Colega de Neemias nos Maine implora contrato na NBA… pela saúde dos filhos
Tony Snell representa os Main Celtics desde o início da época (Celtics)

Colega de Neemias nos Maine implora contrato na NBA… pela saúde dos filhos

BASQUETEBOL02.02.202414:16

Tony Snell precisa de voltar à NBA para chegar aos 10 anos na liga profissional e a sua família poder beneficiar do seguro de saúde

«Já não é sobre mim, é sobre os meus miúdos.»

Há uma história que está a emocionar a NBA e cujo protagonista é Tony Snell, jogador que leva mais de 600 jogos na melhor liga de basquetebol do Mundo e que é agora companheiro do português Neemias Queta nos Main Celtics, equipa secundária dos Boston Celtics.

Termina nesta sexta-feira o prazo para o base de 32 anos assinar por uma equipa da NBA, nem que seja um contrato de 10 dias, para poder chegar aos 10 anos de NBA e entrar na categoria de reformas da associação de jogadores profissionais que lhe garante um seguro de saúde para ele e para a família.

E neste caso é a família que lhe importa. Mais concretamente, os filhos Kenzo e Karter, de dois e três anos, respetivamente, ambos diagnosticados com transtornos do espectro do autismo.

Senti-me aliviado quando soube que também eu sofria de autismo. Percebi o porquê de ser como sou e toda a minha vida passou a fazer mais sentido. Porque eu sempre soube que era diferente dos outros.

Foi o próprio jogador que revelou, em entrevista à Yahoo, a necessidade de conseguir o novo contrato, assumindo que isso é essencial para poder garantir aos filhos os tratamentos de que eles vão necessitar.

«Claro que eu quero voltar e jogar. Mas agora tenho um objetivo maior. Não é por mim, é pelos meus filhos. É algo de que preciso verdadeiramente», implora o jogador.

Lenda da NBA faz apelo

Snell está longe de ser um jogador desconhecido na NBA. Em 2013 entrou na liga pela porta dos Chicago Bulls, como escolha de primeira ronda do draft, depois de ter dado nas vistas ao serviço dos New México Lobos.

Nas nove épocas seguintes, fez mais de 654 jogos, entre as três temporadas nos Bulls, três nos Milwakee Bucks, uma nos Detroit Pistons, outra nos Atlanta Hawks, representando ainda Portland Trail Blazers e New Orleans Pelicans.

Na época passada, e depois de descobrir o autismo dos dois filhos, Snell admitiu que o comportamento de ambos parecia pouco normal para outros, mas não para ele. Algo que entendeu ao submeter-se aos testes que revelaram que também ele sofria de autismo. 

«Na verdade, senti-me aliviado. Percebi o porquê de ser como sou e toda a minha vida passou a fazer mais sentido. Porque eu sempre soube que era diferente dos outros. Observava os outros miúdos e as outras pessoas e percebia quão interessadas elas estavam em criar ligações. E eu nunca encontrava forma de me ligar a alguém ou de me relacionar. Honestamente, o basquetebol é a única razão para eu ter amigos», reconheceu na mesma reportagem da Yahoo. 

Essa peça jornalística, de resto, criou uma corrente de apoio a Snell. O último a entrar nela foi Charles Barkley, duas vezes campeão olímpico, que fez parte do Dream Team que em 1992 arrebatou o título em Barcelona, e que em 1993 foi MVP da fase regular da NBA, ao serviço dos Phoenix Suns.

«Espero que alguma equipa o contrate até ao final da época. Porque eu não percebo muito de autismo, admito, mas eu sei que deve ser muito caro tratar duas crianças nessa situação. Por isso, faço um apelo à NBA: falamos sempre da família que somos, vamos lá dar um contrato ao rapaz», pediu.

Caso não consiga o desejado contrato, Snell deve continuar nos Maine Celtics, onde sublinha o gosto que lhe dá ajudar jogadores mais jovens, como é o caso de Neemias Queta, quando o português desce à equipa satélite dos Celtics.

«Quero partilhar o meu conhecimento com os miúdos mais novos. Dá-me gozo ajudá-los e mostrar-lhes como vejo as coisas. Estou numa fase da vida em que quero inspirar as pessoas e ajudar o máximo de pessoas possível», admitiu, à Yahoo.

Mas agora é ele que precisa de ajuda. E é de um gesto inspirador que todos estão à espera. O tempo já não é muito. 

Tony Snell joga desde o início da época nos Maine Celtics (Foto: Celtics)

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