Ciclismo «O que quero mesmo, agora, são as férias»
O português João Almeida (Team UAE-Emirates), de 24 anos, terceiro classificado na 20.ª e penúltima etapa da Volta a Itália, 18,6 km de Tarvísio a Monte Lussari, este domingo, e também terceiro classificado da geral individual – além de líder da Juventude (camisola branca) – considerou neste dia, no final do contrarrelógio individual de montanha que selou a ultrapassagem do esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma), vencedor da tirada, ao galês Geraint Thomas (Ineos-Grenadiers), nos dois primeiros lugares, que o vencedor do Giro, a consagrar domingo, dia 28 do corrente mês, na 21.ª e última etapa, com chegada a Roma, é justo.
«Roglic foi o mais forte, parabéns a ele, merece ganhar. Eles os dois foram mais fortes do que eu, durante toda a prova. Viram o Primoz neste dia? Mesmo com um problema mecânico [partiu-se a corrente, teve de trocar de bicicleta, perdeu razoáveis segundos com o episódio] ganhou por muita margem [menos 40 segundos do que Geraint Thomas e menos 42 segundos do que João Almeida]. Foi o mais forte, parabéns, merece ganhar», afirmou o corredor de A-Dos-Francos (Caldas da Raínha).
Depois do quarto lugar no Giro-2020, do sexto lugar no Giro-2021 e de ter sido forçado a abandonar a prova em 2022 por testar positivo à Covid-19, João Almeida apresenta-se para se consagrar, em Roma, no domingo, como o segundo português de sempre no pódio de uma das três grandes voltas (Giro, Tour e Vuelta).
Depois do segundo lugar de Joaquim Agostinho na Vuelta em 1974’, e das duas subidas de Agostinho ao pódio do Tour, com dois terceiros lugares, em 1978 e 1979, foi preciso esperar 44 anos para um novo ciclista português, o segundo na história, subir ao pódio de uma das três maiores voltas do calendário internacional. Será a quarta vez de um português.
Salvo cataclismo na 21.ª e última etapa, João Almeida vai tornar-se, domingo, no melhor português de sempre em 106 edições do Giro, e o primeiro de sempre no pódio na prova italiana.
Tricampeão na Vuelta (2019, 2020 e 2021), Primoz Roglic cumpriu a ‘cronoescalada’ em 44m23s minutos, com Geraint Thomas a ser segundo classificado, a 40 segundos (45m03s) e João Almeida terceiro, a 42 segundos do esloveno (45m05s).
Um triunfo que permitiu a Roglic subir de segundo classificado a ‘maglia rosa’ (líder da classificação geral), agora com 14 segundos de vantagem sobre Geraint Thomas… e 1m15s menos do que João Almeida, terceiro classificado.
«Estava a sentir-me bem. A primeira parte não foi fantástica, quando ainda estávamos num nível plano. Estava nervoso, mas depois, quando comecei a subir, fiquei melhor. Segui o meu esforço, fiz a minha subida. Tenho evoluído todos os anos. Estou muito satisfeito e, olhando já para o futuro, este foi um bom Giro», foi o balanço feito desde já por João Almeida aos jornalistas, no alto do Monte Lussari.
«O que quero, mesmo, são as férias a seguir», confessou João, sem esconder o cansaço da prova de três semanas, duríssima, em especial esta terceira e última semana, recheada de montanha nas tiradas do Giro-2023, cuja última etapa, até Roma, tem 126 km.