A Taça desligou-se!
FC Porto pagou caro a desconcentração. Paciência. Venha o campeonato
A meia-final Sporting-FC Porto criou polémica, com representantes do Sporting a colocar em causa resultados dos testes do Covid-19. Os dois clubes têm ambos 4 jogadores impedidos de jogar (no FCP são 5, por expulsão de Taremi no jogo anterior). Os dragões entraram fortes, mantendo identidade, controlando o jogo e a bola no meio campo do adversário.
O Sporting procurou circulação rápida e mudanças de posição, sem nunca conseguir ligar jogadas nem criar perigo para o adversário. FC Porto procurou manter pressão e espaços para conseguir finalizar. A 5’ do fim FC Porto vencia por 1-0 com golo de Marega. Solidez defensiva exemplar, mas nos minutos finais, FC Porto permitiu dois golos por falta de concentração, particularmente nas alas.
Arbitragem abusou de cartões menos a Palhinha, que como já tinha 1 amarelo (55’), evitou mais 3 amarelos nítidos, transformando um desses na expulsão do técnico adjunto dos dragões, mas mantendo onze jogadores leoninos em campo. Sporting passa para a final.
Mas é legítimo questionar-se: como é possível estar a ganhar e nos cinco minutos finais sofrer dois golos? Jogo fácil para vencer. Alas que entraram no fim esqueceram concentração máxima.
Árbitro, repito, ajudou a inclinar o jogo de forma suave e rápida. Pelo lado positivo, desaire permite recuperar para outros objetivos. Paciência. Venha o campeonato!
O regresso da festa
J OGOS decisivos, sem margem para recuperar. O líder do campeonato foi à Madeira, como favorito. No primeiro tempo, Sporting poderia ter marcado, mantendo ritmo forte. Com o tempo, o visitado foi-se libertando da pressão inicial.
Segunda parte trouxe um Marítimo mais perigoso, que inaugurou marcador e confirmou a vitória com segundo golo. Encontrada a primeira surpresa da Festa do Futebol.
Na Choupana, FC Porto entrou controlando a posse de bola à largura e profundidade. Várias oportunidades de golo, bolas à barra e acabou por marcar, com um golo de Luis Díaz. Nacional lutou bastante, aproveitou oportunidades criadas (eficácia na finalização), empatou e colocou-se a vencer. FC Porto, nos momentos finais, obteve o empate que obrigou a prolongamento.
Nesse tempo extra, os dragões marcaram, ampliaram vantagem, confirmando a passagem à eliminatória seguinte. Sérgio Conceição mexeu na equipa e mudou o destino do jogo.
O Benfica foi à Amadora vencer o Estrela (do Campeonato de Portugal) com um onze que permitiu descansar uma equipa completa para o clássico que se avizinhava. O Estoril (Liga 2) no estádio do Rio Ave, criou mais uma surpresa na competição, ao vencer o clube de Vila do Conde.
A Liga
O último clássico - Sérgio Conceição, na conferência de imprensa final, afirmou que o jogo foi difícil para as três equipas em campo. FCP entrou pressionante e intenso. Benfica reforçou corredor esquerdo (2 laterais esquerdos!) para impedir a criatividade de Corona e a velocidade de Nanu.
FC Porto, sem Otávio e a recuperar do esforço no jogo com o Nacional, num relvado fisicamente exigente. Emocionante mas dos clássicos com menos qualidade nos últimos tempos. Muitas faltas, muitas paragens e perdas de tempo, muita dureza (critério demasiado aberto da arbitragem fechou o jogo), impediram fluidez. A ausência de uniformização é sempre um problema.
Jogadores do Benfica exageraram nas faltas (27!) e alguém se esqueceu de mostrar amarelos, em momentos decisivos, para arrefecer ânimos. Grimaldo, após jogada rápida isolou-se e inaugurou marcador (17’). Marega foi demasiado castigado com entradas intoleráveis. Pizzi sistematicamente a fazer faltas, a protestar, a potenciar agressividade: surpresa lamentável porque tolerada e sem ser sancionada (exemplo: a falta muito violenta na primeira parte sobre Marega!). Foram vários os jogadores que saíram sem cartões, após lances com risco para o adversário. FC Porto reorganizou-se, criou espaços e empatou com um golo de Taremi, após assistência de Corona (25’).
Equipas cautelosas, oportunidades para cada uma, mas ambas a perder muitas bolas. Jogo disputado mas sem a qualidade que poderia ter. A dualidade no critério aberto permitiu um jogo excessivamente duro e sem coerência em decisões importantes. Esperava-se mais: expulsão decidida por VAR (Taremi, no dia seguinte pediu desculpas, manifestou a sua tristeza e afirmou que nunca teve intenção de causar lesão) e outras esquecidas! Sérgio Conceição mudou dinâmicas, fez substituições, mantendo o controlo dos espaços decisivos. A qualidade do jogo foi muito prejudicada pelas imensas pausas.
Na frente da classificação nada mudou, a não ser a vitória do Paços de Ferreira sobre o SC Braga, que coloca a equipa da capital do móvel numa posição reforçada. Famalicão regressou às vitórias e logo em casa do Santa Clara.
A surpresa - Sporting recebeu Rio Ave, controlou totalmente a primeira parte, com pressão alta, circulando com rapidez, criando lances de perigo, perante um adversário com linhas muito juntas a defender com organização, mas sem conseguir atacar. Perto do fim da primeira parte, Sporting marca golo por Pedro Gonçalves. Na segunda parte, Rio Ave altera posicionamentos e dinâmicas e o jogo ganha mais competitividade.
Sporting surpreendido e sem soluções, numa semana desfavorável. Rio Ave avança com posse de bola controlada, empata e poderia ter vencido o jogo. O clube de Vila do Conde, em ataque rápido, criou mais oportunidades e deixou adversário inseguro.
Destaques
P OSITIVO: no final desta época, o FC Porto está prestes a evitar as restrições do fair play financeiro, desde que a pandemia o permita. O clube obteve uma resposta positiva da UEFA, que não considerou incumprimento o envio tardio da documentação indispensável.
Abel Ferreira qualificou o Palmeiras para final da Taça Libertadores, depois de o clube ter conseguido essa façanha há mais de 20 anos. Pela segunda vez consecutiva, a final dessa competição tem uma equipa brasileira com um treinador português. A seguir a Jesus, que seja Abel o vencedor.
Em Aveiro, SC Braga venceu Benfica por 3-1, conquistando a sua primeira Taça de Portugal, no futebol feminino, relativa a 2019/2020.
N EGATIVO: as entidades que gerem o nosso futebol, antes da época se iniciar, criaram um grupo com especialistas da área jurídica, para anteciparem problemas e definirem regulamentação para determinar classificações, caso a pandemia não permita a conclusão das provas; critérios para decidir o campeão, seleção de participantes em provas europeias, subidas e descidas de divisão. O silêncio sobre o tema deixa a dúvida de nada estar decidido, com as competições próximas da metade das jornadas. As regras deveriam estar aprovadas antes do início das provas, para garantir transparência exigível. A pandemia atinge valores cada vez mais elevados e os clubes de futebol sofrem consequências que criam incertezas. Nada se aprendeu com a época anterior!
Exemplar: A Federação Suíça de Futebol alerta para a provável impossibilidade da fase final do Europeu decorrer em 12 cidades de 12 países (há ideias que são um espanto!), em função da situação pandémica, com restrições de deslocações. O presidente da Federação Suíça apresenta uma boa solução: realização da competição num único país ou cidade e sem público. Será tão difícil prever com segurança e competência?
Remate final
1. Manuel Fernandes, Presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, numa intervenção a representar cinco modalidades de pavilhão (andebol, basquetebol, futsal, hóquei em patins e voleibol), durante a Segunda Cimeira das Federações Desportivas (que envolveu os Comités Olímpico e Paralímpico, as Confederações, Conselhos e Associações de Profissionais e Atletas de Portugal) afirmou: «Na Europa, o desporto é valorizado com medidas concretas. Em Portugal, para o Governo, o desporto não conta. É esquecido». Ao que o Presidente do Comité Paralímpico de Portugal acrescentou: «O desporto em Portugal vive a mais pura orfandade.»
2. Parabéns à Federação de Andebol de Portugal, ao selecionador Paulo Pereira e seus colaboradores, aos jogadores, pela classificação para a fase final do Mundial deste ano no Egito (regresso de Portugal às fases finais, após 18 anos, é obra!). Trabalho de excelência e de persistência. Boa sorte Portugal.