Giro: João Almeida símbolo dos portugueses no Giro

Ciclismo Giro: João Almeida símbolo dos portugueses no Giro

CICLISMO28.05.202319:52

João Almeida aos 24 anos, com o terceiro lugar na geral, vitória em uma etapa e primeiro no prémio da juventude, fez história na 106.ª Volta à Itália e constituiu o símbolo dos portugueses no Giro. O objetivo com que partiu para Itália passava por conseguir um lugar no pódio, conforme declarou em entrevista a A BOLA antes de se iniciar a corrida: «Quero terminar nos lugares do pódio em Roma, com o decorrer das etapas veremos o lugar em que conseguiremos chegar no final. Vencer é o objetivo de todos os ciclistas e o meu não é exceção».

Sobre os principais adversários afirmou na altura: «Primoz Roglic e Remco Evenepoel são os principais candidatos, depois surgem Tao Geoghegan Hart e Aleksandr Vlasov, sem descartar as eventuais surpresas. Mads Pedersen, Stefan Kung, Geraint Thomas e Michael Matthews e Thibaut Pinot são nomes a considerar». Antevisão que se confirmou no final da corrida, Roglic venceu, Thomas foi segundo e Pinot o 5.º classificado, os restantes ficaram todos pelo caminho.

João Almeia é um ciclista consistente, com boa leitura de corrida, que se adapta a todos os terrenos, bom contrarrelogista e trepador, com boas pontas finais em chegadas ao sprint. Notou-se uma evolução muito positiva nas subidas longas, evita ir ao choque e não responde aos ataques explosivos, optando pela sua forma de correr de menos a mais, fechando os espaços sem grandes desgaste de energias, dispondo aos 24 anos de uma boa margem de progressão para as grandes voltas, nas quais a experiência e maturidade constituem pontos relevantes.

A Volta à Itália primou pela regularidade entre os três primeiros classificados, não se colocando em causa se este ou aquele ciclista foi melhor que o outro, os números falam por si na avaliação e desempenho nas etapas.

Primoz Roglic venceu a geral mercê da vitória em uma etapa, foi uma vez terceiro e por oito vezes terminou entre os 10 melhores, Geraint Thomas venceu uma etapa foi por três vezes segundo e por oito vezes finalizou no top 10, João Almeida venceu uma etapa, foi duas vezes terceiro e por oito vezes finalizou entre os dez melhores. Estes resultados refletiram-se na classificação geral e na classificação por pontos, na qual a ordem terminou de acordo com o resultado final em Roma.  

João Almeida dispôs de uma equipa que trabalhou para o chefe de fila e merecem uma referência, Davide Formolo, Diego Ulissi, Brandon McNulty, Pascal Ackermann, Ryan Gibbons e Jay Vine que na 18.ª etapa foi o salvador do ciclista português, que passou por momentos difíceis a caminho de Val di Zoldo. Joxean Matxin, diretor geral da UAE-Team Emirates, afirmou que os objetivos da equipa tinham sido atingidos, com vitórias em três etapas, Pascal Ackermann, Brandon McNulty e João Almeida, vitoria na juventude e terceiro lugar na geral por João Almeida e quarto lugar por equipas, a equipa chegou ao fim com sete ciclistas depois do abandono de Alessandro Covi por doença.

A última etapa na carreira de Mark Cavendish (Astana) terminou como um conto de fadas. O britânico foi o mais rápido do pelotão à sombra do Coliseu, num final atribulado que originou a queda a Pascal Ackermann (Emirates) que conseguiu terminar e a vitória na geral de Primoz Roglic.

Com a ajuda de todo o pelotão e principalmente do seu ex-companheiro e amigo, Geraint Thomas, Cavendish manteve-se na frente no ultimo quilómetro, Jonathan Milan (Bahrain-Victorious) foi o primeiro a sprintar, mas ninguém conseguiu igualar o esforço de britânico que bateu toda a concorrência.

«Hoje tive realmente bons amigos. Estou muito feliz mas confesso que foi muito difícil terminar este Giro. Antes estivemos perto de vencer, a minha equipa e os meus velhos amigos saíram-se bem e isso deixou-me emocionado. Há 15 anos atrás consegui a minha primeira vitória numa grande volta. Foi ótimo vencer aqui novamente. Foi realmente um sprint que fazia parte da minha lista de desejos. Estou muito feliz com isso», declarou Mark Cavendish que conseguiu a 17.ª vitoria na Volta à Itália.

O último dia foi de consagração para os vencedores e para todos os ciclistas que durante três semanas desbravaram as estradas italianas. Maxime Bouet (Arkéa-Samsic), Cesare Benedetti (Bora-Hansgrohe) e Toms Skujins (Trek-Segafredo) deram alguma emoção à etapa que começou e finalizou em Roma depois de percorridos 126 km.  

Como o previsto no guião, o pelotão compacto  entrou na reta da meta, depois de Mirco Maestri (Eolo-Kometa) e Derek Gee (Israel-Premier Tech) terem tentado furar o trabalho da realização, sendo absorvidos a 2 km dois final, permitindo o sucesso de Cavendish que vai abandonar no final da temporada.   

Aguardado por um batalhão de jornalistas, Primoz Roglic afirmou no final; «Vou lembrar-me deste Giro por muito tempo, pela emoções vividas e depois de tudo o que aconteceu no penúltimo dia na cronoescalada. É sempre bom vencer, mas a energia que senti ontem e de correr hoje em Roma com todas as equipas, também foi muito bom. Cada vitória tem um sabor e um significado especial. Estou feliz e muito grato por vencer aqui, jamais esquecerei estes momentos», afirmou Roglic com 33 anos.   

Geraint Thomas contou como ficou feliz com a vitória de Cavendish; «Tinha anunciado que o Mark iria ganhar, por isso tive que fazer que isso acontecesse. Já estava na frente quando vi León Sanchez ao seu lado e pensei que podia ajudar um velho amigo e assim se escreveu a história de uma vitória anunciada», frisou Thomas que sobre o Giro adiantou; «Foi um grande Giro, cheio de emoções. Recebi muitas mensagens nestes dias. Foram três semanas de alto nível, os adversários forma fantásticos. Diverti-me muito, tenho 37 anos, mas sinto-me como se tivesse 27».

21.ª ETAPA ROMA - ROMA 126 KM

1.º Mark Cavendish (Gbr/Astana) 2.48,26 h à média de 44,884 km/h

2.º Alex Kirsch (Lux/Trek-Segafredo) mt

3.º Filippo Fiorelli (Ita/Green Project-Bardiani) mt

4.º Alberto Dainese (Ita/Team DSM) mt

5.º Davide Ballerini (Ita/Soudal-Quick Step) mt

6.º Jake Stewart (Gbr/Groupama-FDJ) mt

7.º Fernando Gaviria (Col/Movistar) mt

8.º Michael Matthews (Aus/Jayco-Alula) mt

9.º Arne Marit (Bel/Intermarché-Circu-Wanty) mt

10.º Campbell Stewart (Nzl/Jayco-Alula) mt

26.º João Almeida (Por/UAE-Team Emirates) mt

CLASSIFICAÇÃO GERAL

1.º Primoz Roglic (Slo/Jumbo-Visma) 85.29,02 h

2.º Geraint Thomas (Gbr/Ineos-Grenadiers) a 14 s

3.º João Almeida (Por/UAE Team Emirates) a 1,15 m

4.º Damiano Caruso (Ita/Bahrain Victorious) a 4,40 m

5.º Thibaut Pinot (Fra/Groupama-FDJ) a 5,43 m

6.º Thymen Arensman (Ned/Ineos-Grenadiers) a 6,05 m

7.º Eddie Dunbar (Irl/Jayco-Alula) a 7,30 m

8.º Andreas Leknessund (Din/Team DSM) a 7,31 m

9.º Lennard Kamna (Ale/Bora-Hansgrohe) a 7,46 m

10.º Laurens De Plus (Bel/Ineos-Grenadiers) a 9,08 m

PONTOS

1.º Jonathan Milan (Ita/Bahrain-Victorious)

MONTANHA

1.º Thibaut Pinot (Fra/Groupama-FDJ)

JUVENTUDE

1.º João Almeida (Por/UAE-Team Emirates)

EQUIPAS

1.ª Bahrain-Victorious 256.21,18 h

2.ª Ineos Grenadiers a 16,22 m

3.ª Jumbo-Visma a 30,40 m

PALMARÉS DA VOLTA À ITÁLIA

2023 Primoz Roglic (SLO)

2022 Jai Hindley (AUS)

2021  Egan Bernal (COL)

2020 Tao Geoghegan Hart (GBR)

2019  Richard Carapaz (ECU)

2018  Chris Froome (GBR)

2017  Tom Dumoulin (HOL)

2016 Vincenzo Nibali (ITA)

2015 Alberto Contador (ESP)

2014 Nairo Quintana (COL)

2013 Vincenzo Nibali (ITA)

2012  Ryder Hesjedal (CAN)

2011   Michel Scarponi (ITA)

2010 Ivan Basso (ITA)

2009 Denis Menchov (RUS)

Binda, Coppi e Merckx históricos do Giro

Em 106 edições da Volta à Itália, três ciclistas registam cinco vitórias na geral, Alfredo Binda (Itália) em 1925, 1927, 1938, 1919 e 1933, Fausto Coppi (Itália) em 1940, 1947, 1949, 1952 e 1953 e Eddy Merckx (Bélgica) em 1968, 1970, 1972, 1973 e 1974. Com tês triunfos, Giovanni Brunero (Itália), Gino Bartali (Itália), Fiorenzo Magni (Itália), Felice Gimondi (Itália) e Bernard Hinault (França).

Mário Cipollini (Itália) é o recordista de vitória em etapas com 42, seguido de Alfredo Binda (Itália) 41, Learco Guerra (Itália) 31, Costante Girardengo (Itália) 30 e Eddy Merckx (Bélgica) 25, que andou 76 dias com a camisola rosa.

Por países a Itália lidera com 69 vitórias, 66 segundos e 72 terceiros lugares, segue-se Bélgica com 7 - 6 - 3, França com 6 - 6 - 4, Espanha com 4 - 7- 9 e Rússia  com 3 - 3 - 0. O terceiro lugar de João Almeida coloca Portugal entre os 22 paises que conquistaram lugares no pódio em todas as edições.

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