Conhece bem a Grécia, «ama» os ex-colegas do FC Porto e deixa alertas
Thomas Bauer, austríaco que jogou duas épocas no FC Porto, jogou três anos no país de onde vem o primeiro adversário dos Heróis do Mar no Europeu
Portugal estreia-se nesta quinta-feira no Europeu frente à Grécia, que pela primeira vez se apurou para a fase final e que é uma equipa relativamente pouco conhecida internacionalmente.
Mas como queremos estar bem documentados, decidimos ouvir quem percebe do assunto, e fomos recebidos de braços abertos por Thomas Bauer. Se a saída em ‘leque’ do guarda-redes austríaco assustou muitos adversários do FC Porto nas duas épocas em que defendeu a baliza dos dragões, a nós deu-nos o conforto de saber melhor com o que a equipa de Paulo Jorge Pereira pode contar.
«O ponto forte da Grécia é, sem dúvida, a confiança que criou nos últimos anos ao conseguir melhores resultados em jogos internacionais, tanto nas competições de clubes, como com a seleção nacional. Eles não vão ao Europeus apenas para aproveitar o ambiente», aponta, antes de detalhar os jogadores mais importantes dos helénicos.
«O jogo deles assenta num guarda-redes muito forte, Petros Boukovinas, que ainda está fora do radar internacional, mas que começa a fazer nome no andebol. Além disso, têm o jovem lateral-direito Achilleas Toscas, que é um jogador incrivelmente talentoso, e que vai jogar na Bundesliga [Estugarda] na próxima época», realça, ele que depois de deixar os dragões rumou ao AEK, mudando-se uma época depois para o Olympiakos, que representou até ao ano passado.
Não consigo expressar o quanto ainda amo os meus ex-companheiros do FC Porto. Ver aquilo que eles têm feito nos últimos anos deixa-me orgulhoso como um irmão mais velho
Ao longo da carreira, o guardião participou em quatro Europeus e quatro Mundiais num percurso que teve mais de 160 internacionalizações e a experiência faz com que atribua o favoritismo ao conjunto luso, ainda que deixando um alerta.
«Se Portugal mostrar o seu verdadeiro poder, a Grécia não deve colocar problemas. Mas se os gregos cheirarem a mínima possibilidade de surpreender, eles podem tornar-se um adversário muito desconfortável. Podem ter a certeza de que eles vão tentar de tudo para serem felizes. Até porque não têm nada a perder», realça.
«Sinto um orgulho de irmão mais velho pelos meus antigos companheiros»
Bauer jogou apenas duas épocas em Portugal, entre 2018 e 2020, mas deixou uma marca no FC Porto e, percebe-se na forma como fala, e por várias publicações nas redes sociais que o tempo que passou em Portugal foi especial.
No clube, o austríaco teve a oportunidade de ver dar os primeiros passos nos patamares mais altos do andebol muitos dos jogadores que agora são líderes da Seleção. Rui Silva, apesar de já ter muita experiência então, contava 26 anos, mas Miguel Martins e Leonel Fernandes tinham ambos 21 aninhos. E Bauer assume que é especial vê-los em campo.
«Não consigo expressar o quanto ainda amo os meus ex-companheiros do FC Porto. O Rui, para mim, é um modelo como jogador e pessoa; o talento do Miguel é tão puro e único e ele continua a evoluir e crescer; e o Leo era ainda uma criança quando o conheci e senti sempre muita responsabilidade por ser companheiro de equipa dele», confidencia o guardião que era também... o barbeiro do balneário.
«Ver aquilo que eles têm feito nos últimos anos deixa-me orgulhoso como um irmão mais velho», acrescenta o guarda-redes de 37 anos que agora defende as redes dos austríacos do Voslauer.
E antes da despedida, Bauer ainda aceita olhar para um menino que não teve oportunidade de conhecer quando esteve no FC Porto, mas que aos 19 anos agarrou a baliza dos dragões e está também na Alemanha.
«O Diogo Rêma é um jovem guarda-redes muito interessante. Neste momento, ele está a fazer o caminho dele, sustentado em grandes exibições que tem feito esta época. Acho que nos próximos anos ele irá desenvolver cada vez mais seu estilo de jogo, mas por enquanto, o objetivo deve ser apenas apreciar o sucesso que está a conseguir», aconselha, assumindo alguma expectativa para ver o torneio que Rêma vai fazer.
«Se espero 15 defesas dele por jogo no Europeu? Não! Mas ele tem a capacidade de virar um jogo e acredito que vai fazê-lo pelo menos uma vez nesta competição e vai ganhar o prémio de MVP do jogo», finaliza.
E é palavra de quem sabe do que fala!