a sua matriz. Mas foram muitas mais as sugestões. Excetuando o atraso ao guarda-redes e o pontapé de baliza, praticamente tudo o resto só veio para atrapalhar, desviar a atenção de outros assuntos e evitar mudanças importantes. O principal apoio deveria ser a base: criar condições para os clubes da formação. Quando se pretende dar uma ideia de revolução para o futebol, organiza-se uma convenção, um fórum, um processo de certificação burocrático, normalmente sem debate mas como decisão a aplaudir de forma unânime. Liderar é muito mais do que isso: é criar condições de sustentabilidade, aumentar o número de praticantes, envolver dados da ciência no treino, especialmente nos escalões de formação, sem nunca deixar de referir a especificidade de uma carreira de jogador com prazos definidos. Por isso, a necessidade de uma formação complementar ao longo dos anos e de forma gradual, para evitar dramas humanos posteriores. Não basta juntar todos os intervenientes no futebol para legitimarem as decisões das entidades; o mais importante é que cada um exprima as necessidades e propostas de desenvolvimento, sem alterar a raiz. Com uma cultura solidária de distribuição de recursos pelos clubes aumentava-se a competitividade e a qualidade. Por exemplo, o futebol feminino tem uma margem imensa de crescimento, um trabalho consistente com uma visão estruturada, com alcance progressivo e sustentável.
Há sempre tanto a fazer que o decisivo fica na sombra das reuniões internacionais. Investigar é sempre muito mais importante para evoluir do que promover currículos volumosos, sem sentido. Ir para além do óbvio é indispensável.
A CANDIDATURA
Onosso Presidente da República e o primeiro-ministro português encontraram-se sexta-feira passada com o Rei Filipe IV e o líder do governo espanhol, juntamente com os presidentes das duas Federações de Futebol, numa iniciativa de apoio à candidatura ibérica para o Mundial-2030, antes do jogo particular entre as duas seleções A, em Madrid, no dia 4 deste mês. A seleção espanhola com mais posse e mais velocidade e Portugal com boa organização defensiva. Espanha mais pressionante e com foco na baliza adversária. A nossa seleção revelou tranquilidade e confiança, no primeiro jogo de caráter particular nesta fase. Espanha com ritmo mais constante de posse e Portugal com saídas para o ataque em velocidade. Foram várias as substituições para ambas as equipas, Espanha mais perto do golo e a nossa seleção num processo de crescimento natural e progressivo, na qual se estreou, como internacional A, Pedro Gonçalves. O empate a zero acabou por ser justo.
REMATE FINAL
Jorge Valdano afirmou: «No Villarreal-Man. United o futebol voltou a votar contra a Superliga. O velho hábito do imprevisível manteve os adeptos neutros de boca aberta em frente à televisão, a ver como o clube representativo de uma cidade de 50 mil habitantes desafiava uma multinacional do futebol. O Villarreal é um caso de êxito empresarial que soube conviver com o vaivém do futebol e que soube entender que o produto não se chama marketing, mas sim futebol. Tem uma cantera exemplar, contrata respeitando um estilo e cresce na medida das suas possibilidades (…) A força emocional do futebol tornou o Villarreal num eixo social da cidade e da província e, desde quarta-feira, num orgulho para toda a Espanha.»
A renovação do contrato do FC Porto com Sérgio Conceição foi mais uma grande jogada de antecipação do presidente do clube, num registo histórico que coloca o treinador num grupo reduzido das mais importantes ligas europeias.