Bancos técnicos
Tanto treinadores como suplentes e elementos dos bancos suplementares estão obrigados a manter comportamento responsável a toda a hora
O tema do cartão amarelo exibido a um técnico por não ter a braçadeira de Treinador colocada no braço, levanta outro que já aqui falámos anteriormente: a do comportamento que todos os elementos devem ter e manter quando estão a desempenhar funções em redor do terreno de jogo.
Sem prejuízo da discussão pedagógica que podemos e devemos levantar a propósito do caso concreto (caberá ao árbitro ou à entidade organizadora a punição disciplinar pelo não cumprimento de premissa regulamentar?), a verdade é que a conduta de alguns agentes desportivos naquele espaço é frequentemente má e muitas vezes inadmissível.
Deixem-me que seja muito claro em relação a isto: tanto treinadores (e restante staff) como suplentes e elementos dos bancos suplementares estão obrigados a manter comportamento responsável a toda a hora. Essa obrigação, mais do que ética e deontológica, é legal. Isso pressupõe acatar com respeito as decisões das equipas de arbitragem, ainda que essas lhes sejam pontualmente desfavoráveis. Ainda que essas sejam contrárias aos seus interesses.
Discordar faz parte. Manifestar desagrado também, mas só se for com civismo e com nível.
A parte mais frustrante é saber que a esmagadora maioria destes incendiários são, no seu dia a dia, pessoas boas. Pessoas de bem. Gente simpática, com quem se pode conversar e em quem se pode confiar. O problema é quando chegam lá dentro. Do nada, parece que lhes baixa um demónio qualquer. Ficam possuídos. Basta um lançamento lateral para o lado errado ou a sensação de uma falta mal assinalada. Tudo é rastilho para gestos teatralizados, inflamados e completamente fora de contexto, que deviam fazer corar de vergonha qualquer um deles. Que seguramente fazem corar de vergonha os seus familiares e amigos.
A pergunta é: para quê? Porquê? Porque são incapazes de controlarem as suas emoções? Ou porque, lá no fundo, acham que a estratégia poderá condicionar uma ou outra decisão de campo? Qualquer resposta é má. A primeira é indesculpável para quem está ao mais alto nível e sabe que é exemplo para tantos; a segunda é sinal de ingenuidade, porque qualquer pessoa com dois dedos de testa sabe que conflito responde-se com conflito. Não é deliberado, não é persecutório, é apenas humano.
Se querem um conselho muito sincero de quem andou lá dentro meia vida... não vão por aí. É loose loose para vocês, para a vossa imagem exterior e para a vossa equipa.
Se têm dúvidas que é possível ter sucesso desportivo e imagem imaculada, revejam o último Manchester City-Liverpool: jogo entre dois gigantes do futebol inglês, disputado até ao último segundo, intenso, emotivo e com exemplos de incrível fairplay entre Guardiola e Klopp.
Há quem tenha de nascença e depois há quem diga que é assim mesmo e tal... como se reações constantes de arruaça e má educação não definissem um padrão muito, muito óbvio para qualquer um de todos nós.
Para quê pequenez quando se pode ser (e parecer ser) tão grande?
Vale a pena pensar nisso para 2023.