Descontraído Ben O’Connor desafia rivais ao ataque

VOLTA A ESPANHA Descontraído Ben O’Connor desafia rivais ao ataque

CICLISMO26.08.202418:31

Australiano lidera com quase 4 minutos após primeira semana da Vuelta. Passado o espanto inicial, desfruta da camisola vermelha e diz-se preparado para continuar a defendê-la

Ben O’Connor é a figura da primeira semana da Volta a Espanha 2024, após nove etapas, as três iniciais percorridas em Portugal, num sucesso de popularidade e acolhimento. Líder da classificação geral com importante vantagem de quase quatro minutos (3.53), o australiano que conquistou a camisola vermelha na sexta etapa derrotando nas tórridas serranias andaluzas um pelotão surpreendido e impávido, incrédulo perante a força e a resistência de um homem em fuga há quase 200 quilómetros, deve ser considerado o principal candidato a vencer a competição, no próximo dia 8 em Madrid.

O líder da equipa francesa Decathlon AG2R La Mondiale, de saída no final da temporada para a formação do seu país Jayco-AlUla, terá de provar que é corredor consistente em grandes Voltas - e como as próximas duas semanas continuarão a ser desafiantes -, o substancial avanço, mesmo para voltistas consagrados como Primoz Roglic, três vezes vencedor da Vuelta e uma do Giro, e o estado de espírito desempoeirado com que tem lidado com a pressão (que não se lhe reconhecia) constituem-lhe inegável crédito.

Foi assim, descontraído na posse da La Roja, que Ben O’Connor se apresentou em conferência de imprensa, ontem em Granada, no primeiro dia de descanso da prova. «Para ser sincero, não sinto muita pressão, porque esta liderança é-me inesperada. Nunca pensei que vestiria a camisola vermelha da Volta a Espanha, por isso estou a tentar desfrutar do momento, o melhor possível», começou por afirmar o corredor de 28 anos, já vencedor de etapas nas três grandes Voltas (Giro-Tour e Vuelta).

«Embora esteja, obviamente, um pouco cansado depois de nove dias de corridas intensas, a maioria disputada sob temperaturas quase insuportáveis, estou a sentir-me bem e preparado para enfrentar a segunda semana», assegura O’Connor, que não se reserva a assumir mais-valias face à concorrência. «Na verdade, gosto muito de correr na primeira posição, na dianteira da corrida. Agora cabe a outros corredores movimentarem-se, atacarem, já não a mim», frisou o quarto classificado na última Volta a Itália, em maio, a pouco mais de minuto e meio do pódio (do terceiro, o britânico Geraint Thomas) e a 12.07 minutos do hegemónico Tadej Pogacar.  

O facto de se ter defendido perfeitamente na dura etapa de montanha com final em Granada, no domingo, e de ainda ter aumentado, em quatro segundos, a vantagem na classificação, devido a bonificações pela terceira posição, constitui-lhe aporte de confiança para o muito que aí vem. O apoio da sua equipa, que elogia, reforça-lhe o otimismo.

«Toda a equipa tem estado muitíssimo bem. Ter o Felix Gall ao meu lado é uma grande vantagem porque também é superforte. Corremos sempre bem juntos, por isso estou satisfeito por tê-lo comigo», destacou O’Connor, que explicou, questionado pelos jornalistas, porque é que o austríaco, que era o líder da formação para esta Vuelta, não continuou a ajudá-lo até ao topo de Cazorla (deixou-o a cerca de 500 metros do cume), no final da 8.ª etapa, no sábado, em que o australiano perdeu 46 segundos para Roglic e Enric Mas.

«Ele esperou por mim nessa subida e só avançou nos últimos 600 metros, porque a uma inclinação média de mais de 10%, não teria mudado nada se permanecesse comigo», esclareceu.