Calma, Quenda, José Fonte estreou-se com mais de 30 anos!
Quenda a festejar um dos golos de Trincão (IMAGO)

Calma, Quenda, José Fonte estreou-se com mais de 30 anos!

OPINIÃO24.03.202508:15

Os anos 70 e 80 foram cheios de grandes bigodes. Agora apareceu o bigodaço de Trincão. Que joga tanto! Calma, Quenda: José Fonte estreou-se com mais de 30 anos.

DE repente, pertinho dos 90 minutos do Portugal-Dinamarca de ontem, lembrei-me de imensos jogadores dos anos 70 e 80: Toni, Carlos Manuel, Fidalgo, Frasco, Fraguito, Seninho, Bento, Chalana, Virgílio, Vermelhinho, Veloso, Cascavel, Fonseca ou Gabriel. A razão é simples e não tem a ver com a evidente categoria de todos eles. Tem a ver com algo que se foi perdendo de década para década, de geração para geração: os bigodes.

Nos anos 70 e 80, não só em Portugal, mas um pouco por todo o Mundo, havia bigodes para dar e vender. A RFA tinha Breitner. O Brasil tinha Rivellino. A Argentina tinha Kempes e Passarella. A Itália tinha Causio. A Escócia tinha Souness. O Uruguai tinha Rodolfo Rodriguez. Não era por terem bigodes robustos que eram craques. Eram craques porque eram craques. Ponto. Mas aqueles bigodes, meus amigos, não eram bigodes: eram bigodaços.

Claro que não me lembrei deles porque o meu cérebro assim quis. Não. Lembrei-me deles porque, de repente, inesperadamente por aquilo que conhecemos de Roberto Martínez, inesperadamente por sabermos que o selecionador de Portugal é adepto de lugares fixos e nada tentado a volatilidades de pensamento, Francisco Trincão entrou em campo logo a seguir aos 80 minutos. E que bigode tem Trincão! E que cabelo encaracolado tem Trincão! E, já agora, nada despiciente, que talento tem Trincão! O talento de Trincão é igual à robustez do bigodaço que ostenta desde muito jovem. Trincão entrou e marcou. Trincão entrou e bisou. Trincão entrou, bisou e revolucionou o jogo com dois grandes golos. Que bigodaço deu ele!

Quenda, entretanto, continua no banco. Primeiro estágio: zero minutos. Segundo estágio: zero minutos. Terceiro estágio: zero minutos. Bernardo a não atravessar um momento bom e Quenda no banco. Francisco Conceição, vindo de lesão e da bancada, Quenda no banco. Rafael Leão, demasiado indolente nos últimos tempos, Quenda no banco. Tudo somado, cerca de três semanas a treinar-se e a ver jogos no banco. Calma, Geovany, dou um exemplo: José Fonte estreou-se na Seleção Nacional com mais de 30 anos. É importante Quenda participar na festa, disse Roberto Martínez. É esse o problema: o selecionador sorri tanto que nos confunde com o que diz pelo meio dos sorrisos.

Portugal ganhou e passou às meias-finais. Porém, é preciso mais. É demasiado simplista dizer que um selecionador não tem tempo para treinar e preparar os jogos. É verdade, mas é simplista. Todos os selecionadores do Mundo têm pouco tempo para o fazer. Brian Riemer, o dinamarquês, também tem pouco. E deu um baile em Copenhaga.