Antes de Amorim e Depois de Amorim

Gastar €10 milhões num jovem treinador, com 9 jogos na Liga e, pior, benfiquista?!

E tudo Amorim mudou. Há, claramente, no Sporting — ou pelo menos no Sporting dos últimos 40/50 anos — um Antes de Amorim (AA) e um Depois de Amorim (DA). E quem diz Rúben Amorim, diz Frederico Varandas e Hugo Viana. O trio que, unido num trabalho de equipa que rareava para os lados de Alvalade há muitas, muitas décadas, trouxe aos leões a glória e o orgulho que pareciam irremediavelmente perdidos nos cacos que sobraram do penoso fim de ciclo de Bruno de Carvalho, marcado pelo criminoso ataque à Academia e por polémicas que ameaçaram arrastar o Sporting na lama e que, em 2018, culminaram numa crise de má memória.

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Frederico Varandas, um dos sobreviventes do dia negro da invasão a Alcochete, era, então, o responsável clínico da equipa, demitindo-se pouco depois do ataque e logo anunciando que iria candidatar-se à liderança do clube, que viria a conquistar, ocupando a cadeira da presidência em setembro desse ano.

Nem tudo foram rosas na fase inicial de Varandas em Alvalade. José Peseiro era o técnico escolhido pela comissão de gestão de crise liderada por Sousa Cintra. Seguiram-se Marcel Keizer, Leonel Pontes, Silas... Até que, ao lado de Hugo Viana, o presidente tomou a decisão. O Sporting iria gastar 10 milhões de euros num jovem treinador, com experiência de... 9 jogos numa equipa de Liga e reconhecidamente adepto do Benfica.

«Como??!!!», terão questionado muitos em março de 2020, estava a pandemia a preparar-se para mudar as nossas vidas. «E se corre bem?», perguntou, em jeito de resposta, o tal jovem técnico, já com jeito para prever o futuro.

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A história que se seguiu é conhecida de todos: primeiro estranhou-se («ah, o Sporting só foi campeão porque não tinha público nas bancadas»), depois entranhou-se (afinal, até a perder, como no 4.º lugar de 2022/23, o público se rende ao seu futebol).