CAMPEÕES OLÍMPICOS Do abandono ao ouro olímpico, com tantas dores no caminho
Fernanda Ribeiro
55 anos
10.000 metros
Campeã olímpica em Atlanta 1996
Fernanda Ribeiro nem sabia o que era atletismo. Era apenas uma miúda que gostava de correr nas brincadeiras com os amigos, na aldeia de Novelas, no concelho de Penafiel.
Mas o pai percebeu que ela podia ter potencial e prometeu dar-lhe umas sapatilhas, uns calções e umas meias para correr. E foi isso que convenceu aquela que viria a tornar-se na atleta portuguesa mais medalhada de sempre. E na quarta campeã olímpica portuguesa.
Fernanda Ribeiro foi mais uma prova de que o talento desportivo pode ser o melhor elevador social. Ela, que só foi profissional de atletismo, nasceu numa família de sete irmãos, filhos de um pintor de automóveis e de uma doméstica, mas conquistou o mundo.
O ponto alto, porém, é aquela medalha de ouro dos 10.000 metros que venceu em Atlanta 1996, com 27 anos, ela que até tinha dado a carreira como terminada meses antes, devido a uma persistente lesão no tendão de Aquiles.
Felizmente para o desporto português, quis correr mais uma vez. E venceu. E depois quis continuar a correr mais vezes, mesmo com dores insuportáveis. E continuou a vencer. Como quando apareceu nos Jogos Olímpicos de Sidney em 2000 – na quarta de cinco participações olímpicas – e foi buscar forças sabe-se lá onde para agarrar a medalha de bronze.
Sempre a lutar contra as dores, Fernanda Ribeiro tornou-se numa colecionadora de medalhas. Entre Jogos Olímpicos (2), Mundiais ao ar livre (3), Europeus ao ar livre (1), Europeus de pista coberta (4), Mundiais de pista coberta (1) e títulos nacionais (22), a menina que começou aos 9 anos a correr em Novelas construiu uma carreira que a eterniza como uma das melhores desportistas portuguesas de sempre.