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Sporting-Famalicão, 3-1 Vitória com a marca Gyokeres frente a minhotos bons de bola (crónica)

Famalicão personalizado valorizou muito o triunfo leonino. Campeões nacionais tiveram de aumentar a intensidade no segundo tempo, perante dificuldades que porventura não esperavam

Quem pensava que, na noite chuvosa de sábado, ia a Alvalade assistir à crónica de uma vitória anunciada do Sporting, sem grande história para ser contada, enganou-se redondamente.

Embora não haja nenhuma razão para colocar em causa o triunfo dos leões, a verdade é que a equipa de Rui Borges teve de puxar dos galões na segunda parte para garantir que não deixava fugir os três pontos, perante um adversário que não se impressionou por estar a jogar em casa do campeão nacional, quis ter bola e teve-a com qualidade, e colocou ao Sporting dificuldades de monta.

O autocarro que transportou o Famalicão do Minho a Lisboa ficou estacionado na garagem do estádio José Alvalade, e não em frente à baliza de Carevic, o que permitiu um jogo de boa qualidade, em que só perto do fim os adeptos leoninos se sentiram tranquilos, após o golo de Catamo (88). Até lá, a dúvida, potenciada pela expulsão, inevitável, de Maxi Araujo (80'), pairou sobre o recinto verde e branco.

Viktor Gyokeres

Este Sporting não é só Gyokeres, ninguém, numa modalidade coletiva, ganha seja o que que for sozinho. Mas não deixa de ser o sueco a desbloquear o que parece mais complicado e a revelar-se a estrela da companhia. Assim tem sido quase sempre (desde que esteja em boa condição física), e assim voltou a ser frente ao Famalicão. A capacidade do internacional nórdico se dar ao jogo, quer surgindo em zonas de finalização, quer caindo nas alas, permite aos companheiros uma série de soluções relativamente simples, porque sabem que se meterem a bola no espaço, este será preenchido pelo sueco.

Foi assim no primeiro minuto, quando Gyokeres, na esquerda, lançado por Quenda, ofereceu o golo a Fresneda; e assim voltou a ser no minuto 88: o sueco recebeu na direita de Trincão e assistiu Catamo para o golo da tranquilidade leonina. Pelo meio, ainda teve tempo para marcar dos onze metros (64') e manter uma luta titânica, à vez, com Mihaj e De Haas.

Grande Famalicão

Com a equipa do Sporting mais composta, no que toca às unidades que fazem parte daquele que se idealiza como o onze-base, especialmente com o regresso da dupla Hjulmand-Morita, pensou-se que os leões iam ter uma noite de controlo da partida, ideia que se aprofundou quando, logo a abrir, Fresneda fez o 1-0. Porém, o Famalicão não tinha a mesma ideia e, a pouco e pouco, com um futebol de excelente recorte técnico e enorme dinâmica coletiva, foi pondo à prova a organização leonina, saindo com vantagem de muitas situações, especialmente a meio-campo, ou em mudanças de flanco.

Ao 4x2x3x1 de Rui Borges, que incorporava as nuances já conhecidas de aproximar Trincão de Gyokeres, ou passar a defesa a cinco com o recuo de Maxi Araujo, Hugo Oliveira respondeu levando para Alvalade uma equipa armada em moldes semelhantes, mas com uma plasticidade superior à dos leões, que lhe era dada essencialmente pela posição híbrida de Gustavo Sá, que tanto criava superioridade no miolo, ajudando Topic e Van de Looi na luta contra Morita e Hjulmand, como surgia entre linhas, nas costas de Sejk, desarticulando a organização adversária.

E sempre que era preciso defender com mais unidades, Sorriso baixava para lateral-direito e Rodrigo Pinheiro defendia por dentro, o que permitiu a Carevic uma noite menos trabalhosa do que esperaria. Montado este cenário, quem esperasse que depois de ter marcado no primeiro minuto o Sporting ia ter um jogo de bar aberto cedo percebeu que os três pontos não seriam favas contadas para os leões, que se depararam com um adversário disposto a jogar olhos nos olhos, com a bola à flor da relva e procura constante de linhas de passe.

Esta sensação adensou-se quando os famalicenses, após mais uma infantilidade de Diomande (32'), que fez falta na grande área sobre Sejk, viram Aranda, de penálti, empatar a partida. O Sporting sentiu o golpe, demorou a reagir, e só à beira do intervalo foi capaz de criar perigo, por Maxi Araujo

Prova de vida

Durante o descanso, o que Rui Borges disse aos seus pupilos foi eficaz, porque sem mudar nada na estratégia ou na tática os leões entraram muito mais intensos, sem esperar que os pontos lhes caíssem no regaço, mas indo à procura de justificá-los.

Com o Famalicão a cada minuto que passava a ser obrigado a desfazer o 4x3x3 com que partia para a pressão alta, e a trocá-lo pelo 5x4x1 a que o Sporting estava a obrigá-lo, os campeões nacionais alinharam uma série de três cantos consecutivos aos 50 minutos, viram Quenda falhar por pouco o alvo aos 53' e o mesmo jogador obrigar Carevic a grande defesa para o poste direito da sua baliza (55').

À passagem da hora de jogo, Rui Borges apertou mais o garrote, com Catamo a entrar para a esquerda e Quenda a fazer a direita (saiu Fresneda) e pouco depois Gustavo Sá fez penálti sobre Maxi, que Gyokeres não perdoou (64'). Logo a seguir, aos 68 minutos, Morita esteve muito perto do 3-1, mas cinco minutos depois o técnico leonino tirava o japonês, colocava Quaresma no lugar de Debast e passava o belga para o lado de Hjulmand.

Pouco depois o ex-leão Rochinha entrava para o lugar do desgastado Aranda, prova provada de que os minhotos queriam mais. E essa ambição acentuou-se quando, aos 80 minutos, Maxi Araujo viu vermelho direto por uma entrada muito feia sobre Gustavo Sá (que sairia pouco depois), e Hugo Oliveira juntava Elisor a Sejk, passando a um claro 4x4x2. E até podia ter sido feliz, não fora uma excelente defesa de Rui Silva (grande aquisição) a remate de Sorriso aos 86 minutos, que levava selo de golo.

Aos 88', Gyokeres inventou o passe que Catamo transformou no 3-1 do descanso leonino. Em suma, triunfo justo mas suado, e em muitos momentos sofrido, do Sporting, perante um Famalicão que demandou Alvalade para mostrar que possui uma excelente equipa, e que sobretudo quer jogar futebol.