Daniel Vieira-Tuck: «Achei um bocado louco, nunca disse que não queria ir ao Europeu»
Fotografia FPB

Daniel Vieira-Tuck: «Achei um bocado louco, nunca disse que não queria ir ao Europeu»

BASQUETEBOL05.09.202409:10

Ex-jogador do Benfica B rejeita a afirmação do selecionador sub-20 que não o convocou porque desejava ir para os Estados Unidos ganhar dinheiro e conta que nunca falou com André Martins, nem foi este quem o dispensou da Seleção para a Roménia

Em junho, quando o selecionador nacional sub-20 André Martins escolheu os 12 elementos para o Europeu Divisão B de Pitesti, um dos pré-convocados que acabou dispensado da Seleção que atuou na Roménia foi Daniel Vieira-Tuck, de 19 anos, que na passada temporada esteve no Benfica B.

Questionado por A BOLA na apresentação do campeonato quais as razões da ausência não só da maior estrela, Rúben Prey, mas também de Vieira-Tuck, sobre o segundo o técnico contou que Daniel até «foi convocado», mas que era uma «uma situação diferente» da de Prey, impedido de regressar à Europa pela Universidade de St. John’s, onde a partir desta época atuará na NCAA.

«O Tuck... bem, nem queria muito falar nisto, mas vou dizer-lhe claramente: o Tuck não quis continuar na Seleção. A resposta que me deu foi: ‘Quero ir para os Estados Unidos ganhar dinheiro’. Já assinou com uma universidade e não teve disponibilidade mental para fazer o programa de trabalho com as regras e princípios que temos. Portanto, ficou fora», justificou.

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Em Dallas, onde viveu a maior parte da vida, Daniel, ficou surpreso ao saber da declaração e quis contar a sua versão, mas preferiu não o fazer enquanto Portugal não terminasse o campeonato para que não se tornar-se numa distração para a equipa que, depois de perder nos quartos de final, ainda garantiu a 7.ª posição.

Conversámos, ainda em Dallas, com Daniel, que, entretanto, em agosto, teve de adiar, por um ano, o ingresso na Universidade de Memphis, liderada pela antiga estrela da NBA Penny Hardaway. Competirá até lá na Diamond Doves of Overtime Elite, liga profissional para jogadores entre os 16 e 20 anos.

A primeira pergunta é bastante fácil: ficou surpreso ao saber que o selecionador dissera que a razão pela qual não ficou na Seleção e não foi ao Europeu deveu-se a lhe ter dito que queria ir para os Estados Unidos para ganhar dinheiro? André Martins disse ainda disse que você não estava com a vontade para passar por todo o processo necessário até ao campeonato, o que nos pode dizer sobre isso? «Achei tudo isso um bocado louco porque essa não foi definitivamente a razão. Nem sequer falei sobre nada disso. Não chegámos a conversar. Mesmo quando fui dispensado nunca tivemos uma conversa. Fiquei realmente surpreso por ter afirmou tal coisa já que nunca falámos sobre o assunto», reforça.

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Mas conferenciou com algum outro responsável da equipa nacional, diretor da federação portuguesa ou outra pessoa? «Não. O manager da equipa chamou-me e disse-me que estava dispensado. Foi tudo. Não falei com ninguém sobre ir para os Estados Unidos», volta a garantir Daniel que deixara boa impressão em jogos dos sub-20, registando média de 15 pontos.

E estava com vontade de ir ao Europeu? «Queria ir com tudo. Pensei que seria convocado e iríamos realizar um bom campeonato. Tinha-me preparado para isso», diz. Mas não tem nenhuma ideia porque razão o treinador terá dito aquilo? «Não, não sei. Nunca falámos muito, por isso não consigo perceber onde terá ido buscar essa ideia», assegura o jovem, filho do ex-basquetebolista Mack Tuck, campeão na Portugal Telecom (2002/03), jogou no Aveiro Basket (2005/06) e atualmente treinador na China.

E, apesar da maioria dos seus colegas de seleção saberem inglês, assim como os dirigentes da federação e treinadores, uma vez que não fala português, sentiu que alguma vez tenha sido uma barreira de comunicação com o técnico ou diretores? «Nunca foi uma barreira. Os meus colegas sempre me ajudaram quando era necessário», refere. Então isto que André Martins disse sobre si, não terá sido por um problema linguístico. «Não, não pode. Apenas não sei porque o afirmou», descarta a hipótese.

E, Daniel, por curiosidade, seguiu o campeonato pela internet ou viu algum jogo de Portugal? Não, acompanhei nem vi nenhum».

Outra questão, esta época fará 20 anos, o que significa que poderá vir a integrar muitas outras seleções nacionais. Gostaria de ir? «Sim! Claro que quero ir», responde de imediato.

Tendo-se iniciado o basquetebol aos seis anos, e considerando-se um base versátil, que gosta sobretudo «de ganhar», como qualquer jovem Daniel sonha conseguir vir a atuar na NBA, mas não afasta a hipótese da carreira vir a passar pela Europa e nem afasta a possibilidade de ser em Portugal. «Claro que gostaria de ir para a NBA. Sou jovem, tenho trabalhado bastante e espero ter a oportunidade de ir para a NBA, Mas sim, teria gosto em também voltar a atuar na Europa. Adoro o basquetebol e quero fazer disto a minha carreira, por isso desejo ir o mais longe possível», adiantou Vieira-Tuck que, na época temporada, teve no Benfica B a única experiencia basquetebolística fora dos Estados Unidos.

Veio à procura «de um local para me desenvolver e jogar, com esperança de evoluir com objetivos competitivos», salienta. E como foi a época? «Poderia ter ido melhor, mas foi uma oportunidade de aprender e estou agradecido por tudo o que lá vivi», concluiu.

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