Quando o Tarzan foi tricampeão olímpico em Paris
OLYMPICS 1924, PARIS. JOHNNY WEISSMULLER -IMAGO
Foto: IMAGO

JOGOS OLÍMPICOS Quando o Tarzan foi tricampeão olímpico em Paris

JOGOS OLÍMPICOS24.07.202413:00

Johnny Weissmuller conquistou cinco medalhas de ouro em duas participações, antes de se dedicar ao cinema; Estreou-se em Paris em 1924 e foi uma das figuras da competição

A história do norte-americano Johnny Weissmuller dava um filme.

E que fácil seria para ele, que foi protagonista de tantos em Hollywood. Mas tudo começou numa piscina em Paris, nos Jogos Olímpicos de 1924.

Nascido em Timissoara (hoje território da Roménia) a 2 de junho de 1904, no seio de uma família alemã, emigrou para os EUA juntamente com os pais, poucos meses depois de nascer.

Filho de pai mineiro, Johnny cresceu nos subúrbios de Chicago, no seio de uma família carenciada.

Terá sido por conselho médico, após ser diagnosticado com poliomielite, que chegou à natação… para se tornar no primeiro fenómeno mundial da modalidade.

Uma história que começou a escrever-se em Paris, como já foi referido.

O fenómeno que nunca perdeu uma corrida olímpica

O rapaz de 19 anos e 1,98 m chegou à capital francesa para a sua estreia olímpica na sombra do experiente Duke Kahanamoku (34 anos), também oriundo dos EUA, e que já tinha conquistado o título olímpico em Estocolmo (1912) e Antuérpia (1920).

Johnny Weissmuller e Duke Kahanamoku lutaram pelos títulos olímpicos em Paris 1924 (IMAGO)

Mas nessa altura, Weissmuller já não era um desconhecido. Afinal, poucos meses antes do início das olimpíadas, tinha batido o recorde mundial dos 100 metros livres.

Ainda assim, aquilo que alcançou naquela edição dos Jogos Olímpicos fê-lo ascender ao estatuto de lenda: três medalhas de ouro e uma de bronze.

Johnny Weissmuller sagrou-se campeão olímpico nos 100 e nos 400 metros livres, ajudou a estafeta norte-americana a subir ao lugar mais alto do pódio também nos 4x200 metros e ainda integrou a equipa de polo aquático que terminou em terceiro lugar, atrás de França e Bélgica.

E quatro anos depois, nos Jogos Olímpicos de Amesterdão, repetiu os títulos nos 100 metros livres e nos 4x200 metros, naquela que foi a última participação olímpica e lhe permitiu deixar um legado totalmente imaculado: venceu todas as corridas em que entrou.

Isso aliado aos 67 recordes mundiais que bateu ao longo da carreira transformam-no num dos maiores nomes da história da natação, a par dos também norte-americanos Mark Spitz e Michael Phelps.

Das piscinas para… a selva

Apesar do percurso irrepreensível enquanto nadador olímpico, não foi assim que Weissmuller atingiu o topo do estrelato, mas sim no grande ecrã.

Um ano depois da despedida das piscinas olímpicas, deu-se a estreia no cinema. Começou por ser figurante, depois teve dois pequenos papéis, até que em 1932 surgiu como protagonista do filme Tarzan dos Macacos.

Na primeira versão sonora dos romances de Edgar Rice Burroughs, era o antigo nadador quem interpretava o Tarzan, com o grito imortalizado da personagem. O sucesso foi tal que Weissmuller fez mais 11 filmes da saga – até 1948 - o que fez dele o mais reconhecido dos atores que interpretaram o papel.

Johnny Weissmuller, já estrela de Hollywood, visita a construção das piscinas olímpicas de Munique 1972 e simula o famoso grito do Tarzan (Imago)