‘Alien’ Wemby regressa a casa para mostrar Paris aos Spurs e encantar França
Victor Wembanyama na Bercy Arena, em Paris Fotografia a BOLA

‘Alien’ Wemby regressa a casa para mostrar Paris aos Spurs e encantar França

Cinco meses após a conquista da prata nos Jogos Olímpicos, estrela dos texanos está de novo na capital francesa e tem andado numa roda viva entre eventos oficiais e aqueles que organiza para que os companheiros de equipa conheçam melhor a sua cidade, comida, tradições e história. Não gosta de falar à imprensa, mas sabe que se quer estar na NBA tem de ser assim. Na NBA, só Magic Johnson e Michael Jordan havia criado tanta euforia na Cidade Luz.

PARIS - Pelo terceiro ano consecutivo, quarta vez em cinco temporadas, sequência apenas interrompida entre 2021 e 2022 devido à pandemia, a NBA está em Paris para dois encontros oficiais da regular season. Só que, desta feita, existe uma magia maior em torno da visita dos San Antonio Spurs (12.º do Oeste, 19 v-22 d) e Indiana Pacers (5.º do Este, 24 v-19 d) para os embates desta quinta-feira e sábado.

As equipas estão longe de serem candidatas ao título da 79.ª temporada, mas o ambiente em redor talvez só seja comparável quando os Lakers, com Magic Johnson, nos dois últimos encontros que efetuou antes de descobrir que tinha o vírus HIV, visitaram a capital francesa para o 5.º Torneio McDonald’s – quase perdiam a final para o Juventut Badalona (116-114). Ou então, seis anos mais tarde, quando Michael Jordan e os Bulls passaram por Paris, sem Scottie Pippen e Dennis Rodman, para conquistarem a oitava edição da mesma competição, entretanto, desaparecida.

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A maior diferença em relação a agora? Desta vez os jogos são para o campeonato e as superestrelas não são todas veteranas, com múltiplos títulos e sucessivas presença em All-Stars. O que fez com que, a 24 de outubro, quando colocaram os bilhetes à venda, houvesse mais de 140 mil pedidos para a Bercy Arena, com capacidade para 18 mil espectadores, é Victor Wembanyama. O jovem, de 21 anos, n.º 1 do draft de 2023, eleito Rookie do Ano 2023/24 por unanimidade e primeiro estreante de sempre a integrar um Cinco Defensivo Ideal.  

Com 2,24m de altura, mas 2,43 de envergadura, o poste francês dos Spurs está de regresso ao local onde nasceu e cresceu, Le Chesnay, a 27 km de Paris, e ao pavilhão onde, ainda há cinco meses, ajudou a França a conquistar a prata olímpica nos Jogos de Paris 2024 contra os Estados Unidos. «Sim este é um pavilhão que me traz boas recordações. Não só por causa dos Jogos, ainda se podem ver algumas coisas deles pelo recinto, mas também pelas outras vezes que aqui joguei», contou na conferência de imprensa após um treino no pavilhão.

Curiosidade: apareceu apenas de meias nos pés e quem lhe guardava os ténis 58(!), com que treinara, mesmo no regresso para o balneário, era o responsável da comunicação da formação de San Antonio …  

Provavelmente, a menos de um mês de disputar o primeiro All-Star Game pela primeira ocasião, a 16 de fevereiro em São Francisco, desde que chegou há três dias Wemby tem-se desdobrado em eventos atrás de eventos, incluindo uma visita ao Nanterre, clube onde aprendeu a jogar e onde o antigo internacional português Filipe da Silva é o treinador principal, assim como na inauguração de um court de streetbasket próximo de onde vivia.

Mas, logo na segunda-feira fez questão de oferecer um jantar especial aos colegas de equipa, com comidas francesas e onde quis explicar tudo o que provavam.

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O base Chris Paul, aliás, contou que tem sido sempre assim desde que chegaram. Vão no autocarro para o treino e Wembanyama explica os monumentos, prédios emblemáticos de Paris, quando e porque foram construídos. Um verdadeiro anfitrião e sempre inteligente e focado, como reforçou CP3, que considera que, na Bercy Arena, os texanos terão a oportunidade de realizar dois jogos em casa.        

«Poder mostrar-lhes a cidade e a cultura significa tudo. Queria fazê-los descobrir. Isso significa tudo para mim. Estou a tentar retribuir-lhes e fazê-los aproveitar o tempo que irão passar aqui».

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Wemby confirmou ainda que, na verdade, a ideia do restaurante havia sido do treinador Gregg Popovich há alguns meses. Só que o técnico sofreu um AVC a 2 de novembro desde então tem estado afastado do grupo para recuperar. Apesar de já estar melhor, ainda não existe data para o seu regresso.

«O Pop tinha um plano para Paris e sei que se cá estivesse também teria realizado algo deste género, mas fazê-lo logo no primeiro dia foi importante. Foi um bem vindos à minha equipa. Sei que se fosse para um país ou qualquer cidade deles, também gostaria de aprender sobre de onde vêm para os conhecer melhor. É uma boa oportunidade para compartilharmos estes momentos juntos», justificou.

'The Alien' (O Extraterrestre), como lhe chamou LeBron James devido às invulgares capacidades para o basquetebol apesar da enorme estatura - alcunha que, inicialmente, não gostou muito, mas acabou por achar graça e hoje faz parte do seu logo na Nike -, faz sonhar. Promete marcar a NBA nas próximas décadas e, quem sabe, obrigar a alterar sistemas defensivos para conseguir travá-lo. O que começa a não ser fácil com apenas ano e meio na Liga (mais de 100 jogos).

A França, com 14 jogadores, já não é o país com mais estrangeiros na NBA, essa posição é agora do Canadá (21), mas poucos conseguem atrair tantas atenções como Victor, o miúdo que, no final da primeira época na Liga, só queria comprar a nave Millennium Falcon da Guerra das Estrelas, a construção (7.541 peças) mais cara (900 euros) da Lego. Mas, afinal o que é isso para quem já tem de salário anual 12,8 milhões de dólares (12,3 milhões de euros) e é embaixador da Louis Vuitton, a mais poderosa marca de produtos de luxo do mundo.

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E que recentemente passou a ter colaborações a equipa Alpine na Fórmula 1, o Paris Saint Germain e tem uma relação próxima com os franceses? «Como jogador da NBA podemos ter um grande impacto e tento partilhar ao máximo esses momentos, essas emoções com os fãs. É uma responsabilidade que temos para darmos o melhor e procurar que esse impacto seja positivo. Ser jogador da NBA é o meu sonho, mas estar aqui a falar não…. Só que não há uma sem a outra. É o que é, por isso temos que usar tudo isto a nosso favor», concluiu dizendo que está com expectativa de como o pavilhão irá reagir no jogo de amanhã.