Del Potro revela inferno com lesões: as operações secretas, as dores e o dilema da prótese
Antigo tenista argentino relata uma vida de dor constante desde que foi operado pela primeira ao joelho em 2019; fez oito operações, muitas delas não divulgadas
É o outro lado da carreira de um desportista: a dor constante. Num vídeo de mais de 10 minutos, o antigo tenista Juan Martin del Potro relata, aos 36 anos, como é viver todos os dias com dor e anuncia a sua despedida com um último jogo contra Novak Djokovic, em Buenos Aires.
O argentino, que fez mais de uma dezena de operações, entre pulsos e joelhos, deixou de jogar em 2022 e diz que não consegue correr bem há anos, nem fazer outras tarefas que podemos considerar mundanas: «Não corro desde os 31 anos. Não consigo subir bem escadas, chutar uma bola. Nunca mais joguem bem ténis.»
O relato cru - confessa que fez algumas operações que não foram públicas - olha já para a reforma e qualidade de vida que lhe resta e gostaria de ter. «Diariamente tomo 6 a 8 comprimidos, entre analgésicos, anti-inflamatórios, contra a ansiedade. Fiz 8 cirurgias, com médicos de todo o Mundo, a gastar fortunas. Desde a quinta que nunca mais tornei nenhuma pública. Todas as vezes em que me davam anestesia eu esperava que o problema fosse resolvido e depois de 2 ou 3 meses eu ligava sempre para os médicos para lhes dizer que não tinha funcionado. Há médicos que me dizem que posso colocar uma prótese e recuperar alguma qualidade de vida. Mas outros dizem-me que sou muito jovem para uma prótese. Vivo mais 15 anos da minha vida assim para aos 50 colocar uma prótese e estar mais ou menos bem até aos 60? Estou neste dilema e espero que um dia isto acabe, porque quero viver sem dores», diz.
Entre cirurgia e cirurgia, experimentei tratamentos. Não sei, devo ter mais de 100 injeções na perna, na anca e nas costas... Fizeram-me infiltrações, analisaram-me, queimaram-me nervos, bloquearam-me tendões... um sofrimento diário, que, na verdade, sinto todos os dias
«Quando fiz a primeira cirurgia em junho de 2019, o médico disse que eu voltaria a jogar daí três meses. Desde aquele momento, nunca mais consegui estar sem dor. Dói quando conduzo, quando me vou deitar. Tem sido um pesadelo sem fim. Sinto-me péssimo. A minha vida quotidiana não é o que eu gostaria que fosse. Não posso jogar futebol, não posso jogar padel. É terrível. Tiraram-me a oportunidade de fazer o que eu mais amava, que era jogar ténis», recorda.
Passou largos meses na Suíça a tentar recuperar, mas nunca a cem por cento. «Entre cirurgia e cirurgia, experimentei tratamentos. Não sei, devo ter mais de 100 injeções na perna, na anca e nas costas... Fizeram-me infiltrações, analisaram-me, queimaram-me nervos, bloquearam-me tendões... um sofrimento diário, que, na verdade, sinto todos os dias», afirma Del Potro.
E fala então da despedida: «Comecei uma minha dieta, estou a perder peso, estou a treinar. Quero chegar a essa partida na melhor forma possível. É um encontro para dizer adeus e o Novak foi muito generoso em aceitar o meu convite. Se pelo menos por uma, duas ou três horas eu puder estar em paz e feliz num court de ténis, será lindo.»