Equilibrismo
A gestão de qualquer clube desportivo, sobretudo nas SAD, é um exercício de equilíbrio entre a saúde financeira e a desportiva. Alcançar as duas é difícil e em Portugal ainda mais, porque nos principais clubes os sócios resistem até ao limite das suas forças à entrada de investidores que fiquem com a maioria do capital social, o que lhes retira voz na gestão daquela que é, em linguagem moderna, o core business de qualquer emblema de dimensão - o futebol. Foi sopesando estes dois vetores que Frederico Varandas e os seus pares se decidiram pela venda do passe de Bas Dost ao Eintracht Frankfurt por sete milhões de euros fixos. «Atrás de mim virá quem de mim bom fará», diz o povo. Aplica-se a este caso, porque a decisão apenas poderá ser avaliada em profundidade quando vier o sucessor do holandês, tendo em conta o bolo que os leões gastarão com ele - entre custos da aquisição e salários - e o rendimento desportivo que apresentar, ou não. Para já, parece jogada de risco vender por tão pouco o passe dum dos jogadores mais rentáveis dos últimos anos. De Alvalade ainda poderá sair Bruno Fernandes, na reta final do mercado, mas, aí sim, deverá deixar muitos milhões nos depauperados cofres da SAD. Neste caso, os dirigentes leoninos colocarão as fichas todas na sustentabilidade (quase) imediata das suas contas mas vão deixar a porta aberta aos protestos que continuarão a vir da bancada caso as coisas corram mal. Mas até pode correr bem.
O futebol, por vezes, assemelha-se ao circo e, na época passada, quando todos pensavam que o leão estava completamente domado e já não conseguia entusiasmar, arrancou aplausos e saiu da temporada com dois troféus. Mas o número que mais parecenças tem com o futebol é o equilibrismo. Varandas sabe que a corda é fina e lhe vão colocando sebo no caminho. Ou chega ao fim da linha como herói ou se estatela e sai como vilão. Mas talvez o desafio no Sporting seja mesmo mandar a corda fora e passar a andar em chão firme.