Europeu começa hoje e Catarina garante: «A prata fica colada ao nosso nome»
Seleção reduzida a 13 em Montpellier-2023 com a baixa de Raquel Brito (-48 kg). Catarina Costa (-48 kg) conta o que significou medalha em Sófia-2022. Melhores judocas continentais foram a França.
Única medalhada no Euro de Sófia-2022, há 18 meses, ao assegurar a prata, Catarina Costa (-48 kg) é das principais esperanças nacionais de mais uma conquista de pódio no Campeonato da Europa de Montpellier-2023, que hoje começa na Sud de France Arena e no qual Portugal apresenta uma Seleção de 13 judocas, oito dos quais femininos, face à baixa de última hora de Raquel Brito (-48 kg) devido a lesão no cotovelo direito.
Questionada sobre o que significou a prata na Bulgária, a olímpica da Académica Coimbra nem precisou de tempo para refletir. «Ser vice-campeã europeia é sempre um título importante. Foi bom e especial, assim como ter chegado à final do campeonato. Esse é um dos resultados que marca a carreira. Reparei nisso nos meses seguintes», começa por contar a A BOLA.
«Já ganhei várias medalhas em grand slams, inclusive já venci um, assim como grand prix, mas não é disso que as pessoas se lembram. Ser medalhada num Europeu é daqueles resultados que ficam colados ao nosso nome e pelos quais nos recordam. Por isso é uma competição especial», garante Catarina, de 27 anos, um dos cinco lusos a estar em ação no primeiro dia e onde há a destacar a hexacampeã da Europa Telma Monteiro (-57 kg).
SELEÇÃO NACIONAL
Sexta-feira
-60 kg Rodrigo Lopes - A. Carlino (Ita)
-48 kg Catarina Costa - K. Tanzer (Aut)
-52 kg Joana Diogo - S. Asvesta (Cyp)
-52 kg Maria Siderot - C. Giles (Gbr)
-57 kg Telma Monteiro - D. Kurbonmamadova (Rus)
Sábado
-73 kg Thelmo Gomes - J. Cano (Esp)
-81 kg Anri Egutidze - S. Muki (Isr)
-81 kg João Fernando - Georgi Gramatikov (Bul)
-63 kg Bárbara Timo - V. Zemanova (Czr)
-70 kg Joana Crisóstomo - M. Butkereit (Ale).
Domingo
-100 kg Jorge Fonseca - I. Bezzina (Mlt).
-78 kg Patrícia Sampaio - D. Kantsavaya (Blr)
+78 kg Rochele Nunes - isenta da 1.ª ronda
Selecionadores: Pedro Soares e Marco Morais
«Vai estar uma prova concorrida e forte. Vim do Grand Slam de Abu Dhabi há pouco mais de uma semana [ficou a uma vitória do pódio], por isso será ir combate a combate, com calma. Até porque na anterior competição deu para ver o nível a que me encontro e que estava a subir», conta Catarina (8.ª do ranking mundial), que estando isenta da 1.ª ronda, já sabe que na 2.ª terá pela frente a austríaca Katharina Tanzer (27.ª).
Mas, olhando de uma forma geral para todas as categorias, pensa que em Montpellier estão mais judocas europeus top do que em Abu Dhabi, apesar de ser campeão da Europa dar menos 300 pontos do que ganhar um grand slam? «Sim, sem dúvida. Num slam pontuamos bem mais para o ranking olímpico, o que nesta altura é importante, mas penso que não há ninguém que não tenha vindo. Até pela importância da prova».
«Como disse, ganhar um Europeu fica marcado na carreira. Dá prestígio. Por isso até alguns que não foram a Abu Dhabi estão cá. Nota-se que as categorias estão bastante homogéneas e com nível alto. Por exemplo, atualmente a n.º 1 e 2 do mundo dos -48 kg são europeias. Não sabemos quem vai ganhar ou ficar no pódio», realça a estudante de medicina, que na corrida aos Jogos de Paris-2024 é 9.ª do ranking. «Por isso poder conquistar um lugar no pódio é motivo de grande orgulho e quer dizer que temos feito um bom trabalho», acrescenta.
E quando agora competiu em Abu Dhabi foi mais para ver o nível a que se encontrava antes de vir ao campeonato da Europa ou procurou manter a forma física e técnica de uma prova para outra já que houve tão pouco tempo entre uma e outra? «Basicamente procurei um retorno à competição de alto nível depois de um longo período de paragem forçada por lesão. Voltar nesse nível num grand slam é sempre importante e se pudesse trazer pontos ainda melhor. Foi o que aconteceu, apesar de ter ficado à porta do pódio. A performance foi positiva pelos combates que realizei e a forma como me consegui encontrar ao longo da competição, mas claro com muitos pequenos aspetos ainda melhorar que nesta última semana procurámos corrigi-los», vai explicando.
«Outros serão para trabalhar para o futuro, mas acabou por ser uma boa prova para perceber para me aperceber esse nível a que estou e por ter defrontado algumas das melhores atletas atuais. Algo que também me deu uma confiança diferente para encarar o Europeu e que não teria que se não tivesse competido antes devido a ter estado tanto tempo ausente», reforça Catarina.
E nesse período em que esteve a recuperar da lesão permitiu-lhe trabalhar alguma coisa especificamente? «É verdade, apesar de ter sido algum tempo, nunca parei completamente. Esta época, a única vez que deixei mesmo de treinar foi depois do Masters, em que tirei 10 dias de férias. Agora, como estava impedida de fazer os treinos completos, tentou-se apostar mais ao nível físico, ter um bom treino de cardio e Abu Dhabi deu para perceber que essa parte continua bem, mas também ao nível das pegas. Dá sempre para trabalhar kumikata», conta.
E custou-lhe não ter ido ao Nacional de equipas femininas do passado fim de semana, que ficou entre estas duas grandes provas? «Custou! A Académica tinha uma boa equipa para apresentar. No ano passado havíamos sido vice-campeãs, só perdemos na final com o Benfica, que tinha três atletas olímpicas, e mesmo assim foi 3-2. Estávamos contentes por este ano irmos de novo à prova, mas depois, quando saiu a data, ficámos tristes por ter de cancelar a ida. Não havia como ir no meio de um grand slam e do Europeu. Foi pena…».
Não faz muito sentido ter um Nacional de equipas nessa data quando o Circuito Mundial esteve um mês parado? «Pois… para aqueles que competem ao mais alto nível e para quem vinha ao Europeu era muito complicado. Ainda houve alguns que participaram e realizaram um ou dois combates, as eram de Lisboa [o Nacional decorreu em Odivelas]. Para nós vir de Coimbra, depois de uma viagem longo dos Emiratos Árabes Unidos, com jet leg, ter de acordar cedo e o desgaste da deslocação e chegar bem, levou-nos a ter de abdicar dessa competição. Infelizmente.»