Presidente do COP critica «mudança de atitude» na naturalização de atletas
José Manuel Constantino referiu que os níveis de exigência estão a prejudicar desporto nacional
Pedro Pablo Pichardo tem estado envolto em polémica devido à tensa relação que tem com o seu clube, o Benfica, no entanto, o presidente do Comité Olímpico Portugal (COP) reavivou uma polémica mais antiga, relativa às naturalizações dos atletas portugueses, que também envolveu o campeão olímpico.
Numa entrevista à Lusa, José Manuel Constantino receou que a atribuição de cidadania ao atleta seja prejudicial para outros casos semelhantes, afirmando mesmo que houve «uma mudança de atitude» nos serviços que atribuem a naturalização.
Atualmente, para que este processo possa ser aberto, é necessário que os estrangeiros vivam em Portugal há pelo menos cinco anos, no entanto, no caso de atletas com currículos excecionais, este requerimento pode ser ignorado.
«Isto arrastou um outro problema, de enorme gravidade. Houve, a partir desta polémica, uma mudança de atitude dos serviços de reconhecimento da naturalidade […] quanto às exigências da atribuição da cidadania portuguesa», disse o dirigente máximo do COP, acrescentando ainda que o caso teve uma dimensão maior devido ao facto de ser um atleta que conquistou a medalha de ouro numa categoria em que Portugal já tinha também um campeão olímpico.
Se isto acontecesse com um atleta de 200 metros ou com um decatlonista ou com um saltador com vara, a polémica não era a mesma
Refira-se que o atual campeão olímpico de triplo salto foi alvo de críticas de Nélson Évora quando este, em março, colocou em causa a velocidade do processo que permitiu Pichardo se tornar português, chegando mesmo a dizer que o desportista do Benfica tinha sido «comprado».
«Se isto acontecesse com um atleta de 200 metros ou com um decatlonista ou com um saltador com vara, a polémica não era a mesma» devido também «ao envolvimento clubístico que estas questões têm», frisou Constantino.
«Tenho a obrigação de alertar o país, é para o facto de entender que a decisão que está a ser adotada quanto à atribuição da cidadania portuguesa a pessoas com currículos desportivos extraordinários não nos está a favorecer, está a prejudicar-nos», sublinhou.
Estas declarações devem-se ao facto de o mesmo considerar que o poder político da área desportiva tem de explicar o porquê de alguns desportistas com «currículos relevantes», não usufruírem das mesmas isenções, dando como exemplo as atletas Agate de Sousa (São Tomé), Roger Iribarne (Cuba) e Reynier Mena (Cuba).
Destaque-se que a santomense de 23 anos registou a quarta melhor marca de 2023 em salto em comprimento, ao passo que os cubanos alcançaram a 5.ª melhor a nível europeu nos 110 metros de barreira e a terceira melhor mundial nos 200 metros, em 2022, respetivamente.