Entrevista A BOLA: «Jesus é espalhafatoso, mas os jogadores têm de saber viver com isso»

Benfica Entrevista A BOLA: «Jesus é espalhafatoso, mas os jogadores têm de saber viver com isso»

NACIONAL22.06.202317:20

Admirador confesso do treinador português, com quem sempre desejou trabalhar, Diogo Gonçalves falou, em entrevista a A BOLA, sobre os vários técnicos que apanhou quando esteve no Benfica.


Conheceu vários treinadores no Benfica, comecemos por Rui Vitória.
- Acima de tudo foi o treinador que apostou em mim, puxou-me para cima na pré-época, lançou-me, permitiu-me jogar pelo Benfica, é um treinador por quem terei sempre estima ao longo da minha vida, foi ele que me lançou no futebol profissional e só tenho de agradecer-lhe ter-me dado essa possibilidade.


Nessa altura sentiu que poderia conquistar o seu espaço na equipa do Benfica?
- Senti, mas senti também que faltou sempre aquela pontinha de sorte num jogo ou outro, a bola que não entrou, a grande defesa de De Gea em Old Trafford… [minuto 18 do Manchester United-Benfica (2-0), de 31 de outubro de 2017, fase de grupos da Liga dos Campeões], disparo forte de longe, espanhol e voa e desvia por cima da trave]. Um treinador lança um jogador, um miúdo da formação, as coisas acabam por não acontecer logo, e depois tem jogadores contratados por muito dinheiro. É normal. Benfica é aquele clube que quer rendimento imediato, que não tem tempo, é normal, é natural.


Depois, Nottingham Forest por empréstimo, um ano para esquecer ou para recordar?
- Não digo que em termos pessoais tenha sido um ano perdido, estava sozinho, cresci muito com adversidades que se calhar não voltarei a encontrar, mas não correu bem. Fui por empréstimo, em caso de dúvida o treinador opta sempre pelo jogador da casa, correu mal. Mas não me arrependo de ter ido para lá, fez-me entender muita coisa. E fez-me ir para um clube importante para mim.


Famalicão, por empréstimo.
- Famalicão. Clube que adoro, as pessoas, a cidade, é maravilhoso, clube certo para um jovem jogador crescer e desenvolver-se. Temos o Pedro Gonçalves, Racic, Toni Martínez. Ano espetacular, chegámos às meias-finais da Taça de Portugal e quase eliminávamos o Benfica.


João Pedro Sousa, o treinador de então, que regressou.
- É uma pessoa que irei adorar até ao resto da minha vida, não só como treinador, mas também como pessoa.


Embalado pelo Famalicão, regresso ao Benfica, 2020/2021, com Jesus.
- Dizia muitas vezes ao meu pai que queria apanhar Jorge Jesus um dia, ser treinador por ele. Dizia isso antes de encontrá-lo, já queria trabalhar com ele, porque via que potenciava os jogadores e que era muito intenso, vivia o futebol e eu gosto disso. E foi isso mesmo que aconteceu, é treinador que percebe muito de futebol, que trabalha muito bem, claro que depois tem as coisas dele, é espalhafatoso, há jogadores que não sabem viver com isso, mas têm de saber viver com isso.  


Benfica fez investimentos caros em jogadores para a sua posição na era Jesus. Sentiu-se que lhe foram dadas as mesmas oportunidades que a jogadores como Everton Cebolinha ou Pedrinho?
- Senti, embora não tantas na posição específica de extremo-direito. Mas depois acabo por recuar e jogar no sistema de jogo, penso que gostei dele e ele gostou de mim desde o princípio, nunca me deixou sair em janeiro, mesmo quando não estava a jogar nisso. Creio que foi o melhor momento que tive no Benfica, fiz aquele golo ao Arsenal… Gostei muito de trabalhar com Jesus.


E ainda faz uns meses com Nélson Veríssimo quando Jesus sai…
- Com Nélson Veríssimo joguei regularmente, ainda chegámos aos quartos de final da Liga dos Campeões.