Forças e fraquezas
Há treinadores que desaconselham os seus jogadores a utilizar o fair play quando adversários, por hábito, se atiram para o solo. É urgente penalizar especialistas do fingimento que enfraquecem o espectáculo. Manter a dignidade do jogo é fundamental para defender a verdade desportiva. Assim, conseguiremos mais tempo útil e maior competitividade.
As infeções de Covid-19 atingiram mais de 30 casos num clube da Liga I (instalações desportivas encerradas pela DGS, para desinfeção) e com próximo jogo adiado por não ter o mínimo exigido de jogadores disponíveis. O vírus é traiçoeiro, oportunista, pronto para causar graves problemas e não permite distrações. Mudar comportamentos é urgente, pois bastam pequenos deslizes para se criar um enorme problema. Haja memória dos que já partiram e solidariedade para os que continuam a sofrer, num combate que só com atitudes comuns se pode pensar em ganhar. O vírus só pode ser derrotado com uma EQUIPA muito unida, rigorosa e competente.
Liga Europa
O Benfica defrontou em casa a equipa escocesa do Rangers. Benfica obteve primeiro golo muito cedo e com sorte. A expulsão de Otamendi mudou o jogo. Em superioridade numérica, os escoceses optaram por circulação a toda a largura com velocidade. O Benfica sofreu empate e logo a seguir o 1-2. Equipa sem ânimo perdeu a chama, equilíbrio, organização e capacidade de resposta. Rangers controlou o jogo e os duelos, criou lances de perigo, num ritmo elevado. Com menos um jogador, o Benfica tinha de mudar. Substituiu dois laterais mas apatia mantinha-se e chegou o 1-3 naturalmente. Exigia-se mudança radical quebrar a equipa, jogar em profundidade, colocar avançado forte entre os centrais. A equipa da Luz esteve demasiado tempo sem conseguir criar um lance de ataque e na defesa os erros repetiam-se. Somente aos 60’ saiu Seferovic e entrou Darwin, a substituição que todos viam que tinha de ser feita. O uruguaio trouxe velocidade e inconformismo. Sozinho lutou, assistiu Rafa para o 2-3 e, em cima dos 90’, isolou-se em velocidade e fez o empate 3-3. Rangers e Benfica lideram o Grupo D com 7 pontos.
Em Inglaterra, o poderoso Leicester, uma das mais fortes equipas da liga inglesa, defrontou o SC Braga. Jogo complicado para a equipa portuguesa com duas baixas significativas: Fransérgio e Ricardo Horta. Resultado final: 4-0. Com vários titulares no banco, Leicester conseguiu um bom jogo. Houve responsabilidade de jogadores do SC Braga ao não reagirem com mais acerto mas o adversário forçou erros à equipa minhota. João Novais, num passe notável para Paulinho poderia ter construído um golo que mudaria muita coisa. SC Braga, bem organizado, entrou para vencer mas não foi noite favorável. Leicester lidera Grupo G com 9 pontos e em segundo SC Braga com 6 pontos.
Preparar o amanhã
Ofuturo já começou. O futebol negócio ou indústria, como também é designado, tem de evoluir diariamente. Quando conseguirmos superar completamente a Covid-19, há muitas interrogações a colocar com as devidas soluções. Por exemplo, em vez de se pensar em aumentar o preço dos bilhetes, o futebol alcançará maior estabilidade se os preços baixarem, permitindo aumentar o número de espectadores. Impedir a desertificação, que causa enormes preocupações, e encher os estádios, poderão passar a ser garantia de vitalidade e estabilidade futura, assim como os bilhetes para famílias. Preparar inovações para cativar público para a pós-pandemia, pela atração de mais público. Por outro lado, há sempre formas de seduzir mais gente para os estádios como a realização de sorteios (camisola de craque autografada, bola de jogo e outras iniciativas que mobilizem e encham os estádios... assim como prémios e rankings para a capacidade de inovação e promoção do futebol positivo, pelas claques, em cada jornada). Há um negócio imenso que o futebol possibilita e, nestes momentos de combate pela saúde, devemos procurar construir alicerces seguros para o crescimento do jogo a vários níveis, da excelência dos desempenhos de todos os envolvidos. As utopias são metas que ainda não se conseguiram alcançar mas que são possíveis, desde que haja vontade e compromisso. Evoluir mantém o futebol como a linguagem comum do planeta: a paixão pelo jogo. Por isso, a formação de todos os agentes envolvidos deve implicar maior responsabilidade, para que o jogo aparentemente simples e belo se mantenha como um espaço de arte, de encantamento e de integração num tempo único.
Subir a montanha ou cair no precipício
O campeonato é uma disputa contínua e o atual líder apresentou equipa organizada, com jovens talentosos, com tempo e estabilidade para aperfeiçoar e recuperar. Na 7.ª jornada da Liga, o Sporting deslocou-se a Guimarães para defrontar o Vitória local. A equipa da casa revelou uma defesa permissiva, dando muitos espaços, sem criar grandes lances de perigo no ataque. Sporting melhor organizado, veloz e confiante, venceu facilmente por 4-0, mantendo a invencibilidade no campeonato, que a saída da Liga Europa ajuda a manter. O FC Porto venceu no Dragão, tendo iniciado o jogo a perder, logo aos 14’, perante o Portimonense que surpreendeu pela qualidade e intensidade aplicada e uma defesa portista que não conseguia acertar. Mexendo na equipa, Sérgio Conceição alterou dinâmica e com golos de Mbemba, Taremi e Sérgio Oliveira (golo e duas assistências!) conseguiu vencer por 3-1, num jogo difícil e muito exigente. Na Luz, o Benfica voltou a exibir limitações, falhas e dificuldades. SC Braga organizado, muita qualidade dos seus jogadores e da estratégia, conseguiu o controlo do jogo. Chegou aos 3-0 e depois o Benfica teve de correr atrás do prejuízo (já começa a ser hábito: Boavista, Rangers e SC Braga, todos marcaram três golos), reduzindo até 2-3. Desta vez o empate fugiu nos derradeiros momentos. Benfica com início complicado e dificuldades em preencher posições mesmo após elevado investimento. O SC Braga de Carvalhal é já hoje, sem dúvida alguma, um dos grandes do nosso futebol: pelo talento, pela organização, coerência, atitude, formação e dimensão. Na classificação, Sporting isolado com mais 4 pontos que segundo e terceiro classificados, mas ainda faltam dez jornadas para terminar unicamente a 1.ª volta.
Para subir a montanha, superar obstáculos imprevisíveis, os campeões são os que se unem e lutam pelo sucesso. Estamos numa fase inicial na qual é imprescindível manter as exigências sanitárias para evitar que o futebol pare novamente, com as consequências nefastas que sofreu. Os adeptos estando mais longe ou mais perto, fazem sentir a sua presença e acrescentam vontade de vencer. Aos fundamentalistas, sugerimos tranquilidade, porque os precipícios estão sempre à espreita de uma oportunidade destrutiva.
REMATE FINAL
LIGA DAS NAÇÕES A - Grupo 3: Ao anunciar a convocatória para os próximos jogos Fernando Santos afirmou: «Nunca jogamos a feijões porque representamos a Seleção Nacional.» Assim se reforça o futuro do nosso futebol. Iniciamos esta fase decisiva com um particular contra Andorra, hoje dia 11, na Luz, para incorporar o espírito de Seleção. Passados três dias, no mesmo local, Portugal defronta a França, o adversário direto pelo apuramento. No dia 17, Portugal desloca-se a Split para defrontar a Croácia. Boa sorte para o meu bom amigo Fernando Santos e para a nossa Seleção.