A relação entre os clubes e as claques
Depois de Frederico Varandas, é agora André Villas-Boas a formatar uma nova relação com as claques. Segue-se Rui Costa?
Éverdade que Sporting e FC Porto viveram situações extremas, que determinaram o fim da promiscuidade que vigorava entre os clubes e as claques. No Sporting houve o episódio de Alcochete (que se seguiu a inúmeros outros, de menor impacto), e dele resultou uma nova ordem no emblema de Alvalade. Mas não só. Foi preciso que Frederico Varandas mantivesse uma convicção inabalável no que estava a fazer, e nunca cedesse às pressões e ameaças de que foi alvo, para devolver à normalidade perdida uma relação que se deseja saudável entre os clubes e os adeptos mais fervorosos, onde não entrem negócios, negociatas e ilegalidades, seja de que tipo forem.
Também André Villas-Boas se viu envolvido numa situação extrema, quando teve de enfrentar aquilo a que chamou de guarda pretoriana, que se preparava para distorcer o ato eleitoral, logo a partir da noite em que era suposto ser realizada uma AG para alteração dos estatutos. Depois disso, com alguns atos de terrorismo pelo meio, chegou a intervenção policial, que, sabe-se como começou, mas não se sabe como (e com que outros protagonistas) vai acabar.
Um e outro, Varandas e Villas-Boas, tiveram oportunidade de resolver um problema cívico, que muitas vezes deixava os seus clubes reféns de poderes externos, e estiveram à altura, sendo que no Sporting a situação está (naturalmente) bem mais sedimentada que no FC Porto, onde a saída de cena do clã Madureira e dos que lhe eram mais próximos irá permitir que seja o clube a ditar as regras do jogo e não o contrário.
E o Benfica, que tem sido vítima do péssimo comportamento de um punhado de alegados adeptos, que custaram muitos milhares de euros ao clube em multas da UEFA, que inclusivamente já impediu que os benfiquistas vissem, fora de casa, os jogos do seu clube?
Rui Costa, que está envolvido em várias frentes, que vão desde processos judiciais herdados a uma situação volátil em relação ao treinador, a que acresce a necessidade de refazer o plantel sem cometer erros de casting, pensando mais na equipa do que nas individualidades, não pode descurar, fazendo de conta que não vê, o comportamento inaceitável de uma franja radical que só prejudica o clube. Tenho a certeza de que se tiver a convicção que não faltou a Varandas e a Villas-Boas será capaz de dar conta do recado...