Calma, Quenda, José Fonte estreou-se com mais de 30 anos!
Os anos 70 e 80 foram cheios de grandes bigodes. Agora apareceu o bigodaço de Trincão. Que joga tanto! Calma, Quenda: José Fonte estreou-se com mais de 30 anos.
DE repente, pertinho dos 90 minutos do Portugal-Dinamarca de ontem, lembrei-me de imensos jogadores dos anos 70 e 80: Toni, Carlos Manuel, Fidalgo, Frasco, Fraguito, Seninho, Bento, Chalana, Virgílio, Vermelhinho, Veloso, Cascavel, Fonseca ou Gabriel. A razão é simples e não tem a ver com a evidente categoria de todos eles. Tem a ver com algo que se foi perdendo de década para década, de geração para geração: os bigodes.
Nos anos 70 e 80, não só em Portugal, mas um pouco por todo o Mundo, havia bigodes para dar e vender. A RFA tinha Breitner. O Brasil tinha Rivellino. A Argentina tinha Kempes e Passarella. A Itália tinha Causio. A Escócia tinha Souness. O Uruguai tinha Rodolfo Rodriguez. Não era por terem bigodes robustos que eram craques. Eram craques porque eram craques. Ponto. Mas aqueles bigodes, meus amigos, não eram bigodes: eram bigodaços.
Claro que não me lembrei deles porque o meu cérebro assim quis. Não. Lembrei-me deles porque, de repente, inesperadamente por aquilo que conhecemos de Roberto Martínez, inesperadamente por sabermos que o selecionador de Portugal é adepto de lugares fixos e nada tentado a volatilidades de pensamento, Francisco Trincão entrou em campo logo a seguir aos 80 minutos. E que bigode tem Trincão! E que cabelo encaracolado tem Trincão! E, já agora, nada despiciente, que talento tem Trincão! O talento de Trincão é igual à robustez do bigodaço que ostenta desde muito jovem. Trincão entrou e marcou. Trincão entrou e bisou. Trincão entrou, bisou e revolucionou o jogo com dois grandes golos. Que bigodaço deu ele!
Quenda, entretanto, continua no banco. Primeiro estágio: zero minutos. Segundo estágio: zero minutos. Terceiro estágio: zero minutos. Bernardo a não atravessar um momento bom e Quenda no banco. Francisco Conceição, vindo de lesão e da bancada, Quenda no banco. Rafael Leão, demasiado indolente nos últimos tempos, Quenda no banco. Tudo somado, cerca de três semanas a treinar-se e a ver jogos no banco. Calma, Geovany, dou um exemplo: José Fonte estreou-se na Seleção Nacional com mais de 30 anos. É importante Quenda participar na festa, disse Roberto Martínez. É esse o problema: o selecionador sorri tanto que nos confunde com o que diz pelo meio dos sorrisos.
Portugal ganhou e passou às meias-finais. Porém, é preciso mais. É demasiado simplista dizer que um selecionador não tem tempo para treinar e preparar os jogos. É verdade, mas é simplista. Todos os selecionadores do Mundo têm pouco tempo para o fazer. Brian Riemer, o dinamarquês, também tem pouco. E deu um baile em Copenhaga.
Este selecionador tem a mania de que quem joga em Portugal deve ser inferior aos que estão lá fora, ainda mais se forem do Sporting, só mesmo em situações que já mais nada pode fazer é que os coloca. Quenda e Trincão estão em muito melhor forma do que o Leão e o Chico, o Bernardo estava falhão no passe tem de sair.