À espera de Diogo Jota
Olhámos para todos menos para ele. E, mais uma vez, não é que não estivéssemos à espera
H Á jogadores que nos surpreendem sempre, apesar de estarmos à espera. Alguém diz O Liverpool ganhou, sabes quem marcou os golos? E nós disparamos O Salah? Não? O Mané! Também não? O Jota? A sério? O Jota, pá! E não é que não estivéssemos à espera…
Toda a gente olhou para a defesa dizimada de Klopp e poucos perceberam que, à frente, ninguém acertava na baliza. Nem o ainda melhor jogador africano, nem o Messi egípcio ou o falso 9 brasileiro. Ainda muito menos o Ox, o Shaq e o Origi, que por muito que os tentem convencer que no meio está a virtude é das alas que gostam mais. Ninguém exceto Jota, que se lesionou.
Na Seleção, andavam todos a olhar para Ronaldo, para o VAR e para a braçadeira caída. Para Ali Daei e para a meta ao fundo da rua. Para o grande líder do ManUnited e para o miúdo que um Cholo anda a estragar. Olhámos para todos menos Jota. E, mais uma vez, não é que não estivéssemos à espera. Estávamos e, mesmo assim, surpreendeu-nos.
Talvez o Wolves devesse ter pedido o dobro. Talvez Atlético Madrid e FC Porto o devessem ter aproveitado mais. Eventualmente ainda não estavam à espera. Só mesmo Kloop, quando nós dizíamos que dificilmente iria jogar em Anfield, já o tinha planeado depois de tanto tempo a observá-lo. Porque é preciso olhar com atenção.
Não é jogador para fintar três ou quatro de uma vez, mas é rápido com a bola e sem esta. Tudo nele é decisão. Leitura de espaço, dos companheiros que o libertam e dos defesas que o desocupam. E não deixa nada nas entre linhas, aproveita tudo. O seu futebol faz-se de inteligência, todas as finalizações são clínicas. E depois, é trabalho. Humildade. Confiança. Tranquilidade. Não há fora de série mais vulgar. Ou mais raro.
Já sei que vou voltar a escrever sobre ele em breve. É melhor que fiquem à espera.