Diogo Jota poderá dizer: «Eu sou dono de mim próprio»

OPINIÃO02.10.202004:00

O anti-vírus

«Testei negativo ao Covid ontem e positivo hoje. Não tenho qualquer sintoma. O Covid teve a coragem de me desafiar. Má ideia», disse o grande Zlatan Ibrahimovic, célebre por achar que Guardiola é um filósofo - desqualificação máxima para a sua fina sensibilidade.

Napoleão II

Sempre me irritou profundamente a forma quase displicente como Diogo Jota foi avaliado desde que despontou no Paços de Ferreira. Pela imprensa portuguesa, pelos chamados clubes-grandes (apesar de o FC Porto ainda ter beneficiado de um empréstimo por uma época), pelo selecionador que só agora o descobriu e pelo Atlético de Madrid (que o comprou para agradar ao seu empresário, não porque Simeone lhe reconhecesse especial qualidade). A partir de agora tudo será diferente. Porque o melhor treinador do mundo o escolheu, sem fretes a ninguém, para a melhor equipa do mundo. Diogo Jota não terá o pedigree das academias, mas poderá dizer como Napoleão: «Sou filho de mim próprio!»

Onze ideal

O Marítimo contratou o extremo Faiq Bolkiah, de 22 anos. Não será um rico jogador, mas é um jogador tão rico (fortuna avaliada pela Forbes em mais de 17 mil milhões de euros) que bem podia comprar os passes de uma dezena de jogadores de topo para formar consigo, enquanto undécima peça, um fabuloso onze, isto é, um 10+0. O que, aliás, nem sequer seria original, pois o próprio campeão nacional opta muitas vezes por jogar só com 10 (o que hoje sucede com Uribe, como no passado com Herrera).

Palavras que o vento não levou

Rúben Dias tornou-se não só no patrão da defesa benfiquista como no segundo melhor central português, logo a seguir ao seu parceiro na Seleção (Pepe). Não é de estranhar, portanto, a sua transferência para um dos emblemas mais ricos do mundo. E triunfará - desde que descubra que os critérios dos árbitros, lá, são como os cartões, cá: muito diferentes. A hora da despedida foi, naturalmente, emotiva: «Rebentem com esta merda toda!» O seu substituto não desiludiu: «Defenderei o Benfica até à morte. Em cada equipa onde joguei, fiz sempre isso.» Feitas as contas, tal significa que se tiver 7 vidas ainda lhe ficam a sobrar duas.

No fabuloso mundo das 2 rodas (com motor)

Também neste reino se está a viver uma estação plenamente atípica. Não apenas por haver menos corridas ou por estas se repartirem e repetirem por poucas pistas. Nem pela continuação da carreira de Rossi. O que há de mais notável a registar é o surgimento de uma nova alcateia de jovens lobos, dos quais quatro, beneficiando da ausência por lesão do multicampeão Marc Marquez, já venceram pelo menos uma corrida, entre eles o nosso Miguel Oliveira. Mas talvez tenha sido prematuro o anúncio da conquista do título já neste ano. Tanto mais que um tal Brad Binder, sul-africano com uma moto oficial igual à sua, parece consistentemente mais rápido…

No fabuloso mundo das 2 rodas (sem motor)

Como é sabido, e à imagem do sucedido com as demais modalidades, também o calendário ciclista sofreu um significativo adiamento. Mas manteve-se o propósito de realizar o mesmo número de provas, de modos que, num mero instante, já se concluiu o Tour, foram atribuídos os títulos de campeões do mundo e está em curso a nossa Volta, seguindo-se de imediato o Giro. O que mais impressionou, em todas as provas, desde as clássicas de um dia até às competições de três semanas, foi a percepção de que, pela primeira vez na história do ciclismo, para lá de vários corredores excepcionais, desde Chris Froome a Egon Bernal, passando por Primus Roglic, Wout van Aert, Mathieu van der Poel ou  Tom Dumoulin, existem dois-génios-dois! Glória aos fenomenais Tadey Pogaçar e Remco Evenepoel!

Sentam-se à mesa como se estivessem num casino e fossem uns senhores. Não obstante, a verdade verdadinha é que até estão num casino. Mas em vez de jogarem com as cartas habituais pedem emprestadas umas bolinhas daquelas que se abrem ao meio, como as do Euromilhões ou dos ovos de chocolate da Kinder. Não sei quem concebeu este conceito de miscigenar a incógnita do futuro com a ganância das guloseimas. Mas sei, como todos sabemos, que o destino de uma equipa, qualquer uma, não se joga só entre as quatro linhas. Desta feita ditou o oráculo que o Dragão tivesse por parceiros de jogatana o Manchester City, de Guardiola, o Olympiakos, de Pedro Martins, e o Marselha, treinado pelo futuro Presidente do FC Porto, perdão, por André Villas-Boas. O que mais chama a atenção neste Grupo é a incrível circunstância de três dos quatro emblemas serem orientados por técnicos lusitanos. Mas o que interessa mesmo é que o Dragão vai apurar-se para a fase seguinte. Tenho a certeza quase absoluta. Faça o City o que fizer.