A derradeira fase

A derradeira fase

OPINIÃO06.04.202306:30

Enquanto há campeonato e Taça de Portugal, o FC Porto tem a mesma exigência e entrega máxima, sem nunca atirar a tolha ao solo

APÓS a paragem para as seleções, a nossa Liga recomeça a nove jornadas, decisivas, do fim do campeonato. A questão essencial é como se apresentarão as equipas, em função das necessidades, para conseguirem os objetivos perseguidos. Todas as pausas acabam sempre por ter influências nas prestações de cada clube. O Estoril, ao vencer em casa o Gil Vicente, conseguiu motivação para conseguir pontos. O Benfica venceu em Vila do Conde. O Paços de Ferreira, na luta para ultrapassar o risco de descida, empatou em Guimarães e o Marítimo venceu o Boavista para tentar manter-se na Liga. O sporting venceu naturalmente o Santa Clara, o último da classificação. O Braga ganhou em Chaves e mantém-se na luta pela Champions, assim como os leões. O Vizela segue com regularidade e segurança, mas o destaque vai para o Arouca, que venceu em Famalicão e ocupa o 5.º lugar na classificação.

Enquanto há campeonato e Taça de Portugal, o FC Porto encara todos os jogos com a mesma exigência e entrega máxima, até ao fim, sem nunca atirar a tolha ao solo. Desperdiçaram-se oportunidades e como o campeonato foi dividido em duas partes, fugiu-se à rotina indispensável. Ninguém consegue vencer sempre todas as provas. Cada equipa entra nas competições com a esperança do melhor resultado possível. 

Os jogos pelo clube e pelas seleções constroem uma época muito exigente e cansativa, nas quais surgem situações que podem aumentar a qualidade do desempenho, mas também outros momentos, em que há algum desacerto natural: nunca se joga sozinho, mas sempre contra outras equipas que pretendem também conseguir o melhor. No Dragão, os azuis e brancos defrontaram o Portimonense. Quando o jogo se limita ao que é exigido a cada equipa, o futebol valoriza-se e revela a sua imprevisibilidade. Quando assim não é e acontecem decisões erradas, é urgente penalizar quem assim desvaloriza o jogo e interfere no processo da pontuação classificativa. 

Os azuis e brancos entraram no Dragão para controlar o jogo. O Portimonense, bem organizado, procurou fechar espaços e desdobrar-se com eficácia. Se os jogos são disputados e resolvidos pelas equipas, acontece futebol, porém quando o árbitro tem influência no resultado, quer nas decisões importantes quer nos pequenos lapsos que impedem organizar o jogo, o futebol empobrece. 

Foi isso que aconteceu no Dragão: ficou a impressão de erros e interpretações cirúrgicas. Nesta fase, é imprescindível que a arbitragem seja avaliada, jogo a jogo, para reduzir falhas e aumentar acertos, especialmente naqueles lances onde pode nascer um momento de risco que é travado sem coerência. Há sempre desperdícios de oportunidades, assim como jogadas que se tornam eficazes. 

Como o campeonato foi atípico, fugiu-se à rotina indispensável. Cada equipa entra nos campeonatos com a esperança no melhor resultado possível. Foquemo-nos em Taremi. Iniciou a época em grande forma, habitualmente é o melhor marcador da equipa, depois foi convocado para a seleção do Irão, para o Mundial do Catar. 

Marcou golos, fez viagens longas, com adaptações a vários níveis e após o regresso ao FC Porto, foi notória a baixa produtividade natural, porque a cabeça viveu fases complexas com realidades díspares e houve momentos de grande dificuldade, como se tivesse sido atacado por um vírus que provocou cansaço e perda de confiança, sempre tentando o melhor, mas não o conseguindo. 
 
Saiu para o Mundial em forma, regressou cansado, abatido, lutando sempre. Os passes sem a tradicional alma, embora com muito esforço para tentar o regresso de goleador. Surgiu o Ramadão e as inevitáveis carências físicas. Taremi não perdeu valor, apenas foi atingido por uma fase menos profícua, sempre dando o máximo e, por vezes, com as decisões contraditórias com que a arbitragem o penaliza injustamente. 

Sérgio Conceição sempre desafiante, sempre exigente e sempre para tentar vencer. O Mundial criou fase de abaixamento competitivo natural, mas nunca desanimando, antes desafiando os que entram em campo. Essa é a dinâmica e identidade dos campeões. As pausas para os jogos da Seleção obrigam a deslocar vários jogadores essenciais. O aumento da densidade competitiva cria problemas graves ao futebol e em especial aos jogadores.

Eustaquio pode ficar sem férias e o FC Porto, mais desfalcado, porque o atleta integra a seleção do Canadá, numa série de jogos exigentes: Liga das Nações, Gold Cup e Final da Taça de Portugal. Caso o jogador participe nas diversas competições, pode perder o início da preparação para a próxima época. 

O Benfica tem vantagem pontual que permite confiança, mas já ninguém recorda os jogos do início da época, onde se alicerçou essa vantagem. Começar bem, com deslizes dos adversários (e dos árbitros) é sempre uma vantagem motivadora e com mais possibilidades de alcançar o título. O FC Porto continua com a possibilidade de elevar o número de títulos em disputa nesta época.
 

COMITÉ OLÍMPICO INTERNACIONAL 

OCOI recomenda que os atletas russos e bielorrussos participem em provas internacionais, sob bandeira neutra e a nível individual. A ministra alemã do desporto, Nancy Faeser, entende essa decisão como «uma bofetada aos atletas ucranianos», defendendo que que não existe qualquer razão para que a Rússia regresse ao desporto mundial: «O exército russo mata, todos os dias, inúmeros ucranianos, entre os quais muitos atletas». 

A guerra lançada pela Rússia, deve merecer a exclusão dos atletas russos e bielorrussos. O COI só mais tarde decidirá sobre a participação desses países nos Jogos Olímpicos de Paris’2024. O presidente do COI, Thomas Bach, em conferência de imprensa, recomendou às federações internacionais a possibilidade de participação de atletas com passaporte russo ou bielorrusso nas competições, o que contraria a decisão da ministra do desporto da Alemanha.  Quanto à participação em Paris’2024 e Milão-Cortina’2026, Bach adiou a decisão, após a ameaça de boicote da Ucrânia, Polónia e Países Bálticos, para impedir o regresso de atletas daqueles países aos grandes eventos internacionais. 

Nesta situação de guerra criada pela Rússia com o apoio da Bielorrússia, tem de haver coerência, justiça e um bloqueio global até que quem começou a guerra decida o seu fim e a paz regresse. Caso contrário, é uma grave afronta e falta de dignidade, os atletas russos e bielorrussos participarem nessas competições. Que se saiba, os atletas russos e bielorrussos não são apátridas para o desporto e nacionalistas para a guerra. A decisão, como destacou a ministra alemã do desporto, não pode permitir que esses países estejam representados por qualquer atleta, o que seria uma grave ofensa à humanidade.
 

MUNDIAL SUB-20 

AFIFA retirou esse Mundial à Indonésia, porque como apoia a Palestina, pretendia afastar Israel. De imediato, o Presidente da FIFA resolveu a questão e agora falta saber onde será realizada essa prova. Embora a Argentina, que não foi apurada, possa eventualmente candidatar-se em função do curto prazo para organizar, porquanto não se apurou para esse evento e assim seria uma forma de disputar esse campeonato.
 

FUTEBOL COM PREVENÇÃO

JÁ anos atrás, se abordou a relação das doenças mentais, particularmente após as investigações de cientistas ingleses que agora voltam a ser divulgadas do estudo de um Instituto sueco, designado Karolinska. Em Portugal, apesar do aconselhamento do futebol informal, até aos 11 anos, nem sempre se tem atenção a esse fator. Um médico da seleção alemã, em 2020, criou uma publicação simples, sobre o cabeceamento dos mais jovens.

Apesar de ainda não estarem completamente tipificadas a influência dos cabeceamentos precoces, há uma tendência que pretende reduzir ou mesmo evitar esses momentos e, por isso, a UEFA está a preparar uma decisão sobre o assunto em função do recente estudo do Instituto sueco. Nos Estados Unidos da América, chegou-se à conclusão da relação do futebol (cabeceamentos) com a doença de Alzheimer e demência leve. Em Inglaterra, o caso tornou-se muito discutido pois foram vários os jogadores, incluindo jogadores famosos de seleção, com doença mental, que coincidiram no tempo e faleceram dessa doença. Em Portugal, são publicamente conhecidos alguns exemplos. 

Por isso, a Federação Inglesa de Futebol criou um guião especialmente para os escalões de formação: banir o cabeceamento nos jovens com menos de 7 anos; no escalão de menos de 12 anos, o cabeceamento é de baixa prioridade, apenas utilizado numa sessão mensal e somente com um máximo de 5 cabeceamentos por atleta; no escalão dos 14 aos 18 anos continua a ser de baixa prioridade, apenas numa sessão mensal e dez cabeceamentos numa sessão de treino semanal. 

A intensidade do jogo aumenta, a exigência é cada vez maior e, quer o cabeceamento na bola, quer as concussões, agravam a possibilidade de caminhar para uma situação de demência. Ainda bem que os jogadores mais famosos assumiram essa doença, porque estão a originar investigações imprescindíveis, tanto mais que o futebol caminha para um enorme aumento de jogos durante uma época. Portugal deveria também intensificar estudos sobre um tema que ainda é silencioso, mas com consequências muito graves. Os investigadores suecos apresentam, como risco de demência para a população geral, 10% a 20%, valores que aumentam para 15% a 30% se forem jogadores de futebol.
 

REMATE FINAL 

FC Porto ultrapassou, pela sexta vez consecutiva os 100 golos na época; só o Bayern, o PSG e o City ficam à frente dos azuis e brancos. 

Nesta época, até ao momento, Pepê é o jogador com mais jogos: 43.

O presidente da Liga, descolou-se à Assembleia da República, a uma comissão de trabalho parlamentar onde comprovou que os seguros das competições profissionais são muito elevados para o nosso futebol se conseguir manter competitivo e de qualidade. Conclusão: é preciso reduzir impostos e ter acesso a benefícios fiscais, inclusivamente a redução do IVA na receita da bilhética.

O FC Porto foi reconhecido pela Liga Portugal com a distinção de Responsabilidade Social, em fevereiro, pela campanha ‘Fome Zero’. Os bens recolhidos foram entregues a duas instituições: Liga da Boa Vontade e Coração da Cidade.

É lamentável o Presidente do Sporting fazer declarações ‘incendiárias’!