ENTREVISTA A BOLA Zicky Té: «Em longevidade, João Matos é o Cristiano Ronaldo do futsal»
Em Alvalade a fome de vencer é constante e o pivô diz que o clube vai voltar a lutar por todos os troféus. A importância do ADN leonino é ressalvada pelo internacional português, que não se coíbe de elevar o capitão ao mais alto patamar. De qualidade e de dedicação. Daí a comparação com o astro CR7, outro dos símbolos do Sporting.
Este arranque de época do Sporting - liderança do Campeonato e apuramento para a Ronda de Elite da Liga dos Campeões - deixa no ar a ideia de que o clube está novamente embalado para os títulos. Concorda?
- Sempre nos sentimos assim. Época após época renovamos os nossos sonhos, as nossas ambições, a nossa vontade de vencer. Queremos sempre ganhar todos os jogos e todos os troféus que disputamos. Independentemente do desaire que tivemos diante do SC Braga, que foi um empate, os nossos objetivos mantêm-se sempre intactos.
- Por falar em títulos, a luta pela Liga parece que será entre o Sporting, o Benfica e o SC Braga. É assim?
- O SC Braga sempre teve boas equipas, é um clube que tem evoluído cada vez mais, a cada ano que passa, e é sempre um adversário bastante difícil de defrontar. Nós temos imenso respeito pelo SC Braga e sabemos as mais-valias deles. A luta pelo título nacional não só entre três clubes, é entre todas as equipas do campeonato. Tudo pode acontecer, dependendo da história de cada jogo.
- O Sporting teve, esta época, algumas saídas importantes, mas o plantel também recebeu reforços. Como foi a integração destes novos elementos e o que podem aportar ao grupo?
- A integração acaba sempre por ser fácil. Aqui, no Sporting, os jogadores vão e vêm, mas o clube e identidade ficam. Nós temos é de jogar pelo Sporting e independentemente de quem esteja temos sempre a obrigação de representar o Sporting da mesma maneira.
- Apesar dessas alterações, o clube mantém um núcleo duro de jogadores que já têm muitos anos de casa e alguns deles provenientes da formação…
- Sem dúvida nenhuma. Quando trabalhamos depois de vitórias e de conquistas, algo que, felizmente, tem acontecido com bastante frequência nos últimos anos, torna o trabalho diário mais positivo. Também é um facto indesmentível que temos vários jogadores que sentem o Sporting de uma maneira diferente, principalmente aqueles que estão há mais tempo no clube, e isso também beneficia aqueles que vão chegando, uma vez que lhes conseguimos incutir esse espírito. No meu caso, estou no Sporting desde os 12 anos, mas há outros jogadores com uma antiguidade tremenda, como o Bernardo e o Tomás Paçó, o Neves, o Diogo [Santos], o [João] Matos, o Pany [Varela], o Pauleta, o Gonçalo [Portugal]. Temos um lote de atletas com muitos anos de casa… O Sporting é isto, os nomes não acabam, o clube mantém os jogadores e a identidade e por isso é que ganhamos muitas vezes.
- Esse tem sido um dos segredos do sucesso dos últimos anos?
- Certamente que sim. Os adversários conhecem a identidade do Sporting, todas as pessoas que acompanham a realidade do futsal português conhecem a identidade do Sporting. E os jogadores que estão nesta casa têm perfeita noção do que é jogar no Sporting e do que é ser do Sporting. Isso está sempre acima de tudo.
- Há um jogador, por razões óbvias relacionadas com a sua carreira, que deve ser especial. Até onde pode ir o João Matos? Será que vai jogar até aos 50 anos?
- [risos]. Se ele jogar até aos 50 anos é muito bom. É um jogador que acrescenta muito à equipa, é um verdadeiro símbolo do futsal do Sporting. É o nosso capitão e se puder jogar até aos 50 anos será ótimo.
- Olhando para essa longevidade e para a forma como se apresenta época após época, podemos dizer que o João Matos é o Cristiano Ronaldo do futsal?
- Essa comparação é um bocado pesada. Mas se olharmos à questão da longevidade, podemos dizer que sim. Ele tem uma preparação fantástica porque trabalha muito para tê-la. Repito que é uma comparação demasiado pesada, devido ao que é o Cristiano Ronaldo, mas dentro dos limites do razoável, diria que podemos comparar, sim [risos].
- E a conquista da Liga dos Campeões? Entra na vossa lista de prioridades a par do campeonato?
- Nós queremos tudo a que temos direito. A identidade do Sporting é vencer e todas as provas em que nós entramos é para vencer. Não estamos em torneios ou em campeonatos só para participar, mas sim para vencê-los.
- O desaire da época passada, na final da Champions, dá-vos ainda mais vontade de vencer o título na temporada em curso?
- A vontade é sempre a mesma. Infelizmente, o ano passado tiraram-nos um título. Fizemos mais golos que o adversário e o resultado foi uma derrota. Não percebo como, mas é o que é. Temos de estar ainda mais preparados este ano para não cometermos os mesmos erros, porque também cometemos erros em jogos em que não podemos cometer. Estamos prontos para a luta pela conquista desse título.