Defender o jogador

OPINIÃO24.11.202106:00

Ainda não ouvimos uma entidade a proteger com eficácia os profissionais de futebol em Portugal, exigindo alterações profundas

OSindicato Internacional de Futebolistas Profissionais elegeu o antigo jogador espanhol David Aganzo como presidente, curiosamente o mais jovem de sempre. Foi jogador do Real Madrid, do Espanhol, do Valladolid, do Levante e terminou a carreira no Lugo, em 2015. Para o quadriénio 2021-2025 garantiu a defesa dos jogadores a que designou como «o epicentro do mundo do futebol». Garantiu que lutará contra abusos sobre os jogadores mas com mais força na defesa dos direitos dos jogadores. Apelou à união dos sindicatos de jogadores em cada país para prestigiar e respeitar o futebolista, o agente mais importante do jogo. Que os jogadores profissionais tenham uma voz com poder nas decisões sobre o universo do futebol é essencial e garantia de futuro sustentável.
 

A FESTA DO FUTEBOL

ATaça de Portugal será sempre momento especial, competição imprescindível e alicerce da tradição. Nem sempre com o tratamento noticioso que merece, continua a alimentar surpresas e a reforçar a ligação dos adeptos que, dessa forma, constroem mais memórias. Há sempre quem resiste e quem sabe interpretar o espírito da Taça. Cada vez é mais difícil encontrar os tomba-gigantes por variadas razões, mas felizmente há sempre exceções. De qualquer modo ainda existem clubes que, ao receber no seu parque de jogos adversários (que de outro modo nunca seria possível) conseguem perpetuar histórias e factos que o futebol bem merece. Os grandes vencedores desta eliminatória foram o Leça, que disputa o Campeonato de Portugal (CP) e eliminou o primodivisionário Gil Vicente, e o Paredes, também do CP, que eliminou o Torreense da Liga 3: a Taça continua a surpreender! Em Alvalade, Jovane foi vítima do estado do relvado que o obrigou a sair lesionado e com prognóstico de meses de paragem. Os relvados não podem ser adversários perigosos para os jogadores! O Varzim saiu prestigiado. O Benfica, a perder para o Paços de Ferreira, próximo dos 80 minutos empatou de livre e conseguiu mais 3 golos. O FC Porto venceu folgadamente o Feirense e Francisco Conceição marcou o seu primeiro golo na equipa principal. O Braga derrotou o Santa Clara por 6-0, com 4 golos do jovem avançado Vítor Oliveira. Foram apurados: 11 clubes da Liga 1; 3 clubes da Liga 2; 2 clubes do Campeonato de Portugal
 

Jovane Cabral lesionou-se frente ao Varzim devido ao mau estado do relvado


PROVAS INTERNACIONAIS: CHAMPIONS

NO grupo E, a 23 de novembro, o Barcelona defrontou o Benfica e o resultado foi empate a zero. O Benfica jogou com linhas juntas e defesa bem organizada. O Barcelona circulou mas sem talento e objetividade. Benfica podia ter marcado nos últimos momentos.
 

FPF E LPFP, QUEM VENCERÁ?

DEPOIS de um período de entendimento para a centralização dos direitos televisivos, com apoio do Governo e publicamente apresentado como um passo de gigante. De súbito, numa arrancada repentista, a FPF afastou-se desse processo e assumiu a extinção do memorando de entendimento que tinha assinado no início deste ano com a Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Na base do desacordo terá estado a criação de uma empresa de direitos audiovisuais, constituída por quatro administradores: o presidente da Liga, dois diretores executivos da Liga e o CEO do Benfica (em trânsito para liderar a Liga?). Por esse facto, a FPF não poderia aceitar ficar fora de jogo e assim o memorando assinado no início de 2021 ficou sem efeito. Afinal qual a importância do futebol português para as entidades que o tutelam? Será que há exagero de protagonismos? Temas desta natureza deveriam tratar-se com recato e saber. Nunca esqueçam que o mais importante no futebol é o êxito e isso só se consegue remando para o mesmo lado.
 

DÚVIDAS PERSISTENTES

F ICA no ar a ideia de luta pelo poder, com esquecimentos e contradições. O nosso futebol merece outra dinâmica e reforço de identidade. Há sintomas evidentes: o protocolo das Comissões de Arbitragem entre Portugal e a França não mais aconteceu; tivemos um jogo da nossa Liga dirigido por um árbitro e outro por uma árbitra franceses, que mereceram rasgados elogios e que permitiram um ritmo vivo, sem perdas de tempo, sem diálogos no campo e com decisões acertadas. Apitaram com total imparcialidade. Desconhecemos se já foram enviados árbitros portugueses para dirigir jogos em França ou se vamos chegar a esse ponto. Por cá, temos assistido a demonstrações que deveriam preocupar o CA da FPF e até a própria Associação de árbitros, pelas coincidências, decisões muito discutíveis, embora habituais. O tempo passa e a memória perde-se. Como poderá o nosso futebol nacional evoluir para patamares mais elevados se os jogos sofrem constantes falhas que alteram classificações? Uma auto-avaliação deveria ser um processo sistemático. Falhar é humano mas renovar a arbitragem, exigir maior competência e acima de tudo o esforço semanal para tentar evitar o erro é uma prioridade. Só corrige no momento quem tem uma atitude de grande humildade e esse facto torna-se quase impossível em quem possui hábitos muito enraizados. Todos os clubes merecem a mesma dignidade, mesmo que uns beneficiem de maior visibilidade. O futebol precisa de renovação e de exemplos positivos, com tratamento idêntico para todos os clubes, para que possa acontecer o que o caracteriza: a imprevisibilidade e a inspiração!


O ATAQUE DA PANDEMIA

A JAX suspendeu venda de bilhetes dos próximos jogos, incluindo a receção ao Sporting. Na Alemanha analisa-se a integração de medidas de contenção, incluindo restrições ou impedimento de presença de público nos jogos, assim como a Áustria e outros países. Portugal sem grandes novidades (notaram-se muitos adeptos da nossa Seleção sem a proteção de máscaras, o que vem sendo hábito sem controlo) apela à responsabilidade individual. Mais do que opiniões é urgente criar e cumprir regras precisas que têm de ser aplicadas. Tal como num jogo de futebol, há lances que não se podem falhar porque as consequências podem ser desastrosas. Em Portugal, após uma fase de recuperação, regressou o crescimento da incidência de infetados. O nosso ministro da Educação mantém a possibilidade de medidas para controlar a pandemia, incluindo recuo da presença de público nas competições desportivas. Cumprir regras!
 

CALENDÁRIO DO FC PORTO

APÓS a vitória com o Feirense para a Taça de Portugal, no dia 20 de novembro, passados 4 dias, os azuis e brancos vão a Liverpool jogar para a Champions. Quatro dias mais e, no Dragão, recebem o Vitória de Guimarães para a Liga. Passados cinco dias o destino é Portimão para mais um jogo da Liga e depois de mais quatro dias recebe o Atlético de Madrid para a Champions. Mais cinco dias e recebe o Braga para a Liga. Após mais três dias defronta o Rio Ave, para a Taça da Liga, embora sem possibilidade de apuramento. Mais quatro dias e vai a Vizela para a Liga e, finalmente com dez dias de intervalo, tem o clássico com o Benfica para a Liga. Num espaço de 39 dias, o FC Porto tem 9 jogos para disputar (em várias competições), sempre com a máxima exigência (média de 4,3 dias entre jogos, sujeitos a alterações). Poucos clubes poderão ter calendários semelhantes, mas será oportuno recordar que os jogadores são humanos e não robôs. O risco de lesões cresce à medida que a densidade competitiva aumenta. Falta uma voz que represente os jogadores com visibilidade e os defenda de forma eficaz, salvaguardando a sua integridade física e psicológica. Ainda não ouvimos uma entidade a defender com profundidade os jogadores profissionais de futebol em Portugal, exigindo profundas alterações para preservar os protagonistas do jogo!
 

REMATE FINAL

— Fernando Santos afirmou: «Saio se não formos ao Mundial (…) Vou alterar o jogo.»

— Fábio Vieira comentou: «O Vítor (Vitinha) gosta de estar sempre envolvido no jogo, sempre a tocar na bola, gosta de organizar, de pensar o jogo.»

— Sérgio Oliveira afirmou: «É fantástico, toda a gente sabe que chegar da formação e fazer um percurso neste clube é difícil porque a qualidade é sempre grande, lutamos sempre por objetivos ambiciosos, para conquistar todos os títulos em que estamos inseridos (…) Sinto-me lisonjeado por ter sido dragonado pelo nosso querido presidente e restante estrutura (…) Renovar com o clube que amo e que represento desde pequeno, era uma coisa que já ambicionava há algum tempo. Estou muito feliz por ter acontecido.»

— A Federação Europeia de Andebol divulgou a escolha de Portugal, Espanha e Suíça para a organização do Euro’2028.