Pogacar arranca a 100 km da meta para sagrar-se campeão mundial

Pogacar arranca a 100 km da meta para sagrar-se campeão mundial

Esloveno impôs o favoritismo e a fortíssima superioridade a toda a concorrência na corrida de fundo do Campeonato do Mundo em Zurique. Estrondosa exibição do melhor corredor da atualidade!

Tadej Pogacar sagrou-se campeão mundial de ciclismo de fundo, em Zurique, este domingo, acrescentando a tão desejada camisola arco-íris à amarela do Tour e a rosa do Giro esta temporada. Eddy Merckx e Stephen Roche já não são os únicos corredores da história a conquistarem, na mesma temporada, as Voltas a Itália e a França e o Campeonato do Mundo de fundo. Tal como o belga em 1974 e o irlandês em 1987, o esloveno ascende a esse galarim em 2024.

O Pogacar, que já era reconhecido, quase unanimemente, como o principal candidato à vitória, não se coibiu a atacar a 100 quilómetros da meta, na subida mais difícil do circuito final, a completar por oito vezes, perante a surpreendida e impotente concorrência.

Entre esta estavam os apontados maiores rivais de Pogacar nesta corrida, o neerlandês Mathieu van der Poel, a defender o título mundial, e o belga Remco Evenepoel, campeão olímpico e mundial de contrarrelógio este ano, não tiveram capacidade de reação ao ataque explosivo do esloveno. Uma manobra de antecipação que dinamitou o Mundial!

Saltando primeiro do pelotão para o grupo em fuga, em que se integrava o português Rui Oliveira, com o auxílio do seu compatriota Jan Tratnik, Tadej Pogacar não demorou a fazer um segundo movimento ofensivo, a 70 km da chegada, que apenas o francês Pavel Sivakov conseguir seguir. Mas também este não resistiu muito mais tempo à força do esloveno, que se isolou quando ainda restavam 50 quilómetros por percorrer.

A partir daí, o corredor, de 26 anos, três vezes vencedor da Volta a França e de seis clássicas-monumentos, fez um autêntico contrarrelógio individual e aumentou paulatinamente a vantagem para os perseguidores.

Primeiro, para o irlandês Ben Healy e o letão Toms Skujiņs, que se destacaram do grupo principal, e mais tarde, na derradeira volta ao exigente circuito final, com Evenepoel, Van der Poel, o espanhol Enric Mas, o suíço Marc Hirchi e o australiano Ben O’Connor a juntarem-se ao duo e os esforços, vãos, no encalço do líder. Não voltaram sequer a avistar Pogacar.

Na luta pelas medalhas de prata e bronze, Mathieu van der Poel atacou no septeto perseguidor a 9 quilómetros da meta, mas teve resposta eficaz, e acabou por ser Ben O’Connor a isolar-se e a conquistar o segundo lugar do pódio, terminando a 34 segundos do novo detentor da camisola arco-íris. Despedindo-se deste símbolo, Van der Poel foi terceiro classificado, a 58 segundos, batendo os demais ao sprint.     

Rui Costa foi o português mais bem classificado, na 42.ª posição, a 12.09 minutos de Tadej Pogacar, concluindo a prova num pelotão em que se incluiu o compatriota Nelson Oliveira (55.º, com o mesmo tempo).

João Almeida abandonou, após ter estado envolvido numa queda coletiva na fase inicial da corrida. O português não sofreu lesões graves, mas sentiu «desconforto físico impeditivo de desenvolver o máximo desempenho», informou a Federação Portuguesa de Ciclismo. Ivo e Rui Oliveira, e Afonso Eulálio, também não concluíram a prova.