Rosa Mota gritou liberdade na pista
Nacionais de Atletismo, Julho de 1974. Rosa Mota, do FC Foz, bateu o «record» nacional dos 3000 metros e igualou o dos 1500

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA Rosa Mota gritou liberdade na pista

ATLETISMO23.04.202409:00

Atleta do FC Foz alcançou em julho de 1974 o recorde nos 3000 metros dos Nacionais de Atletismo

Neste abril, às terças e quintas, A BOLA celebra os 50 anos de Liberdade oferecendo-lhe uma fotografia icónica. Esta é a foto e a história de hoje.

Julho de 1974. Portugal gritava pela liberdade e pelos recordes. Festejamos os 50 anos do 25 de abril, mas também temos de festejar os 50 anos do grito de Rosa Mota na pista, aproveitando o ventoso dia 14 no Estádio Nacional, em Lisboa, para voltar a afirmar-se no panorama do desporto nacional.

Decorriam os Nacionais de Atletismo e bastaram 10.30,6 minutos para a atleta do FC Foz ser recordista nacional nos 3000 metros femininos. Três dias antes tinha brilhado nos 1500 metros, ao igualar os 4.46,9 m que tinha estabelecido em maio – um mês depois da revolução dos cravos.

Mas olhemos de novo para este dia 14. O jornal A BOLA fez uma abertura em que destacou a «pequena-grande» atleta, que só competiu na página com o coletivo do Sporting que tinha acabado de vencer a prova pela 16.ª vez consecutiva. «Será que as mulheres não se medem aos palmos?», questionava-se na altura.

A imagem que vemos não engana: de estatura consideravelmente baixa, mas gigante na pista, a vestir a camisola n.º 95 e a correr ao sabor do vento. A favor ou contra? O que fica na memória é o que ditou o cronómetro. Rosa Mota tinha nesta altura apenas 16 anos e só esperou um mês para voltar a bater o recorde e esperaria até 1988 para ser a primeira portuguesa campeã olímpica. O último recorde nacional que bateu naquela distância foi em 1976, com 10.09,2 m. Aurora Cunha, Albertina Dias e Fernanda Ribeiro foram os nomes que se seguiram. Em pleno 2024, são os 8.30,22 m de Carla Sacramento em 1999 que ainda prevalecem.