A luz ao fundo do túnel
O período de férias desportivas não é, necessariamente, abrangente a todos os jogadores de futebol.
Nos escalões mais jovens são ainda muitos os torneios particulares que têm acontecido de norte a sul do país (ilhas incluídas).
Trata-se de eventos organizados com a entrega, dedicação e, quase sempre, carolice de muita gente boa. Eventos que reúnem muitos milhares de jovens, muitos milhares de pessoas.
A ideia é que joguem à bola sem pressão mas com a vontade de vencer. Vencer de forma salutar, divertindo-se e respeitando o adversário e demais intervenientes.
Esses miúdos(as) são acompanhados por pais e técnicos que tentam fazer deles, além de bons atletas, boas pessoas. Bons seres humanos.
Os maus exemplos (que devemos continuar a denunciar e condenar) não podem apagar tudo o que acontece em sentido contrário. Esses devem, aliás, ser enaltecidos porque evidenciam boas práticas, espera-se que contagiantes para o que vem a seguir.
Há esperança e prova disso são as crescentes manifestações de desportivismo que surgem um pouco por todo o lado. Há mais casos, mais eco e mais orgulho em demonstrar. Isso é bom.
Por cada criminoso que bate em alguém (como aconteceu na semana passada, num treino dos infantis do Tires), há uma dúzia de pessoas decentes que mostram o que é ser um progenitor a sério. O que é ser um pai/mãe de verdade.
Nos últimos dias existiram várias manifestações desportivas que nos devem encher de orgulho e esperança. Esperança que, neste aspeto, o caminho seja menos tenebroso.
O Youth Cup 2019 (Fornos de Algodres) juntou 1400 crianças, num total de 92 equipas. O comportamento dos pais foi de enorme elevação, tendo uma das claques recebido, pelas mãos de uma jovem árbitra, o famoso Cartão Branco. O estádio municipal foi pequeno para tão grande demonstração de saber estar.
O Rio Ave FC também deu (mais um) grande exemplo: o Torneio Internacional de Futebol Infantil reuniu 300 jovens e brindou os presentes com uma verdadeira celebração de fair play. Houve tempo e espaço para uma foto final, bem elucidativa do espírito ali vivido: mais importante do que ganhar em campo é vencer fora dele.
Mas houve outros bons exemplos: num torneio disputado em Câmara de Lobos (Madeira), público, jogadores e árbitros interagiram com respeito e alegria, do primeiro ao último dia da prova; no Torneio Ibérico ADREP, na Palhaça (Aveiro), a falta de comparência de uma equipa não invalidou que os pais jogassem contra os filhos, numa partida que até perderam mas que, sensatamente, os árbitros permitiram e arbitraram; no Torneio Gulpi 2019, em Gulpilhares, todos os adeptos portaram-se de forma fantástica, mostrando que VN Gaia sabe assistir ao futebol com educação e civismo; na Taça Professor João Campelo (sub-13), em hóquei em patins, o público afeto ao SC Marinhense viu o Cartão Branco por conduta irrepreensível durante o encontro com o Turquel.
Tal como estas, ocorreram outras iniciativas que provaram que, quando queremos, sabemos estar no desporto.
A mensagem que falta interiorizar é que, a brincar ou mais a sério, o comportamento tem que ser sempre o mesmo. As circunstâncias não definem o caráter. É ao contrário.
Aos poucos isto vai lá.