«Fiquei arrepiado quando o Neemias foi campeão da NBA»
Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

«Fiquei arrepiado quando o Neemias foi campeão da NBA»

BASQUETEBOL06.08.202410:34

Sporting já começou a preparar a temporada em Alvalade sob as ordens de Luís Magalhães, mas o capitão Diogo Ventura, um dos três sobreviventes de 2023/2024, contou como é jogar com um campeão da NBA

Depois de três treinos divididos entre a passada quinta e sexta-feira ainda sob a orientação de Pedro Nuno Monteiro, o qual terá chegado a acordo com o clube para rescisão dos dois anos de contrato que prorrogara na passada temporada, o Sporting regressou, ontem, aos trabalhos para a 2024/25 já sob a orientação de Luís Magalhães, que, volvidas duas temporadas, está de regresso a Alvalade.

Entre os jogadores à disposição de Magalhães, apenas três transitam da última época: os internacionais Diogo Ventura, Diogo Cruz e Arnett Halman.

Ora, antes de voltar a vestir o equipamento do Sporting, na passada semana Ventura, 30 anos, teve oportunidade de jogar com Neemias Queta, 25, só que desta feita não na Seleção mas contra o poste dos Boston Celtics num cinco contra cinco realizado na homenagem que o patrocinador da Liga Betclic efetuou em Lisboa a Neemias e onde os dois eram os únicos profissionais em campo.

Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

A última vez que ambos haviam jogado juntos havia sido em agosto de 2022, em Odivelas, na vitória de Portugal contra o Chipre (102-69), na fase de pré-qualificação para o EuroBasket 2025. Foi também a última ocasião que Queta atuou pela Seleção e desde então muita coisa mudou na carreira na NBA.

Portugal quer ir ao EuroBasket, mas terá de cumprir a última fase da qualificação sem ajuda de Neemias porque nessa altura tem o compromisso com os Celtics. Por isso quisemos saber junto de Diogo o que Neemias traz à Seleção quando está presente. «Acho que tudo o que disser que o Neemias , acrescenta à equipa portuguesa toda a gente já sabe. Obviamente que somos muito mais fortes com ele. Traz-nos coisas que, infelizmente, são inigualáveis, dentro e fora do campo. O ambiente que leva para o grupo também é muito bom. Trata-se um rapaz superhumilde. Vindo da NBA continua a ser modesto, respeita toda a gente e entra nas brincadeiras como um elemento mais novo», vai contando o base e capitão dos verdes e brancos.

Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

«No ano que esteve connosco na Seleção [2023], em que era rookie, aceitou todas as brincadeiras. Aliás, ele próprio queria entrar nas brincadeiras que se faz aos estreantes», acrescenta. «Quanto a nós não nos importamos nada de fazer a qualificação sem ele, e depois que chegue só para esse momento alto, caso nos apuremos», diz.

«Queremos que venha, estamos à espera dele com os braços abertos, e vamos fazer tudo para tornar voltar a levar Portugal a um EuroBasket. Aí, contando com armas como Neemias, acreditamos que seremos capazes de ganhar jogos», salienta.

Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

E sente quando ele está em campo, sobretudo podendo, por vezes, atuar um pouco a guarda-redes junto a cesto, que intimida o adversário? «Sem dúvida, naquele mês em que trabalhámos juntos, tive sensações dentro do campo que nunca sentira. Nunca tive a oportunidade de jogar com um jogador como o Neemias. Para nós torna-se bastante mais fácil. Podemos pressionar muito mais a bola e sermos mais agressivos porque sabemos que temos o dito guarda-redes para nos proteger. Era como o nosso guarda-costas e estávamos à vontade para defender que nem uns cães raivosos», diz sorrindo.

«Ao nível do ataque, era muito mais fácil também jogar o pick and roll, porque sabíamos que à mínima ajuda que viesse era atirar a bola lá para cima que o Neemias faz os seus afundanços incríveis».

Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

O Diogo é um base que gosta de penetrar na área restritiva. Com o Neemias à frente, a jogar do lado contrário, seria mais complicado? «Felizmente, ou infelizmente, nunca joguei contra o Neemias. Só tive oportunidade de o defrontar agora, mas foi mais em modo brincadeira. Mas sim, nos treinos a equipa adversária sentia muitas dificuldades em marcar os ditos pontos fáceis debaixo do cesto. Tínhamos que apostar muito mais no jogo exterior e é essa diferença que o Neemias principalmente traz e condiciona muito o jogo do adversário», vai analisando Diogo.

Referiu as praxes aos mais novos na Seleção, ele continua a ser um dos mais novos, mas torna-se mais complicado fazer essas praxes a um campeão da NBA? «Ele já foi praxado naquela época, agora, a partir do momento em que voltar, já não tem de cumprir mais nada. Se bem que foi é o primeiro a perguntar se é preciso ajuda, carregar alguma coisa… É o primeiro a estender a mão ao colega e a todo o staff. Mas não, agora já não é rookie e já teve o seu corredor da morte: levou uns calduços na primeira internacionalização. Agora estamos apenas à espera que regresse à Seleção».

Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

Nunca esperou jogar na equipa nacional com um campeão da NBA? «Não. Quando o Neemias entrou na NBA senti um orgulho imenso de um miúdo que joga basquete desde os 6 anos e sempre acompanhou, teve ídolos e assistia aos play-offs da NBA. Ver o crescimento do Neemias e este ano quando foi campeão, mandei mensagens a colegas que começaram a jogar comigo e hoje são grandes amigos de infância — foi com eles que cresci a ver o Kobe Bryant, o LeBron James — em que dizia: ‘Fogo! Aqui há uns anos estávamos a olhar para ali e aquilo era tudo intangível e agora vemos o Neemias, um miúdo super simpático, português, aqui da margem sul, e eu até já fui companheiro de equipa dele… Não sei, não consigo explicar isto, fiquei todo arrepiado quando vi que o Neemias a ser campeão», concluiu.