Villas-Boas: «AG de 13 de novembro acordou os portistas para a realidade»
André Villas-Boas e Pereira da Costa em Coimbra

Villas-Boas: «AG de 13 de novembro acordou os portistas para a realidade»

NACIONAL25.03.202423:03

Candidato e CFO Pereira da Costa visitaram esta noite os apoiantes de Coimbra

Prosseguindo o périplo pelo país em campanha para a presidência do FC Porto, André Villas-Boas esteve hoje em Coimbra e abordou alguns assuntos:

Assembleia Geral do dia 13 de abril: «A comunicação do FC Porto desapareceu. Somos sempre os últimos a saber e nunca nos dizem a verdade. O 13 de novembro é triste, mas acordou os portistas para a realidade. Temos de recordar sempre esse dia, porque pode levar o clube para outra via».

Regresso a Coimbra: «Prazer enorme regressar a Coimbra, cidade onde iniciei o meu trajeto como treinador principal. Traz uma nostalgia, ainda fui matar uma 'saudadezinha' à Munich [restaurante marisqueira]. É a minha segunda visita à Casa do FC Porto de Coimbra. No arranque da candidatura quisemos visitar as casas informalmente para recolher informação. Há mês e meio passámos aqui, tocámos à porta, a casa não estava aberta e um senhor da loja em frente veio falar connosco a perguntar o que estávamos ali a fazer. No caminho para baixo, após vermos que a casa estava fechada, ligou-me o meu sobrinho a dizer que uma delegação da Casa de Coimbra estava... na minha sede!».

As modalidades: «Apesar de dignificar a grande obra de Pinto da Costa, a verdade é que as modalidades do FC Porto andam com a casa às costas. Há alguma falta de estruturas».

A razão da Academia em Gaia: «Vamos apresentar no dia 2 a nossa Academia, que se tornou um campo de batalha entre as duas candidaturas. Imagino que já tenham ouvido histórias suficientes entre uma e outra... Achamos que o FC Porto precisa de uma obra mais rápida, menos custosa e de trabalhar em unidade entre futebol profissional e de formação. Não faz sentido um FC Porto dividido em três pólos distintos, em zonas circundantes ao Porto. Daí termos procurado terrenos perto do Olival atual para instalarmos o nosso centro de alto rendimento. Até 27 de abril vamos apresentar novidades sobre a Fundação FC Porto, à parte da direção executiva, da desportiva e da administração executiva».

Sobre a Plataforma SmartFan de venda de bilhetes: «Muitos problemas. Ir abaixo, bonequinho pendente e problemas na recolha de bilhetes. Uma pessoa de Barcelos tem de ir ao Porto recolher o bilhete, não faz sentido e são muitos episódios».

Porto Canal: «No universo dos conteúdos específicos, fazendo a ponte para o Porto Canal, é um canal que pode oferecer outro tipo de conteúdos e não o faz, muitas vezes para proteção das equipas. Quase todo o universo de conteúdos que o Porto Canal oferece sobre a equipa principal pode ser visto nos generalistas. Falta um bocadinho de exclusividade de conteúdos. Um dia no estágio, um dia de pré-época... O Porto Canal representa custo elevado. Estão empregues no FC Porto, através do Porto Multimédia, muitas pessoas. Trazer a debate a sustentabilidade do Porto Canal é sensível. O nosso objetivo inicial é dinamizar conteúdos do Porto Canal e avaliar capacidade de atrair um novo tipo de clientes e espectadores, que possa torná-lo sustentável, que valorize as pessoas que lá trabalham. E há um papel a jogar junto das empresas a Norte. É uma área de intervenção sobre a qual já falei com o José Pedro: melhoria de conteúdos, controlo de custos e expansão».

Pormenor das eleições: «Vocês vão entrar no perímetro do Estádio do Dragão, estarão 44 mesas de voto disponíveis».

Os Dragões de Ouro: «A atribuição do Dragão de Ouro de sócio do ano tem de ser reformulada. Chega de ser uma forma de bajulação a figuras, mas sim para o sócio que sofre e paga as quotas. Que não seja apenas para premiar figuras da sociedade civil, políticas ou da igreja. Há que reformatar esse sentimento e atribuição».

As críticas: «Quando digo alguma coisa sou acusado de traição e mentira».

Centro de Alto Rendimento apresentado em Lisboa: «Se olho para o crescimento do clube e do número de associados, porque é que não hei de apresentar o CAR em Lisboa? Não somos menos portistas por estarmos abaixo da Ponte da Arrábida».

Fair-play financeiro: «O que nos intriga é a recente viagem à Suíça de Fernando Gomes. Pedimos explicações na carta que enviámos à SAD. Esperamos obter respostas sobre esse tema e também sobre a falta de informação sobre comissões, antecipação de receitas através de determinados fundos. Continuamos sem respostas e, enquanto candidato à presidência, sócio e acionista, enderecei a carta ao presidente Pinto da Costa».

Reunir com acionistas: «O meu próximo compromisso é reunir um conjunto de acionistas que acione uma resposta do FC Porto de forma obrigatória. É um tema sensível, perigoso, que está nessa carta. Gostávamos de ter uma resposta. O dr. Fernando Gomes pode deslocar-se à UEFA para ter as reuniões que entender, mas os 'timings' relacionados com o licenciamento em março e a participação do FC Porto nas provas europeias é algo que nos assusta. Aí, aguardamos como vocês. As respostas continuam por ser dadas».

Interesses que rodeiam o FC Porto: "É cada vez mais evidente os interesses que rodeiam o FC Porto. De empresários, a jogadores, a pessoas vinculadas a fundos. Que custos e comissões estão relacionados com o acesso a dinheiro que esses fundos trazem ao FC Porto? Eu e o José Pedro começámos a ter reuniões com a banca internacional. Queremos saber se há conflito de interesses, mas o FC Porto não se sentou. Depois aparecem grandes figuras, grandes vice-presidentes, vistos como portadores de grandes ideias. Isto parece-me relacionado com interesses alheios. Nós chegamos ao FC Porto desprendidos de qualquer interesse. Abandonei a minha carreira de treinador para servir o FC Porto e desvinculá-lo desta teia e rede cada vez mais presente. Essa análise da outra candidatura parece-me refém. Se se contratualizar com o fundo, o mal está feito à partida. Temos uma filosofia diferente»

Adepto pergunta se VillasBoas não acha que colocou em causa a honestidade das eleições: "Viemos de uma Assembleia Geral em que cartões de sócios circularam por não-sócios para terem acesso à AG. Pulseiras de acesso circularam para acessos indevidos, cartões de sócios circularam por não-sócios... Está a recriminar-me por levantar questões relacionadas com uma AG eleitoral? É importante não sermos ingénuos. Há pessoas, filhos, que ainda pagam as quotas dos falecidos pais, para manterem o vínculo sentimental dos pais ao FC Porto. Isto faz parte de uma pessoa que está elegível para exercer o direito de voto. O que me preocupa é que, por exemplo, nos cadernos eleitorais, estivessem pessoas que já tinham falecido e pessoas falecidas com as quotas em dia. Isto preocupa-me atendendo ao que aconteceu na AG de há sete meses. É importante que corra tudo pelo melhor. Estamos em operacionalização com Lourenço Pinto. O que sugeri foi que talvez no futuro pudesse ser uma comissão independente a tomar conta da AG eleitoral. Se os associados me negarem essa ideia, ela morre à nascença. Foi uma sugestão."

PEREIRA DA COSTA: «FOMOS COPIADOS PELA OUTRA CANDIDATURA»

Pereira da Costa, o CFO que acompanhou André Villas-Boas a Coimbra, falou aos portistas sobre o estado atual financeiro do FC Porto e do que se propõe a fazer caso a candidatura da qual faz parte vença as eleições de Abril.

Situação financeira: «Dar algumas notas sobre a situação financeira do clube, que está numa situação bastante preocupante, que caraterizo como limite. Temos um passivo acumulado acima de 500 M€. Estes números revelam uma tendência negativa nestes últimos anos. Pagámos um preço elevado pelos três títulos conquistados. Somos o clube com mais dívida e nos últimos 10 anos não gerámos receitas que cubram os custos. Esta situação obriga a uma intervenção decidida em todas as frentes. É preocupante, mas quero também transmitir uma mensagem de confiança. Sabemos os caminhos que temos de percorrer para a viabilidade financeira. Passam por conseguirmos gerar mais receitas e há áreas em que estamos abaixo do que podemos fazer».

Críticas à candidatura de Pinto da Costa: «Esta candidatura deu o pontapé de saída em algumas medidas concretas, como a redução de custos da administração. Fomos copiados pela outra candidatura nessa medida. Também as despesas de representação e fornecimento de serviços externos, em que gastamos mais do que os rivais. Queremos fazer mais com menos recursos, fazendo poupanças relevantes, que resulte num valor à volta de 20-30 milhões de euros por ano»

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