E se o futebol profissional seguisse exemplos do futebol e do futsal femininos?
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E se o futebol profissional seguisse exemplos do futebol e do futsal femininos?

OPINIÃO13.03.202410:00

Reduzir e reciclar é um excelente lema da atualidade, que pode muito bem ser aplicado ao mais belo jogo

A partir da temporada de 2025/2026 as Ligas femininas de futebol e futsal passarão a contar com dez equipas, em vez das atuais doze. Isto terá implicações no formato das competições na próxima época, dado que terá forçosamente de haver um maior número de despromoções.

O que parece, analisado de repente e do ponto de vista dos clubes menos fortes, uma má novidade, pode muito bem vir a constituir uma excelente notícia para o futebol e o futsal femininos. Num país de pequenas dimensões, poucos praticantes (ainda que em crescendo) e parcos recursos económicos, menos tem tudo para ser mais: mais competitividade, mais equilíbrio, mais sustentabilidade financeira e, consequentemente, mais qualidade.

Estas medidas foram acompanhadas pela criação de uma quarta divisão nacional, no futebol, e de um campeonato nacional de sub-15, no caso do futsal.

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Voltando ao encurtamento do número de equipas, a verdade é que ele parece capaz de fazer bastante sentido noutras latitudes. E sim, estou a falar do futebol profissional masculino.

Mais do que discutir a competitividade, o equilíbrio, a sustentabilidade financeira e a qualidade, que constituem deduções lógicas, importa referir o fundamental no caso das ligas profissionais: o alívio do calendário competitivo.

A partir do próximo ano as provas europeias vão ter ainda mais jogos. Não se prevendo que diminuam as datas reservadas às Seleções Nacionais, é pouco crível que a redução da Taça da Liga compense o congestionamento causado às equipas que atingirem as competições da UEFA, desejando-se pelo caminho que desta vez possamos ter representantes na Liga Conferência.

No mundo científico há centenas de investigadores, de variados quadrantes do globo, a estudarem os calendários competitivos no futebol. As conclusões não são brilhantes do ponto de vista dos atletas, ainda que possam ser extremamente luminosas quando admiradas à luz do dinheiro envolvido e da geração de receitas. Como em tudo na vida, há que procurar equilíbrios, até porque sem jogadores em boa forma a tendência será sempre a de piorar a qualidade dos espetáculos oferecidos, o que a prazo provocará uma quebra nessas receitas que agora sobem, sobem, sobem. E não vale a pena comparar com a NBA, porque o tipo de cargas a que os atletas são sujeitos é diferente. Não digo que o dos basquetebolistas é menor, apenas que pede diferentes tipos e tempos de recuperação. Para não falar da rotatividade das equipas durante um jogo e da própria duração do mesmo.

Com menos equipas no campeonato português — por força dos tais equilíbrio, competitividade e qualidade — o produto torna-se mais vendável.

As equipas que representam Portugal na Europa podem preparar-se melhor.

A Taça de Portugal pode ter pelo menos mais uma eliminatória ao fim de semana (bem como meias-finais com menor espaçamento entre as duas mãos).

Pode ser, até, que passem a encontrar-se datas para jogos adiados por imprevistos meteorológicos, políticos ou de qualquer outra ordem.

Talvez não fosse má ideia começar a pensar a sério no assunto.