OPINIÃO Abono & Subsídio
A propósito das negociações entre Benfica e Boavista por Pedro Malheiro
O Benfica tem sido para o Boavista um género de rendimento social de inserção. Musa é disso exemplo: em 2022, a SAD vermelha contratou-o aos axadrezados por 5.5 milhões de euros (a par da cedência dos direitos de Ricardo Mangas e Vukotic) quando podia ter negociado com o Slavia de Praga que até tem sido parceiro atendendo aos 22 milhões investidos nas contratações de Bah e Jurásek.
Se a Benfica SAD avançar para a contratação de Malheiro por valores entre os 4 e 5 milhões de euros, já cheira a abono de sobrevivência. É que os salários em atraso na Boavista SAD (a par do Leixões e Lank FC Vilaverdense da Liga 2) não são inéditos nem constituem exceção.
Por outro lado, nada me move contra o jovem atleta que fará 23 anos em janeiro de 2024 e que há de ter a sua progressão. Mas longe vão os tempos em que se assistiu à chegada de perfis como Isaías, João Vieira Pinto ou Nuno Gomes. Partindo do pressuposto que Malheiro não tem a sua remuneração em dia, está em posição para desencadear a resolução contratual com justa causa de acordo com a alínea d) do n.º 1 e n.º 3 do artigo 23.º e 27.º da Lei do Contrato de Trabalho Desportivo com respeito pelo procedimento previsto na alínea d) do artigo 39.º, na alínea a) do n.º 1 e n.º 2 do artigo 43.º, artigos 44.º e 48.º, todos do Contrato Coletivo celebrado entre a Liga e o Sindicato dos Jogadores.
Mas não há vontade neste sentido pelo atleta, pela influência do seu agente que é parceiro privilegiado da SAD compradora, pelo Boavista porque precisa do dinheiro como de pão para a boca e pelo agente que representará os boavisteiros neste negócio e que só agora será recompensado por ofícios do passado feitos em prol do Bessa.
À partida, também não haverá interesse na rescisão pelo Benfica por uma questão moral, de fair play e respeito pela congénere nortenha. Mas desde que se mantenha alheio ao processo e não influencie vontades das partes envolvidas, não há responsabilidade. Pelo meio, é curioso notar que o Benfica apresenta €4 milhões para pagar em 4 prestações/anos. Aparentemente, o panorama económico-financeiro já foi mais animado. Provavelmente, mais valia solicitar ao scouting interno soluções e alternativas mais baratas...