Futebol de verdade só com integridade
Para que a nova época seja o que muitos gostaríamos que fosse, seria importante assumirmos, já hoje, uma espécie de compromisso de honra. Um acordo de cavalheiros mas sem vínculo escrito. Algo que assente na mais inabalável das virtudes do homem: a sua palavra.
Este repto, profundamente romântico (é triste quando somos forçados a chamar ‘romantismo’ a algo que devia ser a mais básica das obrigações morais), tem como destinatários todos aqueles que amam o jogo de verdade: os que estão lá dentro a dar o litro e a criar espetáculo e os que estão cá fora a dirigi-lo, aplaudi-lo e comentá-lo.
O diagnóstico está feito há séculos: o que está errado são as atitudes e comportamentos das pessoas.
Podemos apelar a maior sensibilização ou apertar a regulamentação; podemos aumentar o escrutínio ou impor outra legislação; podemos até castigar severamente ou denunciar sistematicamente, mas as coisas só mudarão quando as pessoas quiserem que mude.
Este apelo quer tocar aí. Na nossa consciência. Na consciência de cada um.
Vamos fazer diferente. Vamos surpreender. Vamos alimentar este espetáculo com nobreza e excecionalidade. Vamos dar o exemplo. Vamos calar os detratores.
Vamos criticar com integridade e atuar com seriedade. Vamos ser, como profissionais, o que somos como maridos, filhos e pais.
Vamos entregar ao jogo mais respeito. Mais genuinidade. Vamos dar-lhe o nosso lado melhor. Vamos honrar a camisola, com caráter e sem menoridades.
Vamos aceitar a vitória e a derrota com elevação. Vamos censurar, pedir justiça e apelar à competência mas com responsabilidade. Com educação. Com elevação.
Vamos ser campeões do desportivismo. Da ética. Das boas práticas.
Com a qualidade inata que temos, seremos os melhores do mundo. Basta que deixemos de ser os nossos piores inimigos.
As vitórias conseguidas através da suspeição, da instabilidade e da conflitualidade não têm sabor, não têm reconhecimento nem têm respeito. Nunca tiveram. Nunca terão.
Selem esse compromisso convosco.
Somos tão mais do que meia dúzia de insultos histéricos e subterfúgios maliciosos. A pequenez é característica dos pequenos e nós somos enormes.
Um dia tudo isto acaba e outros virão. Esmerem-se para que o legado que fica seja recordado com orgulho e gratidão.