A estratégia do Sporting
Frederico Varandas tem sido um presidente com sucesso desportivo e financeiro. Foto: Rui Raimundo

A estratégia do Sporting

OPINIÃO27.06.202409:00

Frederico Varandas mudou o clube e conseguiu reduzir o fosso para os rivais

O Sporting continua a dar passos seguros tanto em termos desportivos como financeiros. Nos últimos anos em Alvalade, por norma, tudo faz sentido. Como, aliás, demonstram os resultados. Nas últimas quatro temporadas os leões sagraram-se por duas ocasiões campeões nacionais, o que não é coisa pouca. Para Benfica e FC Porto não é nada de especial, mas para o Sporting é bem diferente. Basta dizer que o título desta época foi o quarto dos últimos 40 anos.

Frederico Varandas mudou o clube. A aposta em Rúben Amorim há muito se percebeu que foi certeira e a estabilidade proporcionada por presidente, treinador e o diretor desportivo, Hugo Viana, possibilitou que o Sporting conseguisse de forma impressionante reduzir o fosso para os rivais. Tanto em termos desportivos, como, pelo que se percebe, em termos financeiros. Em Alvalade não se dão passos maiores que a perna e a estratégia, sublinhe-se, tem resultado.

Gyokeres e Hjulmand foram duas grandes contratações - Fresneda não pode considerar-se um reforço falhado mas sim adiado, dada a pouca utilização e a idade do lateral-direito espanhol (19 anos). O Sporting subiu a fasquia, colocou-a pela primeira vez na casa das duas dezenas de milhões e acertou em cheio. Tanto que facilmente obteria o dobro do investimento realizado há apenas um ano caso estivesse interessado em vender. Não está. Não está no caso do sueco e do dinamarquês, mas sabe que tem de… vender. Não há outra forma de equilibrar as contas, mesmos com as receitas provenientes da Liga dos Campeões. A estratégia é há muito conhecida: comprar barato e vender caro. E se possível ter retorno desportivo. Bruno Fernandes, Nuno Mendes, Matheus Nunes, João Palhinha, Pedro Porro e Manuel Ugarte são excelentes exemplos.

Quer isto dizer que o Sporting tem de realizar vendas significativas neste defeso, mas também não quer delapidar o plantel. O objetivo, já assumido por Rúben Amorim, é o bicampeonato, pelo que o treinador não poderá perder muitas mais-valias. É este o equilíbrio que a Administração tem procurado e que conseguiu na época transata. Já na anterior não teve sucesso e a saída de Matheus Nunes já com o comboio em andamento nunca foi compensada. As contratações de baixo custo, como Sotiris, Tanlongo, Rochinha e Arthur Gomes também foram apostas falhadas.

A Administração aprendeu com os erros e parece ter aprendido também com os tiros certeiros. Depois de ter contratado Gyokeres, o melhor marcador e melhor jogador do campeonato, com o valor de duas segundas linhas do plantel, Chermiti e Tiago Tomás, agora já garantiu a promessa belga Debast por 18 milhões de euros, exatamente o que juntou com as saídas de Paulinho (8 milhões), Fatawu (8 milhões por 50% do passe) e Nazinho (dois milhões), um suplente e dois emprestados.

Mas também já adquiriu Kovacevic, por cinco milhões, e também pretende um ala-esquerdo, um extremo e um ponta de lança. O que significa que terá de continuar a vender - Esgaio, St. Juste e Edwards não são prioritários... - e prescindir de, pelo menos, um titular. Já se percebeu que o sacrificado é Diomande, mas se o mercado não se aproximar dos valores pretendidos pelo costa-marfinense provavelmente os leões terão de prescindir do menos influente dos intocáveis: Gonçalo Inácio. Só assim conseguirá segurar Hjulmand, Pedro Gonçalves e Gyokeres.