10 fevereiro 2025, 13:37
Monza: Despedido em dezembro, Nesta regressa para o lugar de quem o substituiu
Último classificado da Serie A despede treinador com menos de dois meses de trabalho e vai buscar antecessor
Antigo defesa do Milan negou que a equipa estivesse a festejar ao intervalo, mas contou que as horas e os dias seguintes foram muito complicados para os jogadores
A lenda italiana Alessandro Nesta partilhou histórias interessantes sobre a sua carreira, ao conceder uma extensa entrevista ao seu antigo colega de equipa, Luca Toni. O antigo defesa da Lazio e do Milan é atualmente treinador do Monza, clube ao qual regressou após uma breve saída - foi despedido em dezembro do ano passado.
10 fevereiro 2025, 13:37
Último classificado da Serie A despede treinador com menos de dois meses de trabalho e vai buscar antecessor
«No ano em que fui para o Milan, o Real Madrid queria contratar-me, mas eu disse que não, porque queria ficar na Lazio. Depois, o Milan ligou, e a Lazio estava a desmoronar-se. Os meus primeiros quatro meses foram horríveis. Tive dificuldades em distanciar-me de Roma. Quando percebi onde estava, arregacei as mangas. Na minha primeira época em San Siro vencemos a Liga dos Campeões e a Taça de Itália», contou Nesta à Amazon Prime Video Itália.
Os rossoneri triunfaram na Liga dos Campeões em 2003, após vitória sobre a Juventus, no desempate por penáltis. «Ninguém dormiu na noite anterior, porque se perdes contra o Manchester United, ninguém te diz nada, mas se perdes contra a Juventus... Paolo Maldini e Andrea Pirlo estavam terrivelmente nervosos. Foi um jogo mau para mim, houve poucas oportunidades de golo e chegámos aos penaltis.»
«Antes disso, só tinha batido um penálti, e foi nos juniores. Alguns coxeavam, outros não se sentiam preparados. Inicialmente, o treinador fingiu que não me via, mas depois de tantos jogadores desistirem... Surpreendi Buffon, porque chutei a bola com os dedos. Estava preparado para esperar até ao último segundo, mas Buffon não se mexeu. Não tinha um plano B e simplesmente chutei a bola, mas resultou», partilhou Alessandro.
Nesta também falou sobre as duas finais consecutivas da Liga dos Campeões contra o Liverpool. Em Istambul, em 2005, o Milan vencia por 3-0 ao intervalo, mas acabou por perder nos penáltis. Dois anos depois, os rossoneri venceram por 2-1.
«Não é verdade que tenhamos festejado no balneário ao intervalo. Algum idiota da outra equipa disse isso, nem sequer sei o nome dele. Na verdade, estava bastante tenso, sabíamos que ainda tínhamos um longo caminho a percorrer. Steven Gerrard manteve o Liverpool no jogo. Ele era um animal naquela altura, estava em todo o lado no campo. Depois do jogo, ninguém disse uma palavra no balneário, ninguém se atrevia. Fomos jantar com as nossas famílias e houve um silêncio total. Durante todo o verão seguinte, acordei a pensar que aquilo não podia ter acontecido mesmo», explicou, admitindo que teve pesadelos.
«Mas quando nos voltámos a defrontar, dissemos a nós próprios que o jogo não podia terminar da mesma maneira. Era o destino. Estávamos confiantes de que iríamos vencer. Na verdade, jogámos pior do que na final anterior, mas estávamos mais sólidos e acreditávamos que iríamos vencer. Pippo Inzaghi mal se conseguia manter de pé devido a problemas musculares. Alberto Gilardino estava em excelente forma, mas o treinador teve aquela intuição que te leva ao triunfo na Liga dos Campeões. Ele sabia que o Pippo, mesmo em má forma, podia marcar golos. Kaká estava numa forma incrível. Tínhamos a certeza de que iríamos vencer. Até o Liverpool sabia, era evidente», acrescentou Nesta.
O antigo defesa também falou sobre os últimos anos da sua carreira e os problemas que teve depois de pendurar as chuteiras: «Após uma operação e a necessidade de analgésicos duas vezes por dia, o meu corpo dizia-me que tinha chegado ao fim. Nesse ano, joguei duas vezes contra o Barcelona de Lionel Messi, mas sabia que, um ano depois, ele me iria destruir se nos voltássemos a encontrar. O Milan ofereceu-me um contrato por mais um ano, mas recusei. Sou um defesa, tenho de perseguir os adversários. É mais difícil para um avançado perceber que chegou ao fim. Depois de me retirar, todos os dias pareciam iguais. A minha mulher foi uma santa por me aturar. Faltava-me a adrenalina e precisava de competição. Tinha de voltar ao futebol e a única maneira era como treinador», atirou, explicando esse novo passo na sua carreira.