Snooker Mundial: ‘Rocket’ descola, Higgins e Selby hipnotizam

SNOOKER25.04.202323:47

O inglês Ronnie O’Sullivan, de 47 anos, heptacampeão mundial (2001, 2004, 2008, 2012, 2013, 2020 e 2022) e número um do ranking, terminou esta terça-feira em vantagem por 10-6 o seu duelo dos quartos de final do Campeonato do Mundo, prova maior da época 2022/23 da World Snooker, que decorre desde dia 15 e até 1 de maio em Sheffield (Inglaterra), diante do belga Luca Brecel, de 28 anos, sétimo da hierarquia, concluídas as duas primeiras das três sessões do embate.

Um jogo que começou a roçar a perfeição: Ronnie falhou embolsar uma verde, Luca fez 1-0; o belga falhou no segundo parcial, O’Sullivan limpou para o 1-1, com resposta no terceiro ‘frame’, em que o ‘Rocket’ deixou vermelha e Brecel limpou para 2-1.

O ‘one mistake snooker’ (snooker de perder o ‘frame’ num só erro), assim batizado pelo campeão mundial de 1985, o norte-irlandês Dennis Taylor, acabou no quarto parcial, em que o ‘Rocket’ efetuou espantosa defesa, a esconder a branca atrás da bola preta ao rival, e selou o 2-2. A partir daí, Luca ‘desapareceu’.

No seu 100.º jogo no Crucible e no Mundial – mais um recorde -, em 31 participações, o heptacampeão mundial arrebatou cinco parciais de rajada a fechar a sessão matinal – esse último antes do intervalo da sessão matinal, mais os quatro após -, com Luca a precipitar-se e a perder a concentração, cometendo lapsos e reagindo ainda pior a eles. E ficou 2-6 atrás.

O’Sullivan fechou a manhã com uma entrada centenária, quando Luca já não ‘estava lá’, mas a vantagem de quatro parciais revelou-se crucial na sessão noturna, em que surgiu a versão habitual da época do ‘Rocket’, errónea quando menos se espera.

O campeão escapou de uma má sessão com um 4-4 na etapa da noite. Bastante lisonjeiro, depois de Brecel ter, por duas vezes, ameaçado colar-se, a 4-6 e 6-8, mas, antes do intervalo e na reta final, foi o inglês, a muito custo - e sem disfarçar a adversidade por desta vez o jogo de encantar mostrado ante Vafaei não lhe estar a sair - que decidir tudo na quarta-feira segurando vantagem de quatro, 10-6.

O que conta é Ronnie estar a três ‘frames’ da vitória e da sua 14.ª presença em meias-finais, onde ‘só’ perdeu cinco vezes, e a última há 15 anos e 17 Campeonatos do Mundo, ante aquele que viria a ser campeão em 2006, o escocês Graeme Dott (11-17).

Duas das três sessões do seu jogo cumpriram também, nos mesmos horários de Ronnie e Luca, e na mesa ao lado, o galês Jak Jones, de 29 anos, 36.º da hierarquia, frente ao norte-irlandês Mark Allen, de 37 anos, segundo da hierarquia e ‘jogador da época’, na qual conquistou três provas de ranking.

Jones começou melhor, na sessão matinal, chegando a 2-0 e 4-2, mas Mark ‘The Pistol’ Allen manteve a serenidade para chegar ao fim da manhã empatado 4-4, com centenária no terceiro parcial (137 pontos). Curioso atentar, para melhor se aferir como as estatísticas nem sempre traduzem a realidade, que após o quarto ‘frame’, Allen tinha 100 por cento de taxa de sucesso a embolsar… mas perdia por 1-3.

À noite, continuaram ‘siameses’ e sem se largarem. Jak fez o 5-4 e brilhou então Allen, que com três parciais de rajada, de 4-5 para 7-5, pela primeira vez passou para a frente do marcador após o 11.º ‘frame’, a 6-5, mas suportou depois a reação do galês que lhe valeu, também ao reclamar três partidas, virar o marcador do avesso, para 8-7 a seu favor,

Uma entrada de 63 pontos de Jak, após ‘break’ de 55 pontos de Allen a fez mossa e colocou pressão brutal na última partida do dia no Crucible’ a acabar, por tão diferente um possível 9-7 de um 8-8 à ida para a sessão final, de quarta-feira. Mas Mark teve sangue-frio e, com o 8-8 (entrada de 61 pontos no 16.º parcial), deixou tudo empatado de novo, nuns ‘quartos’ em que três dos quatro duelos estão nessa condição: só o ‘Rocket’ descolou, para já.

Dois titãs, com oito títulos mundiais, a encherem o olho: eletrizante

No aguardado grande embate da ronda, que está a corresponder às expetativas e 'a encher o olho' aos fãs, o inglês Mark Selby, de 39 anos, oitavo da hierarquia e tetracampeão mundial (2014, 2016, 2017 e 2021), recuperou de 0-3 e 1-4 para acabar a sessão inaugural empatado 4-4 ante o escocês John Higgins, de 47 anos, também tetracampeão mundial (1998, 2007, 2009 e 2011) e nono da hierarquia, num jogo eletrizante desde o primeiro ‘frame’, ganho por John na bola preta, com 67-67 em pontos até aí.

 ‘The Wizard [feiticeiro] of Wishaw’ (John) começou muito melhor, a chegar a 3-0, mas viria a prolongar a agonia ao falhar, pela segunda vez, a ‘bola de jogo’, que matematicamente lhe garantia a conquista de parcial: acabou por o conseguir, mas cansou-se.

O ‘tubarão’, Mark ‘The Shark’ Selby, resgatou o primeiro parcial antes do intervalo, com ‘break’ de 70 pontos, e depois do recomeço, se entrada de Higgins de 79 pontos ainda lhe deu o 4-1, estava mais fresco Selby para somar três de rajada, a acabar com centenária (103 pontos), após ‘breaks de 70 e 82 pontos: olhos nos olhos, dois ícones maiores da mais mediática das variantes do bilhar, 4-4.

À tarde, também o chinês Si Jiahui, de 20 anos, 55.º do ranking – era 80.º antes do Mundial – chegou, tal como Higgins ante Selby, a 4-1 ante o escocês Anthony McGill, de 32 anos, 19.º da hierarquia, e igualmente viu o ‘camaleão’ de Glasgow, ‘desaparecido em combate’ toda a temporada, mas que no Crucible se transfigura para o nível dos eleitos, recuperar… e tudo empatado 4-4: decisão… só na quarta-feira.

O duelo entre os dois de três jogadores vindos das qualificações - o outro é o galês Jak Jones, recorde-se – não desiludiu. Daqui sairá o rival de Ronnie ou Brecel nas ‘meias’. E o asiático, com entradas de 106 (centenária), 58 e 65 pontos nos segundo, terceiro e quinto parciais, respetivamente (e por esta ordem) mostrou predicados para continuar conto de fadas…

Quatro semifinalistas conhecidos na quarta-feira

Os quartos de final, que se vão concluir na quarta-feira, dia 26 do corrente mês, são jogados ainda e também, tal como os ‘oitavos’, à melhor de possíveis 25 ‘frames’, em três sessões (oito parciais em cada uma das duas primeiras, possíveis mais nove na terceira): seguem para as meias-finais os primeiros a ganhar 13 (de 13-0 a possíveis 13-12).

Allen-Jones (10 horas) e Ronnie-Brecel (14.30 horas) concluem os jogos durante o dia, enquanto Higgins-Selby e McGill-Jiahui terão dose dupla de sessões - 14.30 e 19 horas John e Mark,, 10 e 19 horas Anthony e Si - para encerrar os seus jogos.

O Mundial, prova que encerra a época 2022/23 da World Snooker, disputa-se no Crucible Theatre, em Sheffield (Inglaterra) durante 17 dias, até 1 de maio, e é transmitido para Portugal (EuroSport).

Ronnie O’Sullivan venceu em 2022 (18-13 a Judd Trump na final). A prova dá £2,395 M (€2,707 M), das quais meio milhão de libras (€565.208) ao campeão e £200 mil (€226.083) ao vice-campeão.

Recorde-se que as meias-finais já serão jogadas durante três dias, de quinta-feira a sábado, e em quatro sessões (oito parciais em cada uma das três primeiras sessões, até possíveis mais nove na quarta), à melhor de 33 ‘frames’: vence o primeiro a chegar a 17 (de 17-0 a possíveis 17-16).

‘Quartos’, resultados desta 3ª feira:

Ronnie O’Sullivan (Ing) - Luca Brecel (Bel), 10-6 (conclusão 4.ª feira, 14.30 h)

Mark Allen (IrN) - Jak Jones (Gal), 8-8 (conclusão 4.ª feira, 10 h)

Anthony McGill (Esc) - Si Jiahui (Chn), 4-4 (2.ª e 3.ª sessões 4.ª feira, 10 e 19 h)

John Higgins (Esc) - Mark Selby (Ing), 4-4 (2.ª e 3.ª sessões 4.ª feira, 14.30 e 19 h)

Meias-finais, de 5.ª feira a sábado:

Ronnie O’Sullivan, Ing / Luca Brecel, Bel - Anthony McGill, Esc / Si Jiahui, Chn (5.ª feira 13 h, 6.ª feira 10 e 19 h, sábado 14.30 h)

Mark Allen, IrN / Jak Jones, Gal - John Higgins, Esc / Mark Selby, Ing (5.ª feira 19 h, 6.ª feira 14.30 h, sábado 10 e 19 h)

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