Criar valor

OPINIÃO25.05.201804:00

A avaliação que se faz ao valor dos clubes, e dessa forma ao valor das respectivas Ligas, mesmo que sejam utilizados parâmetros discutíveis, fornece-nos um indicador bastante seguro desse mesmo valor, seja individual ou colectivo.

Na Europa, a Liga inglesa tem seis equipas no top 10 das mais valiosas; há ainda duas espanholas, uma alemã e uma italiana. Contudo, só Real Madrid, Barcelona e Bayern Munique conseguem aproximar-se do Manchester United. A Juventus tem um valor global idêntico ao Tottenham, menos de metade do topo da lista. A equipa portuguesa mais bem posicionada, o Benfica, está na 26ª posição, com um valor global dez vezes inferior ao Manchester United. Toda a Liga portuguesa tem um valor inferior a qualquer dos clubes que lideram esta lista. A tendência é para que este distanciamento aumente, caso nada se faça para melhorar a nossa situação colectiva.

O mercado interno tem os desequilíbrios conhecidos, sendo que três equipas têm uma quota de penetração superior a 90%. Contudo, as diferenças nestes últimos anos surgiram no mercado externo. As marcas individuais ganharam espaço e sobrepuseram-se a muitas marcas colectivas. Hoje, Cristiano Ronaldo ou José Mourinho têm uma dimensão global que Eusébio e Artur Jorge não tiveram. O futebol português não pode ignorar isto. A nossa maior marca é um jogador, já não é uma equipa. Os jogadores deixam de jogar, as equipas perduram no tempo. É verdade que o tempo está mais perto do fim para um jogador com 33 anos do que para um clube centenário. Mas também é verdade que Portugal pode ter que esperar muito tempo para que surja outro jogador deste nível. E pode nunca surgir.

É tempo de estarmos juntos no desenvolvimento do nosso futebol, de percebermos que só juntos temos possibilidades de criar dimensão no mercado global, que a nossa marca é Portugal. Um desafio que começa na final da Champions e continua no Mundial!