A justificação do injustificável

OPINIÃO13.12.201800:34

O Benfica tem dado vários tiros ao lado na comunicação mas desta vez acertou na mouche: a arbitragem não se pode refugiar em tweets ou informações incompletas sobre uma matéria tão estruturante e disruptiva como é o caso do videoárbitro. Vir a Comissão de Arbitragem a terreiro informar, a seco, que foram cometidos «nove erros» no VAR sem os especificar provoca um efeito contrário daquele que (acredito) seria a pretensão inicial. Gera opacidade num meio onde desconfiança é a segunda palavra mais utilizada a seguir a apito. Como qualquer pessoa que goste de futebol e, acima de tudo, de transparência, também eu gostava de saber: quais foram os erros, quando, quem os cometeu e, sobretudo, porquê. Antigamente podia dizer-se que um árbitro não vira um lance porque estava mal colocado, tapado por uma selva de pernas ou simplesmente porque uma irritante gota de suor lhe toldara a vista. Reduzia-se o problema à condição humana e às fraquezas inerentes. Com o VAR (seja quem está na Cidade do Futebol ou mesmo o árbitro de campo que é chamado a rever o lance no monitor) não se pode usar o mesmo expediente. Por outras palavras: não se pode falar em incompetência.  Logo, o problema poderá ser outro: o receio dos ventos que sopram. E isso é tão ou mais grave.

O FC Porto foi a equipa que mais pontos fez na fase de grupos da Champions (e ninguém se lembra de que Soares não foi inscrito). É a prova do que há muito acredito: os dragões estão ainda mais fortes que na época passada, mesmo que aqui e ali tenham sido acompanhados por uma estrelinha. Não sei como estarão em fevereiro (e como correrá o mercado de janeiro), mas os oitavos já parece pouco para esta equipa e para um treinador de elite como Sérgio Conceição.