A última oportunidade

OPINIÃO02.06.202102:00

Muitas vezes não se entende como podem acabar com um modelo e passados anos voltar a usá-lo, quando garantia maior competitividade!

E STA época recuperou-se um modelo já utilizado 14 vezes. A última vez aconteceu em 2013/2014, colocando frente a frente o Paços de Ferreira e o Desportivo das Aves, por motivo da justa reintegração do Boavista na Liga. Desde a década de 1940 a finais de 1950, o play-off criava uma derradeira oportunidade para o penúltimo classificado da 1.ª divisão e o segundo classificado da fase de campeão da 2.ª divisão, que se manteve até finais dos anos 50. Somente em 1952 passou a ser jogado a duas mãos. Muitas vezes não se entende como podem acabar com um modelo competitivo e passados anos voltar a usá-lo, quando garantia maior competitividade!
Desta vez, o play-off foi disputado entre o Rio Ave e o Arouca.


‘PLAY-OFF’

O Rio Ave começou mais objetivo, criando algum perigo, numa partida muito disputada.
O Arouca surpreendeu o Rio Ave pela intensidade e dimensão da vitória: 3-0. Pité (43’), Sema Velázquez (58’) e André Silva (74’) marcaram os golos que permitiram uma larga vantagem para o clube da Liga 2. O Rio Ave, em fase de cansaço e de falta de confiança, esteve abaixo das expectativas e só criou perigo junto da baliza do Arouca nos momentos finais. No domingo seguinte, em Vila do Conde, tudo ficou resolvido. 
 

O Rio Ave apresentou-se com Augusto Gama a treinador. Tantos treinadores numa época são sinal de grande instabilidade! O Rio Ave tinha uma tarefa muito difícil. O Arouca, mais confiante pela vantagem adquirida, organizou a defesa, atacando com velocidade. O Rio Ave procurou criar oportunidades mas o adversário, num remate de Arsénio, fez o 0-1. Na segunda parte, aos 59’, após  cruzamento de Quaresma, Velázquez consegue o 0-2. A partir daí, foi deixar o tempo correr e as certezas de que o treinador Armando Evangelista colocou o Arouca na Liga e o Rio Ave, após 13 anos, desceu à Liga 2.


FINAL DA LIGA EUROPA 

P ARA os espanhóis a possibilidade da primeira grande conquista, para o Manchester United a oportunidade de aumentar o número de troféus. A equipa inglesa pressionou alto, com velocidade. O Villarreal entrou forte, rápido e com boa organização defensiva. Jogo equilibrado, com ataques alternados. Num livre, a bola avança para a área do United e Gerard Moreno fez o 1-0 (29’). Os espanhóis fecharam o corredor central. O Manchester procurou responder mas o Villarreal defendeu-se bem. Ao intervalo, 1-0. Na segunda parte, a equipa espanhola entrou rápida e o Manchester foi obrigado a reposicionar-se, para tentar criar perigo. Numa recarga oportuna, Cavani empata aos 55’: 1-1. O United ganhou motivação e o jogo ficou dividido. Substituições para ambas as equipas e o Villarreal a manter a velocidade. Final do tempo regulamentar: 1-1. No prolongamento, o Villarreal a desdobrar-se melhor e a acabar com mais intensidade. Nos momentos finais, o Manchester fez duas substituições para as grandes penalidades, entrando Mata e Alex Telles. Desempate por grandes penalidades: Villarreal 11 (não falhou uma) e Manchester 10 (De Gea falhou a última penalidade). Um justo vencedor e a confirmação de Unai Emery como treinador especialista nesta prova (4 títulos na competição).
 

 


FINAL DA CHAMPIONS 

O Manchester City e o Chelsea disputaram o título mais apetecido: a vitória na Champions. O City entrou a circular a bola. O meio-campo do Chelsea manteve linhas juntas, processos verticais e objetivos. Jogo intenso, muito disputado, e City continuava a manter a posse da bola. O Chelsea fechou espaços e, com velocidade, criou oportunidades. Ritmo forte, sem paragens, e luta intensa. Jogadas de perigo junto às balizas, muito tempo útil de jogo, com lances de perigo para cada equipa. O Chelsea equilibrou o jogo com forte organização defensiva e com transições rápidas. Alternância no controlo do jogo. Aos 42’ Kai Havertz marcou o golo que viria a valer a Champions, numa jogada inteligente, simples e muito veloz. Na segunda parte, De Bruyne lesionou-se com alguma gravidade (fratura do nariz e na órbita esquerda) e teve de ser substituído por Gabriel Jesus. Bernardo Silva cedeu o lugar a Fernandinho. No Chelsea, Christensen, substituiu o lesionado Thiago Silva (ainda na primeira parte), Pulisic ocupou o lugar de Werner e Kovacic entrou para sair Mount. O Manchester City desperdiçou oportunidades mas o Chelsea foi mais coeso, mais direto, perigoso e eficaz. No City, entrou Aguero e saiu Sterling. O City teve as melhores oportunidades no início e no fim do jogo. O Chelsea conseguiu criar mais lances de golo e teve maior controlo. Grande exibição de Kanté.

Notas:
1. Esta época, o FC Porto conquistou pontos ao Manchester City e ao Chelsea.
2. Para além dos adeptos no estádio, lamenta-se a presença de milhares de ingleses, sem bilhete nem bolha, sem cumprir as regras sanitárias em vigor em Portugal, o que revela incapacidade de previsão do Governo.


EUROPEU DE SUB-21

APÓS vencer o grupo com três vitórias (Croácia 1-0, Inglaterra 2-0 e Suíça 3-0), a seleção portuguesa é das mais talentosas dos últimos anos. No dia 31 de maio, Portugal defrontou a pentacampeã Itália, no estádio Stozice, em Ljubljana. Jogo difícil, Portugal começou muito bem, chegou aos 3-1 e no fim da primeira parte ninguém sonhava o que aí vinha. Itália encara sempre o futebol com foco no golo e assim aos 60’ a vantagem de Portugal era um único golo. Houve escolhas que não resultaram. Perto do fim, os italianos empataram e obrigaram a prolongamento. As substituições resultaram e, com muita garra nos minutos finais, Portugal venceu por 5-3 e agora amanhã vai defrontar a Espanha nas meias-finais. Estamos mais perto.


PARA ONDE VAIS FUTEBOL?

D EPOIS da Champions e da Liga Europa, vai começar a Liga Conferência. A terceira competição de clubes da UEFA, aprovada em 2018, entra no calendário europeu, cada vez mais preenchido. Essa nova competição começa na próxima época (Paços de Ferreira entra na 3.ª pré-eliminatória e Santa Clara na 2.ª pré-eliminatória) e esperamos que não venha desvalorizar mais os campeonatos nacionais. Os clubes precisam de estabilidade e não de alterações cíclicas. Universo de 184 equipas, todas as 55 federações europeias representadas, às quais se acrescentarão 46 equipas que vão sendo eliminadas da Champions e da Liga Europa. Apuram-se 32 clubes para a fase de grupos: oito grupos de quatro equipas. Os vencedores de cada grupo avançam diretamente para os oitavos de final. Os oito segundos classificados dos grupos disputam o apuramento com os terceiros classificados da fase de grupos da Liga Europa. Esta nova Liga terá 141 jogos em 15 semanas. O vencedor conquista o direito de participar na Liga Europa da próxima época.
O presidente da UEFA declarou: «A nova competição torna as provas de clubes da UEFA (…) mais inclusivas do que nunca. Haverá mais jogos para mais clubes, com mais federações representadas nas fases de grupos.»
E num repente, qual ciclone imprevisível, os futebóis nacionais vão perdendo protagonismo num crescimento imparável até que, um dia mais à frente, poderá surgir uma tal Superliga, de forma mais criativa e dando uma ideia de igualdade que nunca estará presente.


REMATE FINAL

John Terry tem Mourinho como uma grande referência para a sua futura carreira como treinador. Contou que o português dizia-lhe que nos minutos finais de um jogo em que estivessem a ganhar, num cruzamento para a sua área, ele e o colega central Gary Cahil deveriam cabecear a bola e ficar os dois no solo: «Se ficarem os dois no chão não podem sair do campo (…) Desconhecíamos essa regra (…) Houve um momento em que isso aconteceu (…) perguntei ao Gary como ele estava, ele disse-me que estava bem e respondi-lhe para ficar no chão. Veio o árbitro e diz-nos, vá, os dois têm de sair de campo.» Nesse momento, Terry afirmou que obrigar a sair os dois era contra a lei. «O juiz começa a pensar e responde: ‘é verdade, tem razão’». E assim se conseguia ganhar um tempo que poderia ser decisivo.