Villas-Boas: «Temos visto o FC Porto a perder capacidade competitiva»
Villas-Boas (Imago)

Villas-Boas: «Temos visto o FC Porto a perder capacidade competitiva»

NACIONAL15.04.202421:00

Candidato à presidência dos dragões garante que é a hora de mudança

Em entrevista exclusiva à RTP, Villas-Boas voltou a falar sobre Pinto da Costa, reiterando a importância de haver uma mudança imediata na estrutura do FC Porto.

Tem falado na ruína financeira do clube, na falta de competitividade desportiva da equipa, diz que tem de ser agora o momento de mudança, porque é que tem de ser agora, qual é a pressa?

«Não tem a ver com pressa, tem a ver também com a preparação que eu fiz para me preparar ao ato eleitoral para 2024. Como bem sabe, sempre perspetivei uma carreira curta como treinador, estou bem intimamente e emocionalmente vinculado ao FC Porto, como sócio e adepto, e nestes dois últimos anos dediquei-me a preparar esta candidatura de uma forma criteriosa e rigorosa.»

Disse que Pinto da Costa não tem condições para ser presidente mais quatro anos, porquê?

«Repare, o FC Porto encontra-se num momento decisivo da sua estabilidade e sustentabilidade, nós nos últimos 12 anos acumulámos 250 milhões de euros de passivo. Significa que anualmente adicionamos prejuízo às nossas contas. Os modelos de governação do FC Porto têm de ser imediatamente refeitos, reformatados e obedecer a gestão rigorosa e cuidada a disciplina orçamental. Se o presidente continuasse na presidência, tendo também em conta as pessoas a rodeá-lo, podíamos continuar, facilmente, para a ruína financeira. Portanto eu acho que nós já não vamos lá com retoques de maquilhagem das equipas e desculpabilizando-se com a saída de outros administradores que colocaram o FC Porto na situação que está atualmente. Eu acho que todos os líderes devem assumir as suas responsabilidades, tanto nos sucessos como nas derrotas, eu orientei sempre a minha carreira dessa forma como treinador e acho que cada líder da organização também deve ser assim. E as responsabilidades contam também do ponto de vista financeira, de sustentabilidade, de crescimento do clube e foi isso que não temos visto nos últimos anos. Temos visto o FC Porto a perder capacidade competitiva, temos visto também um FC Porto que não se adaptou infraestruturalmente como se adaptaram os seus rivais, temos o FC Porto em défice relativamente às modalidades femininas, nas suas diferentes categorias e vertentes e tudo isso é reflexo de uma gestão que estagnou no tempo, daí que eu acho que o momento seja absolutamente agora.»

Houve uma declaração de Pinto da Costa que surpreendeu há algumas semanas, quando associou algumas arbitragens que prejudicam o FC Porto à sua candidatura, isso é quase colocá-lo com inimigo do clube.

«Sim, são declarações infelizes e muitas têm sido ditas durante esta candidatura e eu acho que o candidato Jorge Nuno Pinto da Costa não achasse que esta candidatura se tornasse tão forte e gerasse tanta onda de entusiasmo como está a gerar. A realidade é essa e isso confrontou-o com uma situação em que ele nunca esteve nestes últimos 42 anos, a realidade é que os sócios se fartaram, querem mudança, exigem mudança, exigem um FC Porto que seja sustentável, que seja lançado para a modernidade, que corresponda aos desejos dos seus associados e isso não está a acontecer.»

Para terminarmos esta parte, ficou incomodado quando ouviu Luís André?

«Não, acho que são brincadeiras. O presidente tem essa ironia bem presente e são brincadeiras suas, não levo a mal, estou completamente focado na minha candidatura e na apresentação do projeto desportivo, financeiro, associativo, social para o FC Porto. Todas as divergências que surgem paralelos a este ato eleitoral, não me causam transtorno nenhum.»

Ficou incomodado quando ouviu um atual dirigente do FC Porto, símbolo também como jogador, Vítor Baía dizer que Antero Henriques era o mentor da sua candidatura e que o vosso objetivo é transformar o FC Porto num entreposto de jogadores?

«Isso são perguntas que tem de fazer ao Vítor Baía, que melhor pode explicar as razões de determinadas coisas. Eu não posso dedicar-me continuamente a desmentir as declarações do outro lado, ainda ontem tivemos mais um episódio infeliz da candidatura de Pinto da Costa ao dizer que era falso que nós não tínhamos recebido a aprovação por parte da agência portuguesa do ambiente, para a nossa construção deste Centro de Alto Rendimento em Gaia, o que facilitamos imediatamente a autorização do mesmo para a comunicação social. Portanto eu não posso passar toda a vida a desmentir barbaridades que são ditas pela outra candidatura. Neste momento estou completamente focado no meu projeto.»