Uma equipa portuguesa, com certeza
A família do Lusitanos, Foto MIGUEL NUNES/ASF

Uma equipa portuguesa, com certeza

INTERNACIONAL24.02.202409:00

Depois da visita do Benfica, A BOLA apresenta-lhe outra equipa portuguesa que apaixona os emigrantes de Toulouse

Aparecemos à porta da sala onde a equipa, os treinadores e o presidente da Associação Desportiva Franco-Portuguesa Lusitanos estavam reunidos era quase meia noite, véspera do jogo entre Toulouse e Benfica. Mas logo fez lembrar ‘Uma Casa Portuguesa’, na voz de Amália Rodrigues.

‘Numa casa portuguesa fica bem/Pão e vinho sobre a mesa/E se à porta humildemente bate alguém/Senta-se à mesa com gente/Fica bem esta franqueza, fica bem/Que o povo nunca desmente/A alegria da pobreza/Está nesta grande riqueza/De dar, e ficar contente’. Não era vinho, era cerveja, tudo o resto honrava a canção.

Tinha havido jogo, a equipa perdera (0-3), mas o lema destes emigrantes portugueses dos arredores de Toulouse manda comer, beber e conviver no final. Fomos imediatamente recebidos com calor, convidados a sentar, a comer, a beber e a conviver, só depois pudemos trabalhar.

Brincadeira muito séria

Martinho Carneiro é o presidente do Lusitanos, o mentor e o motor de uma equipa no 3.º escalão de uma liga regional, ao jeito do Inatel em Portugal. São cinco escalões.

«Começou em 2015, fundado por um grupo de amigos, decidimos fazer uma equipa para participar num campeonato de futebol de 11, foi-se desenvolvendo, foram aparecendo mais jogadores, aderiram à iniciativa, agora estamos a jogar um campeonato em França, com intenção de ir mais longe e mais alto», explicou, sorrindo, antes de passar a bola a José, o treinador principal.

«Tentamos que corra na perfeição, mas nunca corre na perfeição, mas queremos tentar subir de divisão.» A disciplina existe. «Os jogadores são obrigados a isso, sou um bocado exigente, brincar só fora das quatro linhas», explicou, antes de rematar com uma análise a Roger Schmidt: «Tem feito um bom trabalho, só peca nas substituições.»

Artur, o adjunto, não brinca em serviço: «Somos sempre unidos, gosto de estar no clube, ajudo naquilo que posso, mas a equipa não está assim muito boa, temos de lutar para andar mais para a frente, é aquilo que peço aos jogadores, os resultados não estão muito bons, gosto muito de futebol e ninguém gosta de perder.»

Bom balneário

Miguel Rodrigues tem objetivos bem definidos para a temporada. É o lateral-direito e foi convidado a falar sobre as dificuldades do lugar. «Há e não há, umas vezes é mais fácil, outras mais difícil, mas o mais importante é estar com os amigos no final, beber uns copos e fazer um churrasco», explicou.

Já o guarda-redes Filipe, camisola do Benfica em punho, que até era o ponta de lança da equipa, não estranha o novo lugar: «Não é o trabalho mais difícil, é o trabalho de todos, ajudar. Este ano estou a fazer de guarda-redes, é a primeira vez na vida que o faço, está a correr bem. Tínhamos falta de guarda-redes, o treinador pediu, deixo-me ficar.»

Por fim, Mickael. Pela cumplicidade poderia ser mais um dos jogadores do Lusitanos, mas é treinador da equipa B do Saint-Alban e dá uma ajuda com as instalações. A paixão, todavia, chama-se Benfica: «Fui ver o Benfica-Toulouse ao Estádio da Luz e fui ver o Benfica a San Sebastián na Liga dos Campeões, quando se gosta de um clube temos de segui-lo.»