«É uma loucura!», Hugo Salgado leva Kriol Star ao BAL
Hugo Salgado, ao centro, com barba grisalha Fotografia FIBA

«É uma loucura!», Hugo Salgado leva Kriol Star ao BAL

BASQUETEBOL03.12.202422:31

Treinador português conseguiu colocar uma equipa cabo-verdiana na Basketball Africa League pela primeira vez que um clube deste país entro na fase de qualificação. Disputou a meia-final da Divisão Este, que em caso de vitória apurava automaticamente, com apenas nove jogadores. Hoje perdeu a final face aos anfitrões do Quénia, mas a felicidade pelo feito não ficou diminuída.

«Chamam-nos a Cinderela da competição, dizem que é o conto e fadas para prova… Ninguém acreditava que nos conseguíssemos apurar para a BAL e chegássemos à final. Acho que [na segunda-feira], só 13 pessoas em África acreditavam que podíamos ganhar, mais ninguém. Éramos nós. Isto é uma loucura!», exclamou Hugo Salgado a A BOLA, um dia após ter levado o Kriol Star à vitória sobre os superfavoritos e invictos Urunani, do Burundi, por 82-90 na meia-final da fase de qualificação da Elite 16, Divisão Este, da Basketball Africa League, disputada em Nairobi.

A BAL foi criada pela NBA em 2021, com o apoio da FIBA, para reunir os melhores conjuntos africanos e na qual, para a quinta temporada, em 2025, o Kriol Star será o primeiro clube cabo-verdiano a atingir a fase de grupos. A fase inicial começa apenas a 5 de abril, já com os conjuntos divididos por conferências, termina em maio e terá o arranque do play-off a 6 de junho.

Fotografia FIBA

Salgado, de 37 anos, ex-treinador na Liga Betclic que tem andado pelo norte da Europa, é igualmente o primeiro técnico português a apurar uma formação para a BAL, onde os angolanos do Petro de Luanda são os atuais campeões.

«O Urunani nunca tinha perdido, estavam com 7-0. A primeira derrota deles foi connosco», diz Hugo, orgulhoso. «Foi histórico para Cabo Verde, o país nunca tinha jogado a fase de qualificação e logo à primeira acabámos por nos apurar. Um dos países mais pequenos de África está na BAL… É gigantesco para Cabo Verde. Quase como, mas um nível abaixo, quando se apuraram para o Mundial», compara.

Fotografia FIBA

Por incrível que pareça, o Kriol Star até começou por perder os dois jogos da fase de grupos em Outubro, na Líbia, e só seguiu em frente graças a um wild card para a 2.ª fase de qualificação onde conseguiu ser semifinalista com 2 v-1 d.

Na meia-final apenas estavam disponíveis nove jogadores e, já ontem, na final, contra os anfitriões quenianos Nairobi City Thunder, Salgado ficou ainda privado do americano Patrick McGlynn, que na semifinal registou 35 pontos.

«Não podia utilizá-lo, está com um toque e não ia força-lo a isso. Mas a final quase não contou para nada, já estávamos apurados. Assim como não interessou o jogo para o 3.º lugar [o Urunani bateu os ugandeses do City Oilers por 75-77]. Se estivesse estado lá no banco estava amuado», brinca sobre aquelas que ficaram afastados da BAL 2025.

«Nunca pensei chegar à final depois de termos perdido os dois encontros na Líbia contra duas equipas que também se apuraram para a BAL. Não vinha preparado para isso, aqui estavam ainda oito equipas em dois grupos de quatro», desabafa entre emoções.

«A final foi quase como um prémio de consolação», conta sobre a derrota de hoje por 99-86 (27-22, 30-19, 23-16, 19-29) face aos City Thunder. «Mas estou feliz. Foi um momento, tanto ao nível da equipa como pessoal. Esta formação veio representar o campeonato de Cabo Verde, que só começa no verão. Foi um grupo criado pelo Joel Almeida e construído em poucos dias. Quase nem treinámos e depois só em Tripoli e agora aqui em Nairobi. Mas é histórico», concluiu.