Pogacar: «No ciclismo, quem vence é sempre suspeito de ser batoteiro»

Esloveno responde às suspeições de dopagem de que é alvo e às recentes declarações do diretor da Volta a França

Tadej Pogacar deu uma conferência de imprensa em Cavenago di Brianza, na véspera da Volta à Lombardia, este sábado, em que terá como objetivo a quarta vitória consecutivo na corrida italiana, o quinto e último monumento da temporada.

Ganhando a Clássica das Folhas Mortas, o campeão mundial concluirá em grande o que será o melhor ano da sua carreira e um dos maiores da história do ciclismo. Depois do Giro e do Tour, da Liège-Bastogne-Liège, da Strade Bianche, da Volta à Catalunha, e do Campeonato do Mundo de fundo, entre 24 vitórias, conquistando a Il Lombardia, Pogacar ascenderá ao galarim da ‘Il Lombardia’, igualando o lendário italiano Fausto Coppi, o único com quatro vitórias consecutivas, entre 1946 e 1949.

Mas além da corrida, o grande favorito, foi instado pelos jornalistas neste encontro, a comentar a questão do doping e as suspeitas a seu respeito. O esloveno não se furtou a comentar desde logo as recentes declarações do diretor da Volta a França, Christian Prudhomme, numa entrevista ao La Dépêche du Midi, em que, ao ser questionado sobre se ficaria desapontado ou surpreendido se um dia Tadej Pogacar testasse positivo, disse que «atentando ao passado não tão distante do ciclismo, a dúvida não é ilegítima».

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«O ciclismo é um desporto em que as pessoas, no passado, fizeram tudo o que podiam para serem o melhor que podiam… Arriscaram a vida e não sabemos, mas há muitos ciclistas que hoje provavelmente estão doentes, que têm problemas mentais ou outros de saúde devido ao que fizeram ao seu corpo no passado, há 30 anos. Na minha opinião mais honesta e humilde, creio que o ciclismo sofre muito com essa época, há desconfiança. Esperamos que um dia as pessoas voltem a acreditar no ciclismo», argumentou Tadej Pogacar.

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O campeão do mundo aponta o rumo mesmo entre o manto de suspeição. «Temos de seguir em frente. No ciclismo, quem vence é sempre suspeito de ser batoteiro, mas talvez daqui a algumas gerações as pessoas se esqueçam do passado. Da minha experiência pessoal, penso que o ciclismo está entre os melhores desportos. As pessoas querem ser o mais saudáveis ​​possível, e não o contrário, apenas pelo desempenho.»

«O ciclismo é um desporto bastante perigoso. Não podemos correr o risco de sofrer acidentes ou ataques cardíacos. E para isso precisamos de nos manter saudáveis. Se queremos arriscar a nossa saúde e as nossas vidas durante anos da nossa carreira e sofrer para o resto das nossas vidas, isso é estúpido. Nunca queremos correr riscos e aumentar as probabilidades de adoecer. Mas há sempre pessoas invejosas, desconfiadas e não há nada que possamos fazer quanto a isso», concluiu.