A ilusão do poder

OPINIÃO14.07.202107:00

Faça-se justiça sem alimentar novelas mediáticas, que acabam sempre por criar denso nevoeiro

ALGUNS clubes e dirigentes construíram impérios económicos de avultados negócios e complexas estratégias personalizadas. As aparentes facilidades vão-se diluindo, esburacando e caminhando para o precipício inevitável. A confusão reinante entre presidentes, SAD, investidores, clubes e colaboradores da banca, como se fossem uma unidade, acabou por confundir mentalidades.
Os clubes são instituições e simultaneamente símbolos. São pertença dos sócios que delegam nos eleitos as definições do amanhã. Foram criados com paixão e muito trabalho, embora o tempo os tenha vindo a afastar dos alicerces, esquecendo o essencial, fomentando alienação coletiva.
O futebol precisa, com urgência, de rumo sustentável. Se quem fosse nomeado ou eleito para cargos nos órgãos de soberania não pudesse acumular funções na Federação e na Liga, poderíamos dar um passo de gigante com transparência: misturar política com futebol tem sido elevado risco de colisão e de muita e lamentável confusão.
O momento não é para hipocrisias oportunistas mas antes para a justiça funcionar, evitando perder-se o futuro. Responsabilidade é cada vez mais urgente como comportamento imprescindível para o futebol, mas também para o País.
Pensos rápidos nunca serão solução e, pelo contrário, aumentam a infeção. Salvemos o fundamental: é urgente assumir todos os atos, sem fugas nem esquecimentos ou cumplicidades de última hora. Cumpram-se leis e regulamentos, faça-se justiça não alimentando novelas mediáticas que acabam sempre por criar denso nevoeiro. A verdade nunca pode ser desvalorizada ou apagada.
 

REGRESSO À LIGA NACIONAL

SÃO várias as aquisições confirmadas e mais as que ainda são promessas. O mercado das transferências carece de inspeção e acompanhamento com rigor. A linguagem dos milhões já se tornou hábito recorrente, assim como desvios à última da hora.
O início de uma época é sempre um espaço de projetos de sonho ou de pesadelo.
Há nomes recorrentes, investimentos que não se concretizam, outros que entram e saem em velocidade de cruzeiro. Esperemos que problemas financeiros, mesmo em grandes equipas europeias, não venham a criar mais alternativas para apagar o fogo com gasolina.
A gestão de plantéis obriga a rapidez de soluções para evitar saídas a custo zero. Os investimentos do início de época podem condicionar futuros próximos, pois a inflação dos contratos tornou-se um hábito que nem sempre dá direito a prémio, mas antes a dívida acrescida.
A Mealhada, zona gastronómica por excelência, a meio caminho das grandes rivalidades que aí se diluem, poderá perder a posição de local especializado para decidir o rumo do nosso futebol. Há alternativas a legislar.
 

O CAPITÃO DE EQUIPA

EM todas as organizações existe uma hierarquia que garante liderança eficaz e eficiente. Para isso se escolhem os critérios de comandar, apoiar, assumir responsabilidades, nas empresas e no futebol.
Nuno Espírito Santo, ainda como treinador do Wolverhampton, sugeriu a indicação de treinadores e de capitães de equipa para discutirem temas que implicam mudanças no futebol que as Federações e Ligas se esquecem de aprofundar: debater, enriquecer o jogo e salvaguardar os principais atores.
A voz de comando no campo passa para o capitão de equipa, como responsável pelo cumprimento das ações e garante do equilíbrio emocional, em consonância com o mister.
Todos sabemos que não há um único gesto, amuo ou atitude que não seja captada nos telemóveis e divulgada sem enquadramento. É imprescindível saber representar o clube ou a seleção sem dar nas vistas com atitudes censuráveis que desvalorizam símbolos que só estão ao alcance de alguns. Refletir, ajuda a manter o exemplo dos que são mesmo especiais. Quanto maior, mais humilde, é um bom lema a adotar.
 

ESPAÇO EURO-2020

MEIAS-FINAIS - No dia 7 de julho, em Wembley, a Inglaterra (em casa) defrontou a Dinamarca. Inglaterra a pressionar alto e muito forte uma Dinamarca que tentava sair em ataque rápido. O jogo equilibrou-se com os ingleses a terem mais posse e os dinamarqueses a criarem alguns lances de perigo. Aos 30’, golo da Dinamarca num remate excelente. Reação dos ingleses, com velocidade e, aos 39’, num cruzamento intenso, o defesa dinamarquês fez autogolo: 1-1. Na segunda parte, Dinamarca tentou subir mais, criar lances de perigo, mas foi acusando fadiga e teve de fazer substituições por lesões. Inglaterra mais veloz, mais forte. Dinamarca tentando progredir, num jogo fisicamente muito exigente e com Inglaterra mais consistente. O empate obrigou a prolongamento, no qual árbitro assinalou grande penalidade discutível e Kane rematou mas Kasper Schmeichel defendeu, porém a bola sobrou para Kane que não desperdiçou. Resultado: 2-1. A maior capacidade física dos ingleses foi determinante e a Dinamarca, mesmo nos limites, lutou até ao fim. Inglaterra apurada para a final.
FINAL - Por fim, a 11 de julho, novamente no Estádio de Wembley, cidade de Londres, foi o dia da final, onde se defrontaram as seleções da Itália e da Inglaterra. Jogo intenso, disputado, com estratégias diferentes, no qual os ingleses marcaram primeiro, logo aos 2 minutos, mas a Itália conseguiu empatar aos 67 minutos. Seguiu-se o respetivo prolongamento, sem golos e depois o momento do desempate por pontapés de grande penalidade. Itália mais eficaz e Inglaterra com estratégia inadequada. Itália é a nova campeã da Europa.
A cerimónia de encerramento teve música, muita dança e a habitual entrega das medalhas a todos os participantes na final e do respetivo troféu aos novos campeões.
 

COPA AMÉRICA

Afinal da Copa América-2021, no Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, colocou frente a frente as seleções do Brasil e da Argentina. A Argentina venceu por 1-0 o Brasil, com golo fantástico de Di María. Aos 34 anos e na quinta final disputada, Messi consegue o primeiro título com a seleção argentina. Além da final, teve lugar o jogo para atribuição do terceiro lugar, em Brasília: a seleção da Colômbia venceu a do Peru por 3-2.
Nas meias-finais, a Colômbia perdeu nas grandes penalidades contra a Argentina, por 3-2, após o 1-1 nos 90 minutos. Luis Díaz marcou um golo de eleição, quase sem ângulo, que permitiu o empate à Colômbia e obrigou a recorrer às grandes penalidades. O jogador do FC Porto foi considerado por muitos o melhor em campo durante os 90 minutos em que defrontou a Argentina.
 

REMATE FINAL

O presidente da UEFA afirmou: «Não apoiaria de novo [a realização do Euro-2000] nos moldes em que decorreu a prova (…) Não é correto que algumas seleções tenham viajado mais de 10 mil quilómetros, enquanto outras apenas mil. E também não é justo para os fãs, que tiveram que estar  em Roma num dia e em Baku nos seguintes, com voos de quatro horas e meia e passando por países com jurisdições diferentes, moedas diferentes, países da União Europeia e fora dela. Foi um formato decidido antes de eu entrar na UEFA e respeitei a ideia. É interessante mas difícil de implementar.» Esta afirmação final é completamente contraditória! O que foi exigido a muitos atletas foi uma sobrecarga que não teve a mínima atenção pelos riscos competitivos e viagens enormes, revelando a principal preocupação: lucros!
- Éder, o herói do Euro-2016, no qual marcou o golo decisivo, foi ao Estádio de Wembley, antes da final, representar a nossa Seleção Nacional, com pompa e circunstância, e apresentar o troféu aos adeptos, deixando-o exposto junto ao relvado. «É um orgulho ter sido convidado para este evento e poder fazer a passagem de testemunho, embora seja agridoce porque preferia que Portugal estivesse hoje em campo. Não estando, é sempre bom representar o País e desfrutar de uma final que espero emocionante», afirmou Éder.
- Cristiano Ronaldo é o melhor marcador de sempre, com mais idade, num Europeu. Continua a pulverizar recordes e durante este último Euro-2020 marcou cinco golos em apenas quatro jogos (tantos quantos o checo Patrik Schick), mas com menos minutos do que o adversário direto. Fez ainda uma assistência nos 360 minutos que jogou e vai continuar a superar limites…